Lydia Hortelio, renomada filósofa contemporânea, pesquisadora, educadora e pianista, nascida em 1932, em Salvador (BA), dedica boa parte de sua trajetória ao mapeamento, à preservação e à defesa da cultura da criança numa abordagem crítica à desigualdade social e à promoção de uma sociedade mais inclusiva e justa.
Suas ideias ecoam na educação integral do ser, na música e na arte do brincar. Ela defende que uma educação pública de qualidade, integral e politécnica onde se possa incluir arte, esporte e acompanhamento com profissionais da saúde mental, pode resolver um sem número de desordens psicosocioemocionais, colaborando de modo indispensável e inseparável na prevenção à drogadição, ao bullying, aos transtornos mentais e ao suicídio na infância e na adolescência.
De acordo com os pensamentos de Lydia Hortelio, a desigualdade social pode afetar negativamente o desenvolvimento e a saúde integral da criança de várias maneiras. Por exemplo, crianças de famílias economicamente desfavorecidas podem ter acesso limitado a cuidados de saúde adequados, nutrição adequada e ambientes seguros para crescer. Além disso, a desigualdade pode impactar o acesso a uma educação de qualidade, o que pode perpetuar o ciclo da pobreza e limitar as oportunidades futuras das crianças.
Uma escola pública de qualidade, integral e politécnica poderia ajudar a resolver muitos desses problemas, proporcionando um ambiente educacional inclusivo e enriquecedor para todas as crianças, independentemente de sua origem socioeconômica. Essa abordagem educacional abrangente pode oferecer não apenas instrução acadêmica, mas também apoio emocional, social e físico. Além disso, uma ênfase na educação politécnica pode preparar os alunos para uma variedade de carreiras e habilidades práticas, ajudando a quebrar o ciclo da pobreza ao proporcionar oportunidades para o avanço socioeconômico.
Uma educação integral que inclui psicólogos no corpo docente pode proporcionar apoio emocional e intervenção precoce para problemas de saúde mental. Isso cria um ambiente onde os alunos se sentem seguros para expressar suas emoções e buscar ajuda quando necessário. Em teoria, no Brasil a lei 13.935/2019 garante esse direito, mas não é possível afirmar que, na prática, esteja acontecendo.
A presença de programas de arte nas escolas, como canto, dança, música, escrita criativa, artes plásticas, psicodrama e etc, permite que os alunos explorem suas emoções de maneiras saudáveis e construtivas. A expressão criativa através da arte pode servir como uma forma de terapia, ajudando a reduzir o estresse e promover o bem-estar físico, mental, emocional, cognitivo e social
A inclusão de esportes e da ludoterapia regulares nas escolas não apenas promovem um estilo de vida saudável e gratificante, mas também ajuda a reduzir a ansiedade, o estresse e a depressão, promovendo a produção de hormônios responsáveis pela felicidade, o prazer e a calma. O exercício físico regular libera adrenalinas e endorfinas, melhorando o humor, a autoestima, o senso de trabalho em equipe, a autorregulação, além de ensinar a lidar com perdas e frustrações. A prática de atividades físicas, associada ao brincar e às artes, podem prevenir que crianças e adolescentes se envolvam com comportamentos autodestrutivos, como usar drogas ou praticar bullying, automutilação e até o suicídio.
Uma abordagem politécnica da educação não apenas ensina habilidades acadêmicas, mas também habilidades práticas que são relevantes para o mercado de trabalho. Isso pode aumentar a autoestima e o senso de propósito dos alunos, reduzindo os sentimentos de desesperança que podem levar ao abuso de álcool, drogas, violência e ideações suicidas.
Uma escola que valoriza a comunidade e promove a inclusão pode fornecer um senso de pertencimento aos alunos. Isso cria redes de apoio social que são essenciais para a saúde mental e o bem-estar emocional, reduzindo a probabilidade de comportamento suicida e o uso de drogas como uma forma de escapismo.
Em suma: Seria ingenuidade acreditar que apenas uma educação de qualidade é o suficiente para prevenir o envolvimento de crianças e adolescentes com o uso de drogas e com comportamentos autodestruitivos e destrutivos, mas sem ela, com toda certeza, é infinitamente mais difícil.
Nossa intenção com este breve artigo é inquirir a reflexão de que uma educação pública de qualidade, integral e politécnica, com a inclusão de profissionais de saúde mental, programas de arte e esportes, pode desempenhar um papel significativo na prevenção do uso de drogas, dos transtornos mentais e do comportamento suicida entre crianças e jovens, refletindo os ideais defendidos por Lydia Hortelio.
Entretanto, as perguntas que não querem se calar são as seguintes: a quem interessa a precariedade da educação pública? Se o modelo de educação proposto no artigo é um direito garantido por lei, por que ele não se cumpre?
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