Mulher

O autoextermínio entre as mulheres vítimas de violência doméstica – Clara Dawn

“Você sabia que os feminicídios e os suicídios representam 83% da causa de morte entre as mulheres vítimas de violência doméstica, e que a chance de uma mulher morrer por esses dois meios chega a ser 151 vezes maior comparada a outros tipos de mortes?  Neste mês que marca a campanha Agosto Lilás de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, vamos falar sobre a saúde mental e o autoextermínio de mulheres vítimas de violência.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de suicídio entre as mulheres vítimas de violência física, sexual e psicológica, aumentou 50%. Dentro dessa realidade cotidiana, da impunidade do seu agressor, a culpabilização sociocultural da vítima, a discriminação, a humilhação, o subjugo constante das ameaças, e a total ausência de recurso financeiro para fomentar a autonomia, as mulheres adoecem. E adoecem gravemente. Muitas vezes precisam ser hospitalizadas. E em outras vezes, em milhares de vezes, não suportando esse convívio, essa dor de existir dentro desse cenário opressor, elas, num ato extremo de desespero e angustia, atentam contra a própria vida.

Vale ressaltar que essa terrível realidade não é apenas entre as mulheres adultas não, viu?, meninas, ainda crianças e adolescentes vítimas de toda gama de violência, morrem, senão pelo feminicídio, pelo suicídio. Não está tudo bem. As mulheres vivem no pior dos mundos possíveis. 90% dos crimes cometidos contra mulheres, são praticados por companheiros ou ex companheiros das vítimas.

Em 2024 a Lei Maria da Penha completou 18 anos e apesar de ser considerada pela ONU como uma das mais avançadas legislações sobre violência contra a mulher do mundo e um marco na luta pelos direitos das mulheres, o texto ainda não é colocado em prática como deveria.

Para acabar com toda a violência e opressão contra as mulheres, precisamos superar visões sexistas, porque elas são contrárias à luta das mulheres pelo igualdade de direitos. Precisamos que os homens, os companheiros, superem e desconstruam o seu machismo e lutem com a mulheres e pelas mulheres.

Precisamos urgentemente de políticas públicas que priorizem a saúde mental da mulher e que as abracem de modo integral: fazendo um trabalho de prevenção, de acolhimento e de proteção às vítimas. A acima de tudo, nós precisamos de leis mais rígidas que punam rapidamente e de forma inafiançável o agressor”.

Texto da pesquisadora, especialista em prevenção ao suicídio, Clara Dawn, presidente do IPAM, Instituto de Pesquisas Arthur Miranda em prevenção e pósvenção ao suicídio.

Como e onde buscar ajuda

Ligue 188 Para apoio emocional preventivo ao suicídio. A ligação é gratuita e funciona 24 horas por dia em todo território nacional.

A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 presta uma escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência. O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgão competentes, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento.

O serviço também fornece informações sobre os direitos da mulher, como os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso: Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referências, Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam), Defensorias Públicas, Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros.

A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. São atendidas todas as pessoas que ligam relatando eventos de violência contra a mulher.

O Ligue 180 atende todo o território nacional e também pode ser acessado em outros países. Denuncie! Ligue 180 para denunciar violência contra a mulher

 

Clara Dawn

Clara Dawn é romancista, psicopedagoga, psicanalista, pesquisadora e palestrante com o tema: "A mente na infância e adolescência numa perspectiva preventiva aos transtornos mentais e ao suicídio na adolescência". É autora de 7 livros publicados, dentre eles, o romance "O Cortador de Hóstias", obra que tem como tema principal a pedofilia. Clara Dawn inclina sua narrativa à temas de relevância social. O racismo, a discriminação, a pedofilia, os conflitos existenciais e os emocionais estão sempre enlaçados em sua peculiar verve poética. Você encontra textos de Clara Dawn em claradawn.com; portalraizes.com Seus livros não são vendidos em livrarias. Pedidos pelo email: escritoraclaradawn@gmail.com

Recent Posts

“Decidi envelhecer com dignidade, humor e serenidade” – Julia Roberts

Julia Roberts, atriz, ganhadora de um Oscar e três Globos de Ouro, em uma entrevista…

2 dias ago

A Força de Ser: O Legado de Audre Lorde na Luta pela Equidade e Autonomia das Mulheres

A luta das mulheres por equidade de direitos é uma constante na história mundial, refletindo…

3 dias ago

“Nós não somos. Estamos sendo. Pare de querer ser uma rocha. Aceite que você é um rio” – Alejandro Jodorowsky

Alejandro Jodorowsky é um artista chileno conhecido por sua vasta obra como cineasta, escritor, poeta,…

4 dias ago

O investimento que se faz hoje na formação e saúde dos professores se converterá em qualidade no futuro das crianças.

“É necessário maior atenção por parte do Ministério da Educação (MEC) na carga horário dos…

5 dias ago

5 Práticas Simples de Organização e Limpeza para Pessoas Desorganizadas

Manter um ambiente limpo e organizado vai além da estética: essa prática também traz impactos…

1 semana ago

A falta de respeito pela psicologia e a banalização da saúde mental

Você sabe em que consiste o trabalho de um psicólogo? Você acredita que ter uma…

1 semana ago