O corpo não é outra coisa senão a caixa de ressonância de nossas emoções não trabalhadas. Se você não verbaliza o que sente para evitar conflitos, a fim de manter aquilo que pensa ser paz, você instaura dentro de si, guerras lentas e intermináveis.
Porque às vezes é preciso parar de sonhar e apenas partir. A mais difícil quebra de paradigmas é a coragem de sair da improdutiva zona de conforto e arcar com as consequências de amar a si mesmo acima de tudo. Mas não se pode confundir amor próprio com egoísmo. Uma pessoa egoísta só pensa e agi em prol de si. Só as suas emoções, verdades, dores e vontades são prioridades.
Longe do egoísmo, o amor próprio é a força que lhe impulsiona a abrir mão (ou não) de situações, relacionamentos tóxicos, emprego, vícios, bens, orgulhos, vaidades… somente pelo fato de que um ou outro possa estar lhe tirando a paz de espírito e até mesmo a saúde mental, emocional ou física.
Por amor próprio e para sarar as dores emocionais, aprenda a verbalizar os sentimentos (dizem que o que não vira palavra vira sintoma), então diga ‘não’ sempre que quiser dizer ‘não’ e ‘sim’ quando quiser dizer sim. Quando você aprende a se ‘autodesafiar’ com a questão de que é melhor o outro aborrecido do que você; você descobre que amar a si mesmo não é pecado e, melhor ainda, faz bem pra saúde integral, para autoconhecimento, para a beleza da face e da alma, cura siquizira, urucubaca, olho gordo, desanda e ainda ‘traz o amor em três dias’.
Afinal de contas, quando foi que você decidiu que deixaria os outros acabarem com você? Que outros decidiriam a sua vida por você? Que eles – e não você – teriam o monopólio do seu livre arbítrio? Livre arbítrio é aquela coisa irrefutável que o coloca prisioneiro das consequências de sua escolha.
Livre arbítrio é a opção fantástica que postula que você pode fazer o que quer, mas se você usá-lo, poderá ser expulso daquele ‘paraíso’ criado por outra pessoa. Então para que serve o livre arbítrio? Serve para isso: para ler o mundo a partir de sua autonomia, a partir do protagonismo das suas decisões.
Você, e não um outro, na arquitetura do seu ser. Porque descobrir o que você quer da vida não é tão importante. O importante mesmo é descobrir quem você é. A missão mais valiosa da existência talvez seja esta: tornarmos quem nós somos assumidamente.
Este texto é de autoria da escritora, psicopedagoga e psicanalista Clara Dawn. É proibida a reprodução parcial, ou total, sem sua prévia autorização.(Lei Nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998).
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