Uma pesquisa divulgada pela Globonews afirmou que o número de professores de escolas estaduais afastados por transtornos mentais ou comportamentais quase dobrou entre 2015 e 2016. De acordo com a apuração no ano de 2015, cerca de 25.849 professores apresentaram algum tipo de transtorno psiquiátrico desde moderado a grave. Em 2016 esse números chegou a 50.046. No ano de 2017, até setembro, houve 27.082 afastamentos de docentes. O receio quanto ao futuro como docente é dos gatilhos ao desencadeamento de transtornos mentais graves do tipo depressão, transtorno bipolar, crises de ansiedade e síndrome do pânico. Dentre estes, o mais grave é a depressão, pois mais de 90% das pessoas que optaram pelo suicídio apresentaram quadros agudos de depressão.
A depressão é a Síndrome Amotivacional: uma falta de sentido para tudo.
No Brasil atinge 11 milhões de pessoas, quase 6% da população. É o número 1 com maior prevalência da doença na América Latina, o 2 nas Américas, ficando atrás apenas dos estados unidos.
Mas é preciso diferenciar tristeza passageira de depressão. A depressão precisa ser diagnosticada por um profissional, a princípio por um psicólogo que ao diagnosticar como um quadro grave de depressão encaminhará para um psiquiatra. Nenhum outro médio, além do psiquiatra deve receitar antidepressivos. Nenhum.
Por que precisamos urgentemente nos preocupar com a saúde mental dos professores e lutarmos por políticas públicas que priorizam a educação?
Outra pesquisa realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com mais de 100 mil professores e diretores de escolas do segundo ciclo de ensino fundamental revela que o Brasil é o país que tem o maior índice de violência contra professores. Os dados foram divulgados pela revista Veja e inúmeros meios de comunicação. A enquete foi feita com 34 países e constatou que 12,5% dos professores brasileiros já foram vítimas de agressões verbais ou intimidação de alunos pelo menos uma vez na semana.
No artigo ‘O professor, as condições de trabalho e os efeitos sobre sua saúde’, revela que depressão, ansiedade, nervosismo e estresse são algumas das principais causas que levam ao afastamentos de professores. Em declaração a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) afirma que a categoria sofre muito estresse devido à quantidade de alunos em sala de aula, baixa remuneração e pelas más condições de trabalho.
O artigo revelou ainda que 59% dos educadores com depressão não têm acompanhamento médico regular. Para o diretor da Apeoesp em Araraquara (SP), o excesso de trabalho é um dos vilões. “A maioria dos professores tem dupla ou tripla jornada de trabalho, muitas vezes ultrapassando 11 horas de trabalho com aluno e isso certamente não é recomendável”, afirmou Ariolvaldo de Camargo.
Ele diz que as condições de trabalho também prejudicam a saúde do docente. “A pressão que o professor sofre no dia a dia dentro da sala de aula é muito grande. As nossas escolas mais parecem verdadeiros presídios, porque estão todas cheias de grades e telas, e esse evidentemente não é um ambiente adequado para que se possa desenvolver um processo de ensino-aprendizagem”, analisou Camargo.
1 em cada 3 professores brasileiros desenvolve depressão devido às pressões do trabalho
O estudo foi realizado entre outubro de 2015 e maio de 2016 com 755 professores de todos os níveis de ensino da rede privada em todo o Rio Grande do Sul. Confira alguns resultados:
— As doenças são desencadeadas por conflitos nas relações, longa e exaustiva jornada de trabalho, diversidade e complexidade das atividades, dificuldades inerentes às relações em sala de aula, desvalorização salarial, progressiva desqualificação e escasso reconhecimento social do trabalho de professor.
— Antes da depressão ser verificada, é comum a presença de sofrimentos psíquicos e mal-estares, como insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração e queixas somáticas.
— Entre 2009 e 2013, somaram-se 2,1 mil auxílios-doença e/ou aposentadorias por invalidez concedidas na região Sul do Brasil, que representam 62% entre os afastamentos por adoecimento mental.
— Os sintomas que caracterizam o diagnóstico da depressão incluem a presença de humor deprimido quase todos os dias e durante a maior parte do dia, acarretando em choros, sentimento de vazio, agitação e/ou diminuição da energia e pensamento e ideação suicida.
— No ano que vem, na terceira etapa da pesquisa, será publicado um livro direcionado não somente aos professores, mas a toda a sociedade.
Sintomas de depressão
Sintomas de riscos iminentes de depressão são: insônia ou dormem demais, sofrimento intenso, angustia, vontade de chorar a qualquer momento, desânimo, falta de vontade de fazer atividades recreativas, se isolando, se cortando ou se queimando, falta de apetite extrema. É claro que, uma vez ou outra, todos nós apresentamos alguns desses sintomas, mas é preciso observar a constância desses sintomas.
A saúde mental dos professores, que antes da pandemia do novo coronavírus, já estava frágil, se agravou muito conquanto as aulas foram suspensas em todo o país e a ensino não presencial tornou-se uma alternativa. Fato é que muitos estabelecimentos de ensino não estavam preparados para as aulas nessa modalidade, e o professor foi obrigado a se reinventar em um momento em que toda a população está envolvida em um turbilhão de sentimentos.
Para conseguir desempenhar suas atividades com qualidade e ainda enfrentar toda a problemática envolvida com o distanciamento, é fundamental que o professor cuide bem da sua saúde mental. Enquanto a vacina não acontece e ainda precisamos enfrentar a realidade da pandemia, a professora Vanessa Sardinha, oferece algumas dica para melhor lidar com a ansiedade, o estresse, a irritabilidade e a desesperança.
São elas: Mantenha uma rotina; Compartilhe suas dificuldades e aprendizados com os colegas de trabalho; Estabeleça um tempo de descanso; Mantenha-se conectado com as pessoas que ama; Pratique atividades físicas na sua casa; Pratique técnicas de relaxamento; Procure ajuda especializada.
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