“Cuidem dos idosos”. Foi com bastante ênfase que Luiz Henrique Mandetta, Ministro da Saúde, repetiu diversas vezes essa frase em 17 de março, quando foi anunciada a primeira morte por coronavírus no Brasil. Ele também falou sobre a importância de proteger “pai, mãe, avó, tia-avó”.
Desde então, existe a recomendação de se manter os idosos em isolamento social. Com isso, as instituições de longa permanência para idosos (ILPIs) suspenderam a visitação dos familiares e proibiram passeios diários.
Uma pesquisa holandesa aponta uma relação entre o sentimento de solidão e o desenvolvimento de doenças degenerativas no cérebro, como o mal de Alzheimer.
A relação, segundo os autores, diz respeito ao sentimento de solidão, e não ao fato de estar sozinho por si só. Eles acreditam que a solidão seja um fator que cause à perda de memória e de raciocínio, mas não descartam que o caminho seja o contrário – ou seja, que a redução na capacidade do cérebro leve a pessoa a se retirar.
A equipe de Tjalling Jan Holwerda, da Universidade VU, de Amsterdã, acompanhou mais de 2 mil idosos ao longo de três anos. No início do estudo, esses idosos não tinham nenhum sinal de demência e responderam sobre seu nível de solidão – se viviam sozinhos, se já tinham sido casados e se sentiam solitários.
No final, os pesquisadores conferiram quantos idosos tinham desenvolvido demência. A diferença de casos da doença no cérebro nas pessoas que se sentiam solitárias em relação às que não se sentiam assim foi significativa: 13,4% dos solitários apresentaram sinais de demência, contra 5,7% do outro grupo.
O resultado publicado pela revista “Journal of Neurology Neurosurgery and Psychiatry” abre uma nova possibilidade para o estudo e o diagnóstico do mal de Alzheimer. Outros elementos anteriormente reconhecidos como fatores de risco para a doença são a idade avançada, a depressão, a carga genética e outros problemas de saúde acumulados.
“É importante reduzir o número de visitas para evitar contágio. Em algumas instituições a visita é aberta apenas em casos excepcionais”, explica Eva Bettine, Presidente da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG).
Para diminuir a solidão, a sugestão é a videochamada. “São utilizadas para diminuir a ansiedade e os idosos saberem como estão seus familiares”, diz Marcella dos Santos, enfermeira chefe do Grupo DG Sênior.
“O vínculo pode existir mesmo sendo remoto e, nesse sentido, podemos tirar vantagem da internet”, afirma a psicóloga Lecy Alves Zwarg. “Conversar, jogar, brincar, cantar, ensinar ou aprender algo podem ser alternativas para minimizar o impacto emocional do isolamento”.
“Incluir o idoso no processo demonstrando importância da sua colaboração é fundamental para que ele se sinta parte do coletivo e sinta que é peça fundamental para evitar contágio para a sociedade como um todo. Crises podem ser oportunidades de mudanças”.
O voluntário também pode e, é claro, fazer doações de dinheiro e de mantimentos, explica Marianna Barbosa Yamaguchi, da Casa de Idosos Ondina Lobo:
“Uma das grandes demandas, principalmente das instituições públicas e beneficentes, é a questão financeira, principalmente neste momento, pois diminuirão as doações e as visitas, mas as instituições continuarão funcionando. Há o custo com os profissionais e tudo o que é necessário para a sobrevivência da instituição”.
Qualquer que seja a escolha do voluntariado, é preciso entrar em contato direto com as instituições de longa permanência para idosos (ILPIs) de sua região ou preferência. ONGs e locais públicos costumam ter uma carência maior.
Fonte: G1
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