Seja qual for o momento que estiver vivenciando, não é bom para a saúde mental esperar o dia, a vida, a dor, o sofrimento, a rotina…. passarem, apenas esperando. É mais saudável física, mental e emocionalmente, “esperar passar”, vivendo da melhor maneira possível. Não apenas por nós mesmos, mas também por aqueles que convivem conosco: desde os mais íntimos, até os aqueles do universo virtual.
Pensando nisso, eu mesma, enquanto psicanalista e objeto dos meus próprios estudos, adotei a postura de me obrigar, a praticar essas 6 coisas diariamente, seja nos dias úteis, finais de semana ou feriado ao menos por alguns minutinhos. São elas: trabalhar, se exercitar, se divertir, fazer uma atividade artística, descansar e ajudar alguém. Não necessariamente nessa ordem. Você pode alternar como preferir, mas tente fazer todas elas ao longo do dia.
Todos os dias se obrigue a fazer estas 6 coisas, sem ignorar nenhuma delas, nem que seja por alguns minutos. Saiba quais são os benefícios de cada uma delas.
Um pouco de exaustão física e água, eis duas coisas extremamente importantes para as saúdes física e mental: a exaustão vinda da corrida, da dança, da natação, da musculação, ou de outra atividade física ativa a produção de hormônios muito positivos à saúde de modo integral: seu intestino funcionará melhor, você dormirá melhor, você acordará feliz mesmo que não tenha tido surpresas felizes. Faça alguma coisa, mesmo que seja em casa com aqueles vídeos aulas do Youtube. Mesmo nos dias de descanso não despreze a atividade física, nem que seja alguns segundos de respiração, de caminhada tranquila, de contemplação do belo. isso fará você se sentir viva e cheia de energia para tudo mais,
Cante, dance, pinte, escreva, brinque de karaokê, declame uma poesia, cole um quadro na parede, faça um origami, mude os móveis de lugar, crie um arranjo, aprenda uma frase em outra língua, experimente uma nova receita, costure, faça uma maquiagem… Qualquer coisa que possa lhe estimular espasmos cognitivos. Lembre-se, você não precisa ser uma profissional para fazer o que ama, só faça e se sentirá capaz.
Não importa o dia, se útil, feriado ou férias, o trabalho é uma adição, é soma preciosa à nossa qualidade de vida. Entenda por trabalho não apenas aquele que você desenvolve para ganhar dinheiro para o sustento. Trabalho, neste prisma, pode ser algo que você realiza por no mínimo meia hora, como se obrigar à fazer atividades físicas e/ou artísticas; se obrigar a estudar ou ler um livro daquela lista que você fez e nunca concluiu; se obrigar a aprender que seja uma frase em outro idioma, nem que seja pelo Google tradutor; organizar as próprias gavetas; consertar a torneira; pintar as paredes; reciclar; plantar; decorar; aprender uma nova técnica; conhecer novas ferramentas e muito mais. Use a imaginação.
Ainda que seja por 5, 10 ou 15 minutos, sente-se, respire, feche os olhos, contemple uma paisagem, ouça uma música que acalme: sons da natureza ou instrumental. Ou nada disso, apenas durma aquele soninho lindo da beleza.
Não importa o quão atribulado é o seu dia, se obrigue a tirar uns minutos para se divertir. Seja assistindo uma série; dançando; cantando; batendo um papo descontraído com alguém que goste; vendo vídeos de gatinhos, cachorrinhos, crianças ou outros que lhe faça dar gargalhadas. É comprovado terapeuticamente que rir muito durante o dia, nos ajuda a dormir melhor a noite. Pois a gente não sorri porque é feliz. A gente é feliz porque sorri.
Muitos estudos mostram que a nossa percepção do próprio sofrimento se transforma a medida que tentamos amenizá-lo, ajudando alguém. Solidariedade não é oferecer aquilo que lhe sobra, mas aquilo que também lhe faz falta. Por isso, benevolência e paciência com o outro também são solidariedade. Escutar o outro é solidariedade; dar uma palavra de afeto é solidariedade; dar apoio emocional é solidariedade; fazer uma ligação para saber como a pessoa está, é solidariedade. Não deixe seu dia terminar antes de ouvir ao menos um ‘muito obrigado’.
Tente! No começo será difícil, mas depois será uma rotina bem natural.
Texto de Clara Dawn, escritora, neuropsicopedagoga, psicanalista, pesquisadora, palestrante. Especialista em prevenção à drogadição, aos transtornos mentais e ao suicídio na infância e na adolescência.
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