O novo coronavírus (Covid-19) que surgiu em dezembro de 2019, na província de Wuhan, no centro da China, chegou a mais de 188 países, em cinco continentes e já contaminou mais de 32 milhões de pessoas. No Brasil, as vitimas testadas, já passaram de 4 milhões Dentre elas mais de 140 mil perderam suas vidas. Vidas que não são apenas estatísticas, não são apenas números, são – com certeza – amores de alguém, que poderiam ainda estarem vivos, pois a Covid-19 é uma doença prevenível e recuperável, cuja letalidade é apenas de apenas 3,2%.
Os pesquisadores do Imperial College London, da Queen Mary University e da Universidade de Oxford que realizaram o estudo alertam que o vírus pode saturar os sistemas de saúde mais avançados se não forem tomadas medidas para impedir a sua propagação. Os responsáveis pelos estudam fazem uma estimativa de que entre 50% e 80% da população mundial pode estar infectada com o novo coronavírus, ao mesmo tempo em que salientam que a maioria das pessoas se recupera, mesmo depois de sofrer sintomas graves. O tempo médio entre os primeiros sintomas e a morte de um paciente é de 17,8 dias, enquanto os pacientes que se recuperam levam em média 22,6 dias para receber alta.
Em um comentário publicado ao lado do estudo, o cientista da Universidade de Miami Shigui Ruan declarou que os índices de mortalidade podem variar ligeiramente entre os países. “Isso se deve a diferenças nas medidas de prevenção, controle e mitigação implementadas”, justificou o cientista, observando que os dados também são afetados pelo nível de preparação e acessibilidade aos serviços de saúde. A taxa de letalidade no Brasil, de acordo com o Ministério da saúde, é de 3,2%.
Sem testagem, os números com certeza são muito maiores que os registrados. Não falar sobre as realidades, não fará com que elas desexistam. Negar a existência das mortes não impede que elas aconteçam. A melhor maneira de evitar que aconteçam, é falando abertamente sobre o assunto, sem paixão, só com a razão.
Lamentamos que os negacionistas sejam capazes de tripudiar com a dor alheia. Ainda que milhares de pessoas morram todos os dias por n fatores, ainda que a morte seja o destino final de todos, não se deve apequenar a dor de pessoa alguma. Afinal, a partida de um ente querido, principalmente em situações como a de uma pandemia viral, é assustadora, é cinematográfica, é nunca acordar de um pesadelo, é conviver num vendaval de incertezas, sem um lampejo de esperança. Saber que milhões de pessoas se recuperaram da Covid-19 não alivia a dor dos que choram por milhares. Pelo contrário, deixa-os irradiados de grande tristeza e revolta, pois se milhões se recuperaram de uma doença cuja letalidade é de 3%, então não seria possível recuperar 97%? Sabemos o que está sendo feito, mas o que não está sendo feito?
Inicialmente vista como uma doença respiratória causadora de pneumonia, a covid-19 está se revelando bem mais complexa conforme se espalha pelo globo, diz o epidemiologista Paulo Lotufo, professor titular de Clínica Médica da Universidade de São Paulo (USP).
Nos países mais afetados pela pandemia, hospitais têm recebido cada vez mais pacientes com problemas cardíacos e renais causados pela doença. A explicação, diz Lotufo, pode estar na ação do vírus Sars-CoV-2 em receptores envolvidos no controle do sistema circulatório — o que estaria desencadeando infartos e acidentes vasculares cerebreais (AVCs) entre pacientes sem histórico de doenças cardiovasculares.
Sendo assim, o maior desafio é a consciência de o contagio da doença precisa ser contido, com a obediência das medidas de prevenção.
Sim, a Covid-19 é uma doença prevenível e recuperável. Prevenível porque se obedecermos o distanciamento, usarmos máscaras e lavarmos corretamente as mãos, temos grandes chances de não sermos contaminados. E recuperável porque milhares de pessoas infectadas, sintomáticas ou não, já estão curadas.
É quase inacreditável que um século depois da gripe espanhola, mesmo num mundo globalizado, a ignorância possa prejudicar tantas vidas. Ainda bem, que ignorância não significa inocência. A história pode perdoar os erros cometidos pela falta de conhecimento, mas jamais perdoará a maldade deliberada, o egoísmo, a arrogância, o negacionismo dos fatos, e a supervalorização do capital em detrimento dos atingidos.
Não estamos no mesmo barco. O coronavírus não atinge a todos por igual. A falta de saneamento básico faz com que 35 milhões de brasileiros não tenham água tratada e 100 milhões não disponham de coleta de esgoto. O Brasil está entre os dez mais ricos do mundo e consegue estar no 175º lugar em desigualdade social. E justo quando a epidemia atinge os mais pobres, fábricas e governantes orientam a volta ao trabalho, fazendo do povo pobre, trampolim para garantir lucros, colocando em risco as suas vidas e as de suas famílias.
Os dados contidos neste artigo, foram levantados pelo conjunto de veículos de comunicação Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL; consolidados a partir das secretarias estaduais de saúde, e inseridos no mapa da disseminação do coronavírus, que é atualizado duas vezes por dia, pela Universidade John Hopkins (Baltimore, EUA). O mapa traz informações sobre o número de infectados e mortos, separados por países. Você pode acessá-lo ao clicar aqui.
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Texto da escritora, psicopedagoga e psicanalista Clara Dawn – Exclusivo para o Portal Raízes. É proibida a reprodução parcial, ou total, sem a nossa prévia autorização.(Lei Nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998).
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