A desobediência pode ser uma característica comum entre crianças e pré-adolescentes, mas quando a atitude de teimosia é excessiva é preciso estar atento a um possível Transtorno de Oposição Desafiante (TOD). Assim como outras patologias, é importante que os pais busquem diagnosticar este transtorno o quanto antes para evitar que ele traga complicações e prejudique a vida social e o desenvolvimento intelectual da criança. Confira o que é o TOD, quais sãos os seus sintomas e como diferenciá-lo de outros transtornos e de comportamentos comuns da infância:
O Transtorno de Oposição Desafiante é caracterizado por uma atitude reiterada de teimosia, postura desafiadora e comportamento hostil. Este é um quadro que pode afetar crianças e pré-adolescentes, geralmente em idade escolar. Ainda não existem causas genéticas comprovadas que possam levar ao desenvolvimento do TOD, mas sabe-se que o ambiente em que a criança convive pode estimular o comportamento difícil.
Observar o comportamento da criança e procurar tratamento adequado para o problema são atitudes importantes para evitar a evolução do transtorno e para garantir que a criança tenha uma infância saudável.
Apresentar um comportamento desobediente, de vez em quando, não é incomum entre crianças e adolescentes. Ser teimoso, aletoriamente, ou demonstrar raiva por determinada situação também não. O problema é quando estas são atitudes constantes. Confira algumas atitudes que ajudam a identificar o TOD:
Em entrevista ao site do doutor Drauzio Varella, a neurologista pediátrica, Letícia Sampaio (capa), membro da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil, diz que o comportamento opositor e desafiador é comum em crianças em determinados estágios do desenvolvimento, como na adolescência, e em algumas situações estressantes, como conflitos familiares ou dificuldades escolares; ele também pode ser causado por outros fatores, como transtornos de ansiedade, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou transtorno de conduta.
“No entanto, o TOD é caracterizado por um padrão persistente de comportamento desafiador, que é mais severo, frequente e duradouro do que o comportamento observado na maioria das crianças na mesma faixa etária. O diagnóstico é baseado em uma avaliação cuidadosa da história do comportamento da criança, que inclui informações sobre a duração e gravidade do comportamento desafiador, bem como as circunstâncias em que ocorre”, esclarece.
A doutora Letícia fez a seguinte listagem sobre as principais características do Transtorno Opositor Desafiador. Confira:
A especialista destaca que essas características não necessariamente indicam que uma criança tem transtorno opositor desafiador. Ou seja, trata-se de um diagnóstico difícil. “Diferenciar [o TOD] de comportamentos comuns da infância, como birras e desafios ao autoritarismo, pode ser difícil, pois esses comportamentos podem ser observados em muitas crianças em algum momento durante o desenvolvimento”, explica.
Por isso, para conseguir fazer essa diferenciação é fundamental levar em conta alguns critérios:
Pode ser complicado lidar com a criança durante as situações desafiadoras, e a especialista recomenda algumas estratégias nesse sentido. Primeiro, é preciso estabelecer limites claros e consistentes para a criança, explicando as regras de maneira objetiva. Também é importante reconhecer e elogiar quando ela tem um comportamento positivo. “Isso ajuda a reforçar o comportamento desejado e pode incentivar a criança a continuar com esse comportamento”, afirma.
Outro ponto é evitar confrontos desnecessários com a criança. Embora seja difícil, é importante tentar manter a calma e usar uma abordagem tranquila para resolver as situações. Além disso, ensine a ela habilidades de resolução de problemas e comunicação eficaz, pois isso pode ajudar a amenizar o comportamento desafiador e promover a cooperação.
Por fim, não deixe de buscar ajuda profissional especializada. Se o comportamento da criança é persistente e afeta o seu dia a dia e da família, é importante procurar atendimento. E procure manter uma atitude positiva em relação à criança. “Lembre-se de que o TOD é um transtorno e que a criança não está escolhendo agir dessa forma. Fique calmo e ofereça apoio e incentivo à criança enquanto ela aprende a lidar com suas emoções e comportamentos desafiadores”, destaca a dra. Letícia.
O diagnóstico do transtorno é feito por um neurologista infantil, psiquiatra ou psicólogo clínico, após avaliação completa da criança. Segundo a especialista, essa avaliação pode incluir entrevistas com a criança, pais e professores, e a observação do comportamento dela em diferentes situações. O profissional também pode solicitar testes psicológicos e de comportamento para ajudar a avaliar o funcionamento geral da criança.
“Para diagnosticar o TOD, avaliamos a presença de sintomas específicos, como desafio à autoridade, comportamento de oposição persistente e frequente, comportamento vingativo e irritabilidade. Esses comportamentos devem estar presentes por pelo menos seis meses e devem afetar negativamente o funcionamento da criança em casa, na escola ou em outros ambientes”, esclarece ela.
O tratamento pode combinar terapia comportamental, terapia familiar e/ou medicação. “A terapia comportamental pode ajudar a criança a desenvolver habilidades para lidar com seus comportamentos desafiadores e melhorar a comunicação e resolução de problemas. A terapia familiar pode ajudar a melhorar o funcionamento familiar e a comunicação entre a criança e seus pais ou responsáveis. Os medicamentos podem ser prescritos para ajudar a controlar os sintomas de impulsividade, agressividade e irritabilidade”.
Outro ponto importante é que os pais e responsáveis podem se beneficiar de educação e treinamento para lidar com o comportamento desafiador dos filhos, buscando melhorar a comunicação e o ambiente familiar. As escolas também podem ser um apoio adicional, com aconselhamento, planos de intervenção comportamental individualizados e serviços de apoio acadêmico. “O tratamento do TOD é geralmente eficaz, mas pode levar tempo e esforço. O envolvimento dos pais e responsáveis é fundamental para o sucesso do tratamento”, completa a médica.
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