Em clínica ouvimos muitos relatos de pais que afirmar pedir desculpas para seus filhos pequenos sempre que precisa corrigi-los com ‘certa dureza’: um grito, um palavrão, uma atirada de objetos, uma chinelada, ou até mesmo uma ‘surra daquelas’. “A criança só para de teimar depois que apanha” – dizem, e completam – “mas passa um pouquinho e já está teimando de novo. Por isso perco a cabeça e quando vejo, já agredi. Depois fico com remorso e peço desculpas, e passo a adular, fazer promessas ou ameças”.
Esse tipo de pedido de desculpas só ensina à criança que todas as vezes que você reage negativamente ao comportamento dela, você está errado e o seu erro – e não o dela – poderá ser barganhado facilmente. Então ela aprende a manipular a situação a seu favor, para – mesmo que sofra consequências – possa se beneficiar de alguma maneira. A criança descobre que você não é digno de respeito, que é fraco e não tem autorregulação de suas emoções, e ela passará a seguir o seu modelo de comportamento social com outras crianças e todos os ambientes que frequentar.
Acima de tudo, é preciso praticar a pedagogia do amor. Se você achar que a pedagogia do educar com firmeza e amor, é uma bobagem, então invista na truculência. Ora, este comportamento de ‘educar’ por intermédio de gritos, palavrões, agressões, já se provou ineficaz e maléfico de muitas maneiras. E não adianta pedir desculpas, se vai repetir a mesma coisa daqui a pouco. Crianças que convivem com adultos raivosos, iracundos, irritadiços, agressivos, tendem a desenvolver comportamentos semelhantes ou desencadearem transtornos mentais graves que lhes acompanharão por toda a sua vida adulta.
O estudo, publicado no Journal of Family Psychology, analisa cinco décadas de pesquisa envolvendo mais de 160.000 crianças. Os pesquisadores afirmam que a surra aumenta a probabilidade de uma ampla variedade de resultados indesejáveis para as crianças. Apanhar, assim, faz o oposto do que os pais geralmente querem que ele faça. Os pesquisadores testaram alguns efeitos a longo prazo entre adultos que foram espancados quando crianças. Quanto mais eles foram espancados, mais exibiam comportamento antissocial e experimentavam problemas de saúde mental. Eles também eram mais propensos a apoiar a punição física de seus próprios filhos, o que destaca uma das principais maneiras pelas quais as atitudes em relação ao castigo físico são passadas de geração para geração.
Como estabelecer um espaço familiar-moral-democrático onde as regras são valorizadas? Pais autoritários e inflexíveis em demasia ou tolerantes e liberais em excesso, podem potenciar o desenvolvimento de problemas comportamentais nos filhos. De um modo geral, crianças com regras muito rígidas ou permissivas demais, terão muitas dificuldades em obedecer à instruções, em aceitar críticas, em tomar decisões e em se preocupar com as consequências dos seus atos. Serão crianças com baixa autoestima, o que afetará a sua educação integral: moral, emocional, psicossocial, cognitiva, e psicomotores.
Não obrigue a criança a cumprir as regras, convide-a para ajudar na criação delas. Nunca castigue o seu filho por descumprir regras preestabelecidas. Os atos de rebeldia da crianças, são portas muito interessantes para a abertura de preciosos diálogos para construção do autoconhecimento e da personalidade do indivíduo.
Uma das metas dos pais, é criar – em casa – um sentido democrático de comunidade, no qual o respeito mútuo seja praticado. Onde as crianças respeitam os pais; onde os pais respeitam as crianças, e as crianças respeitam umas às outras. A atmosfera de respeito é necessária para promover o desenvolvimento de autorregulação e dos sentimentos autoconstruídos, da criança.
Ensinar os filhos a perdoar é essencial na criação para que eles se tornem adultos felizes e responsáveis. Pedir perdão e perdoar é um dos segredos para alcançar a felicidade e encontrar a paz interior. Também é a combinação perfeita para alcançar relacionamentos duradouros, seja na família, nas amizades e até nos negócios.
O perdão é considerado um dos valores mais apreciados pelo ser humano. É essencial ensinar às crianças que o perdão pode ajudar todas as partes envolvidas. O ofensor é libertado da culpa que sente e a vítima se desprende do ressentimento causado pelo acúmulo de ódio.
Ao pedir perdão a uma criança, você deve lhe explicar suas razões e nunca se esqueça de enfatizar que está pedindo perdão porque a respeita e confia muito nela, sabe que ela também lhe respeita e confia em você. Você deve pedir perdão a criança nesses momentos:
Os pais empáticos recolhem as armas do pensamento. São lentos para condenar seus filhos e rápidos para compreendê-los. São inteligentes, têm a consciência das várias distorções pelo estado emocional, psicológico e comportamental do seu filho. Como propulsores da maturidade, eles sabem que a verdade é um fim inatingível, mas o diálogo e a benevolência são ‘palpáveis’.
Se 10% dos humanos fossem simultaneamente simpáticos, carismáticos e empáticos, a humanidade seria outra. Teríamos mais museus e menos prisões, mais jardins e menos fábricas de armas, mais longevidade e menos homicídios e suicídios, mais abraços e menos acusações.
Deixe os seus filhos cometerem erros e acertos antes de fazer um juízo sobre o seu comportamento e personalidade que condicione terceiros na sua forma de se relacionar com eles. Não podemos nos transformar em simples espectadores, mas acima de tudo, não podemos continuar com as nossas atitudes de falta de empatia com nossos filhos
Quando você pede desculpas honestas para criança e realmente tem intenção de não cometer os mesmos erros, você lhe ensina:
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