Robert Maudsley é considerado o serial killer mais perigoso da Grã-Bretanha e bateu um recorde mundial ao passar mais de 16.500 dias (mais de 44 anos) consecutivos em isolamento por seus crimes. Agora, segundo noticiado pelo jornal britânico “The Mirror”, Robert permanecerá isolado em uma cela subterrânea até morrer. Ele está na solitária desde 1979 após ter assassinado três pessoas dentro do presídio. Seus crimes inspiraram a criação do personagem Dr. Hannibal Lecter, interpretado por Anthony Hopkins, no longa o ‘Silêncio dos Inocentes’.
Robert nasceu em 26 de junho de 1953 em Liverpool, Reino Unido. Robert e seus dois irmãos mais velhos Kevin e Paul e a irmã Brenda, foram colocados sob os cuidados de Nazareth House em Crosby, Liverpool quando os seus pais foram considerados incapazes de lidar. As crianças passaram nove anos no centro administrado pela Igreja Católica Romana, sendo cuidadas por freiras.
Foi então que seus pais vieram para leva-los para casa, onde Robert foi submetido há anos de violências físicas e psicológicas. Aos 16 anos, ele fugiu de casa e, além de todo sofrimento vivido até então, acabou se envolvendo com drogas e financiou seu vício trabalhando como garoto de programa. Um de seus clientes, John Farrell, foi o primeiro homem que ele assassinou, em 1974.
Amigos e familiares sempre descreveram Robert como gentil e inteligente, cujo QI é de nível genial, dizem que ele ama poesia, arte e música clássica. Sobre a sua infância, Robert disse: “Tudo o que me lembro da minha infância são as surras. Uma vez fiquei seis meses trancado num quarto e meu pai só abria a porta para entrar e me bater, quatro ou seis vezes por dia”.
Robert passou um tempo em unidades psiquiátricas e disse à equipe do hospital que ouvia vozes ordenando que ele matasse seus pais. Foi então que, numa noite, enquanto trabalhava como garoto de programa, foi contratado por John Farrell. Robert contou que Farrell lhe mostrou fotos das crianças que ele havia abusado, então ele o estrangulou, esfaqueou e esmagou sua cabeça com um martelo.
Em seu julgamento por assassinato em 1979, o tribunal foi informado de que, durante suas fúrias violentas, Maudsley acreditava que suas vítimas eram seus pais. Os assassinatos, de acordo com seus advogados, foram resultado de agressões reprimidas de uma infância repleta de abusos incessantes.
Robert disse: “Quando eu mato, acho que tenho meus pais em mente. Se eu tivesse matado meus pais em 1970, nenhuma dessas pessoas precisaria ter morrido. Se eu os tivesse matado, estaria andando por aí como um homem livre sem nenhuma preocupação no mundo”.
Talvez você possa dizer que a maioria das pessoas que sofreram todo tipo de violência na infância, não se torna assassina. E realmente seria ingenuidade acreditar que só uma educação pautada na pedagogia do amor, dentro de um ambiente familiar saudável, seria o bastante para evitar que pessoas cometam atrocidades, mas, sem dúvida alguma, é a ausência dela que faz o caminho da recuperação se tornar impossível.
A história de Robert é a prova literal e verossímil de um “monstro de Frankenstein” , desenvolvido a partir do estigma social; da propagação do bullying através da mídia e do cinema; da omissão do Estado para com o sofrimento psíquicos das crianças e dos adolescentes; da falta de fomento em prevenção à drogadição e aos transtornos mentais; da aceitação e compreensão dos malefícios causados por um ambiente familiar abusivo e da escancarada covardia do poder público com a doença mental desde a infância até a vida adulta.
Robert foi preso aos 21 anos depois de ser considerado culpado pelo assassinato do molestador de crianças, John Farrell de 30 anos, em 1974. Nos anos seguintes, ele ainda matou outras três pessoas enquanto estava preso – duas na prisão e uma em um hospital psiquiátrico. Na prisão, em 1977, com apenas 24 anos, Robert e David Cheeseman, seu parceiro de cela, arrastaram David Francis, um pedófilo condenado para um quarto em sua ala.
A dupla manteve Francis como refém, barricou a porta e o amarrou com um cabo flexível de um toca-discos. Nas nove horas seguintes, Robert e David Cheeseman torturaram Francis antes de estrangulá-lo.
Geoffrey Wansell, escrevendo em seu livro Pure Evil, explicou o que aconteceu a seguir: “Eles seguraram o corpo no alto para que a equipe pudesse vê-lo pelo olho mágico da porta. De acordo com a lenda, o corpo de Francis foi encontrado com a cabeça ‘quebrada como um ovo cozido’ e com uma colher pendurada para fora dela. Na realidade, Robert não comeu nenhuma parte do cérebro de sua vítima”.
Um oficial da prisão que trabalhou com Geoffey explicou que Robert havia, de fato, feito uma arma improvisada, partindo uma colher de plástico ao meio para criar um objeto pontiagudo.
“Ele então matou o companheiro de prisão, penetrando seu cérebro com o objeto pontiagudo através do ouvido. Inevitavelmente a lâmina de plástico da colher estava coberta de sangue coagulado, que supostamente era do ‘cérebro’ e veio daí a fama de devorador de cérebros”.
Robert foi condenado por homicídio culposo e enviado para a prisão de Wakefield após um julgamento. Entende-se que o relatório da autópsia da vítima refutou os rumores de comer cérebro, mas os apelidos que surgiram mais tarde: “o canibal” e o “devorador de cérebros”, perduram até os dias de hoje e ganharam força com a repercussão midiática e o cinema.
Robert foi condenado pelos assassinatos e sentenciado à prisão perpétua em Wakefield. No entanto, não foi quando ele recebeu a condenação de ficar na solitária para sempre. Foi o secretário de Estado e líder do Partido Conservador, Michael Howard, quem mais tarde decidiu que Robert nunca será libertado.
Em junho de 2023, Robert completou 70 anos atrás das grades. Ele passa 23 horas por dia em sua cela, e tem 1 hora diária para realizar exercícios. Ele habita uma cela de aproximadamente 20 metros quadrados, protegida com vidro à prova de balas. A cela foi construída especialmente para Maudsley em 1983, na Prisão de Wakefield. Ele usa uma laje de concreto como cama.
Maudsley é considerado tão perigoso que não tem mais permissão para se associar com outros prisioneiros ou mesmo guardas, e passa todo o seu tempo sozinho em uma caixa de vidro nas profundezas da prisão. Ele nunca mais será um homem livre e, em vez disso, permanecerá no minúsculo quarto transparente que tem sido a sua casa por décadas.
A cela tem uma mesa e uma cadeira, feitas de papelão compactado. O lavatório e a pia também são parafusados ao chão. Há uma pequena fenda por onde se passa a comida. O recorde anterior de tempo vivido em uma prisão solitária pertencia ao americano Albert Woodfox, que viveu 43 anos em isolamento antes de ser solto em 2016.
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