A escritora e psicoterapeuta escocesa, Amy Morin, em seus livro “Hino de batalha da mãe tigre” (Battle Hymn of the Tiger Mother) esclarece que os pais helicópteros são conhecidos por acompanhar de perto cada movimento de seus filhos, cercando-os excessivamente de cuidados; os pais cortadores de grama são aqueles que se consideram no direito social de preparar o caminho que seus filhos deverão trilhar; e os chamados ‘pais tigres’ (ou uma ‘mãe tigre’ especificamente), exigem resultados inabaláveis de elevados padrões no comportamento de seus filhos.
Mas esses termos não são elogios. Infelizmente os pais helicópteros, tigres e cortadores de grama são, em termos gerais, pessoas adultas que exercem um tipo de “paternidade excessiva”. Isso significa que os pais se envolvem na vida da criança de uma forma que supercontrola, superprotege e superaperfeiçoa, assumindo, de uma maneira que excede a paternidade responsável, a responsabilidade por suas experiências e, especificamente, por seus sucessos ou fracassos.
A paternidade excessiva pode se desenvolver por vários motivos, mas existem alguns gatilhos comuns. Dentre eles destacamos:
Sobrecompensação: Adultos que não se sentiram amados, negligenciados ou ignorados quando crianças podem compensar demais com seus filhos. A atenção e o monitoramento excessivos às vezes tentam remediar a deficiência dos pais em sua educação.
Medo da rejeição dos filhos: “Se eu não me envolver completamente na educação dos meu filhos, eles não vão me respeitar”
Mau gerenciamento das próprias emoções: os pais podem se sentir muito ansiosos por não saberem lidar com determinada situação e dessa maneira tentam assumir o controle de tudo, impedindo os filhos de experimentarem o tédio, a frustração, que sejam feridos ou desapontados.
Influência externa: Às vezes, quando observamos outros pais exagerando nos cuidados, isso nos pressiona a fazer o mesmo. Podemos facilmente sentir que, se não mergulharmos na vida de nossos filhos, seremos pais ruins. A culpa é um grande componente nessa dinâmica.
Muitos pais começam a praticar a paternidade excessiva com boas intenções. Este é um equilíbrio complicado de encontrar: estar envolvido com a vida dos filhos, mas não tão integrado ao ponto de perder a perspectiva do que eles precisam para serem pessoas autônomas e saudáveis emocionalmente.
A paternidade engajada traz muitos benefícios para a criança, como sentimentos de amor e aceitação, maior autoconfiança e oportunidades de crescimento. No entanto, o problema é que, uma vez que a criação dos filhos passa a ser governada pelo medo e pelas decisões baseadas no que pode acontecer, é difícil ter em mente todas as coisas que as crianças aprendem quando não estamos orientando cada etapa. Os erros, o tédio, as frustrações ensinam novas habilidades às crianças e, mais importante, ensinam que elas podem lidar e vencê-las.
Um estudo de 2018 em Psicologia do Desenvolvimento, descobriu que pais excessivamente controladores podem prejudicar a capacidade de seus filhos de regular emoções e comportamento. Outros estudos descobriram que as crianças que tiveram a paternidade excessiva tinham um senso inflado de identidade e impulsividade. Dentre as consequências da paternidade excessiva destacamos também:
Diminuição da confiança e autoestima: A mensagem subjacente que o superenvolvimento dos pais, envia às crianças é: ‘meus pais não confiam em mim para fazer isso sozinho’. Essa mensagem, inconscientemente, levará à falta de confiança sempre que a pessoa se ver diante de um novo desafio.
As habilidades de enfrentamento não serão desenvolvidas: Se os pais estão sempre lá para limpar a bagunça de uma criança – ou prevenir o problema em primeiro lugar – como a criança aprenderá a lidar com o desapontamento, a perda ou o fracasso? Como resultado, a paternidade excessiva poderá levar a criança a comportamentos desadaptativos.
Poderá estar sempre à beira de crises de ansiedade: Um estudo de 2014 publicado no Journal of Child and Family Studies, descobriu que a paternidade excessiva está associada a níveis mais altos de ansiedade e depressão infantil. Os pesquisadores descobriram que o mesmo era verdade para estudantes universitários cujos pais estavam excessivamente envolvidos.
Falta de senso de equidade: Crianças que sempre tiveram suas vidas sociais, acadêmicas e atléticas ajustadas pelos pais poderão não desenvolver o senso de equidade, ou seja, poderão ser injustas e/ou intolerantes quanto os erros e os direitos de outras pessoas.
Habilidades autônomas não desenvolvidas: Os pais que sempre amarram os sapatos, limpam os pratos, embalam o almoço, lavam as roupas e monitoram o progresso escolar, mesmo depois que as crianças são mental e fisicamente, impedem que elas conquistem sua própria autonomia e modo de ser no mundo.
Como os pais podem cuidar de seus filhos sem inibir sua capacidade de aprender habilidades essenciais para a vida? Em termos práticos, isso significa deixar as crianças lutarem, permitir que se decepcionem e ajudá-las a superar o fracasso. Também significa deixar seus filhos fazerem as tarefas das quais são física e mentalmente capazes.
Tudo bem não dar conta sozinho. Não existem pais perfeitos. Mas existem pais que buscam ajuda e informações. Pois não faltam livros e artigos de “como fazer” sobre a paternidade. A psicoterapeuta Amy Morin, também é autora do livro: 13 coisas que as pessoas mentalmente fortes não fazem. Nele, a autora argumenta que se queremos filhos mentalmente fortes, precisamos primeiro olhar para nossos próprios comportamentos prejudiciais. Fizemos um resumão de 3 ótimas lições que Amy ensina para os pais. Confira:
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