Às vezes, as pessoas que são incapazes de controlar seus medos, vazios, inseguranças e frustrações sentem uma necessidade imperiosa de controlar os outros. Elas tentam impor seus pontos de vista e decisões sobre os outros, forçando-os a se conformar com seus desejos e satisfazer suas necessidades. Esse comportamento as leva a estabelecer relações dominantes nas quais acabam sufocando os outros, roubando-lhes o oxigênio psicológico essencial para viver.
Geralmente são pessoas que precisam se afirmar por meio dos relacionamentos que estabelecem. Ao controlar os outros, elas constroem uma imagem mais poderosa de si mesmas e desenvolvem uma percepção de autoeficácia que não podem alcançar por meio do autocontrole. Isso significa que, no fundo, são pessoas inseguras, com baixa autoestima e sérias dificuldades para administrar de forma assertiva seu mundo emocional.
Na verdade, essa tentativa quase obsessiva de controle sobre os outros revela uma necessidade profunda de ser “nutrido” e um medo profundo de abandono.
Suas demandas costumam revelar essa contradição, mostrando que projetam nos outros seus próprios defeitos. Elas podem nos dizer, por exemplo, que precisamos fazer dieta quando são obesas ou que desperdiçamos dinheiro quando na verdade são elas que não administram bem suas finanças. Um colega de trabalho pode nos acusar de não sermos eficientes quando é ele quem está perdendo tempo e um parceiro pode reclamar que estamos controlando quando, na verdade, é o contrário.
Os controladores também têm dificuldade em lidar com a incerteza, não toleram imprevistos nem a insegurança da vida. Na falta de modular suas respostas emocionais às incertezas e adversidades, eles tentam controlar aqueles ao seu redor, em uma tentativa vã de encontrar a segurança de que precisam. Na prática, eles mudam seu locus de controle de dentro para fora.
Psicólogos das universidades de Wurzburg e Basel descobriram que pessoas com pouco autocontrole tendem a adotar atitudes extremas, do tipo “tudo ou nada”. Isso significa que essas pessoas reagem mais impulsivamente e não lidam bem com os termos intermediários, de forma que sua necessidade de controle não permite latências ou desculpas. Essas pessoas vão nos colocar continuamente contra uma rocha e um lugar difícil: ou estamos a seu favor e cedemos às suas demandas ou estamos contra eles se decidirmos defender nossa liberdade.
Essa incapacidade de ver os termos intermediários e entender que precisamos do nosso espaço de vida, sem significar que os amamos ou os valorizamos menos, é o que geralmente puxa a corda do relacionamento. Pessoas que sentem uma necessidade urgente de controlar nos empurrarão continuamente até o limite, obrigando-nos a renunciar a muitos de nossos interesses ou adiar nossas necessidades em sinal de amor e / ou compromisso.
Com isso, esse tipo de pessoa vai exigir de tudo: tempo, apoio emocional, lealdade, dedicação e, claro, obediência cega, a ponto de aniquilar o nosso “eu”.
Pessoas com pouco autocontrole precisam entender que controlar os outros não vai melhorar sua situação porque o problema não está fora, mas dentro. Dominar as pessoas apenas restringe sua liberdade e, no longo prazo, cria atritos nos relacionamentos que aumenta as chances de acabarem.
Portanto, eles precisam se apropriar das ferramentas psicológicas que lhes permitem desenvolver a autoeficácia. Um bom ponto de partida é tentar ser menos egocêntrico.
Um experimento conduzido na Universidade de Stanford revelou que o autocontrole depende, entre outros fatores, de nossa capacidade de ver as coisas da perspectiva de outra pessoa. Esses psicólogos descobriram que imaginar como nossos eus futuros reagiriam melhora o autocontrole, aumentando nossa capacidade de adiar a gratificação aqui e agora para um momento posterior.
Portanto, quando sentir necessidade de controlar os outros, pare por um segundo e pergunte a si mesmo o que é que você precisa gerenciar dentro de si mesmo. Coloque ordem dentro.
Texto de Jennifer Delgado, via Rincón de la Psicología, traduzido por Portal Raízes
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