Uma vez, uma amiga me disse algo muito importante: “Não tenha medo de nada nesse mundo, apenas de pessoas infelizes. Fique longe delas. Elas sim, destroem o mundo.”
Hoje percebo que não há nada mais difícil que conviver com um ser humano infeliz. Os seres humanos infelizes são uma espécie de demônios na terra: eles trazem tristezas para os outros e costumam destruir aquilo que você mais tem de bom, ainda que isso, seja o amor que você sinta por elas.
Pessoas infelizes, sabem que não merecem ser amadas. Caminham pelo mundo sempre insatisfeitas com absolutamente tudo que tem. O que obtêm, geralmente nunca é suficiente e costumam dizer sempre: ainda não estou satisfeito.
As pessoas infelizes não podem ser felizes com elas mesmas. E para ser feliz, é necessário ter uma certa satisfação com aquilo que se é. Perceba que não estou aqui a dizer que nós temos que ser acomodados e nos acostumar com aquilo que já temos. De jeito nenhum. A vida é uma aventura e correr por seus caminhos é sempre uma dádiva. Mas veja, se você não pode ver a beleza do caminho, não vai ver beleza ao chegar no lugar que almeja. A melhor parte está no caminho percorrido, nas pequenas coisas que conquistamos afim de alcançar nossos objetos. Do contrário, a meta chega, você olha pra ela e não vê mais nenhum sentido. Não que nesse caminho, não haverá tristezas. Aliás, saber aceitar a tristeza, chorar as vezes , é ato dos felizes, que depois de tudo, riem muito, ou acordam como se nada tivesse acontecido.
Mas não é assim que acontece com os seres infelizes.Eles acreditam que suas felicidades dependem de algo externo, de alguma transformação na humanidade, de algum acontecimento fantástico. Geralmente não possuem muita fé, e necessitam saber sobre eventos extraordinários como milagres, seres de outros mundos ou explosões no universo. Porque eles precisam de provas, já que dentro deles, não há fé quase que nenhuma. Não há magia própria. Precisam que o mundo se mova para sentirem alguma mudança.
E mesmo que o céu todo vire uma nuvem cor de rosa, dessas mais linda que alguém possa imaginar, a alegria dos infelizes não vai durar muito. Logo, irão querer mais, talvez a destruição de um continente, talvez obter informações sobre um terremoto. Porque estão sempre entediados e necessitam que as pessoas e o mundo os provoquem emoções, uma vez que são desprovidos delas.
Os infelizes procuram a transformação no mundo, porque são incapazes de mudar a si mesmos.
Eles não amam aqueles que escolhem estar ao seu lado, porque acreditam que um ser humano que escolhe ficar do lado de um infeliz, não deve ser boa coisa. Mas cobiçam e admiram muito aqueles que se foram para longe deles.Eles querem a estrela mais distante, porque sabem que se eles a pegarem, a estrela perderá a graça tão rápido como a passagem de um cometa.
As pessoas infelizes contaminam o ambiente. Sua energia é turva e como nunca estão presentes de alma, ignoram o sentimento dos outros facilmente. Não fazem por mal, mas o fato é que eles não vivem o presente. Não podem perceber o que se passa ao seu redor, ou com aqueles que os amam.
É triste amar um infeliz. E eu sinto muito por todas as mães que tiveram a missão de colocar no mundo seres humanos assim. Não há felicidade para a mãe de um infeliz. Porque elas sabem que seus filhos são desprovidos de amor próprio, amor ao próximo. São desprovidos da luz alegre chamada felicidade.
Do original – “Das pessoas infelizes” – de Sabrina Gomes. Extraído do blog Tromba de Elefante – do qual recomendamos a visita.