Érika Andreassy, 47, pesquisadora e está há quase cinco meses trabalhando em casa com a presença dos dois filhos, João Pedro Andreassy Castro, 15, e Camilo Augusto Andreassy Castro, 10, ambos estudantes de escolas públicas de São Paulo, afirma: “Está bem puxado. Aumentou muito a demanda das coisas para fazer em casa, mas acho arriscado. E se as aulas voltarem neste ano, eu não vou mandar meus filhos para a escola. Se meu filho perder um ano na escola, isso não vai fazer diferença para ele lá na frente. Mas se eu perder um filho, sim. Prefiro perder um ano a perder um filho”. ”.
Esta é a opinião de Érika e ela está entre os 79% dos brasileiros que, segundo o instituto Datafolha, dizem que a reabertura das escolas vai agravar a pandemia do novo coronavírus e que por isso as escolas devem permanecer fechadas nos próximos dois meses. A discussão sobre o retorno das aulas presenciais em meio a índices ainda altos de contaminação vem ocorrendo no mundo inteiro. Envolve pais sobrecarregados, escolas particulares falindo, professores apreensivos, estudantes ansiosos e governos que vão e voltam nas decisões sobre o que fazer nesse delicado debate.
As mulheres são mais preocupadas com o tema, pois 80% delas responderam que a voltas às aulas vai piorar a pandemia – 17% disseram que não irá agravar e 3% não souberam responder. Entre os homens, 77% responderam que vai agravar; 19% disseram que não vai piorar e 3% não responderam.
De acordo com estas informações, publicados em El País, do ponto de vista educacional, a forma como cada grupo foi afetado pela pandemia foi muito diferente, opina Ivan Gontijo, coordenador de projetos na ONG Todos pela Educação. “Por isso, uma solução generalizante, de reprovar todo mundo, por exemplo, deixa de olhar para esses grupos específicos que conseguiram levar o ensino remoto”, diz. “Reprovar o aluno do terceiro ano de uma escola pública que depende do diploma para entrar no mercado de trabalho e que cumpriu as atividades remotamente, pode virar uma punição que afetará a família toda”.
Gontijo reconhece, no entanto, que o ensino remoto não substitui o presencial. “O ensino remoto é uma solução para mitigar os efeitos da pandemia e manter algum vinculo entre as escolas e os estudantes”, afirma. “O fato de a gente não reprovar todo mundo não significa que não houve um grande prejuízo. Vão se criar lacunas de aprendizagens”.
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