Psicologia e Comportamento

Quando já é tarde demais, a gente sente uma sensação terrível

O silêncio será a melhor pedida em muitos momentos de nossas vidas, principalmente quando estivermos nervosos e contrariados, ou quando estivermos sendo importunados por gente sem importância. No entanto, deixar de dizer o que deveria ter sido dito em alto e bom tom, a quem nos ama de verdade, pode nos trazer arrependimentos futuros, quando o outro não estiver mais ali ao lado.

O tempo não para, a vida corre e escapa aos nossos planos, às nossas certezas, trazendo imprevistos que desarranjam tudo aquilo que planejamos, plantando incertezas em nossos jardins, tornando-nos suscetíveis a quebras de expectativas constantes. Nada é certo nessa nossa jornada, ninguém nem nada serão para sempre. Um de repente inesperado pode mudar do avesso nossas vidas, assim, sem mais nem por quê.

Quando, então, a gente se vê sem aquela pessoa que tanto amamos ao nosso lado, tem que lidar com essa ausência, que dói, que machuca, que bagunça toda a carga emocional aqui dentro. O que em muito nos ajudará a prosseguir com esse vazio serão as lembranças de tudo o que compartilhamos com quem se foi, pois o amor é o que fica, quando tudo o mais se vai.

Por isso é que não podemos silenciar o amor que sentimos, a gratidão que nos invade, a felicidade que nos preenche, porque regar sentimentos é uma necessidade diária, para que mantenhamos sempre por perto quem nos é especial. Tudo o que calamos, tudo o que não dizemos, vai se tornando adeus, vai afastando quem não recebe de volta a verdade que traz junto de nós. As pessoas se cansam de terrenos áridos e tomam a iniciativa de sair dali. E a gente fica sozinho, remoendo tudo o que deveria ter sido dito e feito e demonstrado.

Uma das piores sensações que existem é perceber que já é tarde demais, porque o que não tem volta nunca mais será mudado. Tudo o que deixamos de dizer vai se tornando adeus. Expressarmos o que sentimos, deixando bem claro às pessoas queridas o quanto elas são importantes em nossa vida, o quanto somos gratos, fará um bem enorme, tanto para nós quanto para quem receber o nosso carinho explícito. É assim que a gente consegue sobreviver às perdas e aos rompimentos dessa vida. É assim que os adeuses se transformam em doces e esperançosos “até breve”.

Marcel Camargo

Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.

Recent Posts

Negro ou Preto? É preto – Por Nabby Clifford

Neste 20 de novembro de 2024 é a primeira vez em que esta dada é…

12 horas ago

O dia 20 de novembro e o mito da democracia racial no Brasil

Qual é o lugar que a população negra ocupa no Brasil de hoje depois de…

12 horas ago

“Não é a raça que produz o racismo, é o racismo que separa os seres em raças” – Mia Couto

Geneticamente falando, a cor da pele difere entre clara, escura, muito clara, muito escura. Enfim,…

1 dia ago

A remissão da fibromialgia pode estar relacionada ao que você come

A fibromialgia é uma síndrome crônica caracterizada por dor musculoesquelética generalizada, fadiga, sono não reparador…

2 dias ago

“Decidi envelhecer com dignidade, humor e serenidade” – Julia Roberts

Julia Roberts, atriz, ganhadora de um Oscar e três Globos de Ouro, em uma entrevista…

5 dias ago

A Força de Ser: O Legado de Audre Lorde na Luta pela Equidade e Autonomia das Mulheres

A luta das mulheres por equidade de direitos é uma constante na história mundial, refletindo…

6 dias ago