O contato com a grande maioria das lagartas provoca dor, queimação, inchaço e vermelhidão no local atingido. Porém, o acidente com a Lonomia pode causar uma síndrome hemorrágica, com sangramento na gengiva e na urina, até complicações graves como a insuficiência renal aguda e na falta de um tratamento correto, pode ser fatal em pessoas mais vulneráveis.
Uma das razões para o aumento da população da taturana do gênero Lonomia é a extinção de um ou mais de seus predadores naturais. O principal deles é uma mosca da família Tachinidae. Ela deposita cinco ou seis ovos. Outro predador é o vírus loobMNPV, nocivo apenas para a Lonomia obliqua. Entre os motivos de extinção dos predadores estariam o desmatamento e o uso de agrotóxicos nas plantações. “Para reduzir acidentes o melhor é a conscientização. Conhecer a lagarta e saber como evitá-la”, alerta o pesquisador Roberto Henrique Pinto Moraes
Atualmente, o tratamento disponível para reverter os efeitos do envenenamento é a utilização do soro antilonômico produzido pelo Instituto Butantan desde 1994, único produtor do medicamento no mundo. O soro é obtido a partir do próprio veneno da Lonomia, em um processo no qual animais são imunizados com antígenos específicos e preparados com a toxina da lagarta.
“Existe uma cadeia de participação para a produção do soro que envolve a população, órgãos de saúde e o Instituto Butantan. Tudo isso para viabilizar o soro”, explica Fan Hui Wen, gestora de projetos do Núcleo Estratégico de Venenos e Antivenenos do Butantan.
“Na medida em que divulgamos a existência dessas lagartas consequentemente se estabelecem ações de prevenção”, explica a médica do Butantan.
A Lonomia é um inseto em fase larval que possui quatro estágios de desenvolvimento – ovo, lagarta, pupa e mariposa – frequentemente encontrada nos períodos de calor e chuva em troncos de árvores, camufladas e agrupadas em colônias. Somente na fase de larval a lagarta possui cerdas “espinhudas” que contêm um veneno que, em contato com a pele, causa “queimaduras”, dor local e sangramentos. Os acidentes com Lonomia nem sempre causam envenenamento e a gravidade do caso depende da quantidade de lagartas que a pessoa tocou e o quanto de veneno foi inoculado a partir do contato, se foi um contato leve ou se houve pressão sobre as cerdas.
O encontro desta lagarta com o homem se deve provavelmente ao desmatamento. E é facilitado pela existência de moradias próximas à ilhas de matas, inclusive as urbanas.
Os motivos da expansão populacional da taturana Lonomia obliqua foram identificados pelo pesquisador Roberto Henrique Pinto Moraes já em 2002. “O desmatamento é o responsável pelo aumento populacional da taturana; o número de acidentes é consequência”, afirmou Moraes, em reportagem divulgada pela Universidade de São Paulo (USP) em 2003.
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