A coisa mais difícil nesta Terra cheia de estigmas, é ter a ousadia de ser quem realmente se é, e consequentemente, aceitar o outro exatamente como ele é. Você consegue dizer quem é você, ou você só se reconhece como o mundo diz que você deve ser?
Autoconhecimento significa o hábito de prestar atenção à maneira como você pensa, sente e se comporta, como explica as coisas para si mesmo e com compreende o mundo ao seu redor. Ter autoconhecimento significa que você tem uma compreensão nítida de sua personalidade, incluindo seus pontos fortes e fracos, seus pensamentos e crenças, suas emoções e suas motivações.
Significa compreender suas próprias emoções e humores. Significa prestar atenção em como tendemos a agir e nos comportar em certas situações. Quais são nossas respostas padrão para as coisas? Quais são nossos hábitos e tendências? Em suma, autoconhecimento nada mais é do que a análise psicossocial de si mesmo.
Em primeiro lugar, o autoconhecimento não é para que você fique melhor para convívio com outro, para o outro e com o outro. O autoconhecimento é para que você fique melhor consigo mesmo. Mesmo que isso signifique ficar ‘ruim’ aos olhos dos outros.
Ser quem você é, é o máximo que se pode ser. Mas há muitos encargos para ser quem você é. Ignorar a validação alheia é o maior deles. Por isso, nos esforçamos demasiadamente para sermos somente aquilo que os outros esperam de nós. E isso é ótimo! Para os outros, é claro. Seja quem você nasceu para ser! Você é mais e não menos.
É importante praticar a busca pelo autoconhecimento. Porque depois que você descobre quem você é essencialmente, você pode enfim fazer grandes mudanças: energizando os seus pontos positivos e esmaecendo os negativos com o intuito de tornar confortável o convívio consigo mesmo e com seus próximos. Coisa muito desconfortável é, tentar em vão, ser a pessoa que o outro espera que você seja em detrimento de ser quem você é. Ocorre, muitas vezes, em casos assim, a frustração de não poder ser quem você, e tampouco ser o que outro espera que você seja.
O autoconhecimento é um processo bastante demorado, porque implica no quanto de verdade sobre si mesmo, você consegue suportar. Pensando numa forma de auxiliar nesse processo, como psicanalista, elaborei estas 10 maneiras de praticar o autoconhecimento. Confira:
Deseje profundamente a busca pelo autoconhecimento e então comece a trilhar esse complexo caminho, fazendo, a princípio, uma bateria de exames com um clínico geral. Conheça o seu corpo, as suas heranças genéticas, o histórico de saúde mental. De posse dessas informações você poderá cuidar de sua saúde integral com responsabilidade: aceitando, compreendendo e se amando exatamente como é. Isso lhe dará o pontapé inicial para descobrir quem é você física, biológica e mentalmente.
Comece um tratamento com uma nutricionista e com uma terapeuta: se há duas pessoas que necessitam estar sempre presentes em nossas vidas, são esses profissionais da alimentação e da análise de nós mesmos. A nossa alimentação influencia os sistemas digestório, articular, circulatório, muscular, linfático… Todo o corpo sofre com a má alimentação, e com isso, o nosso comportamento físico, emocional, social… se altera significativamente. A mesma preocupação com aquilo que comemos, precisa ser conduzida à todas as áreas e aspectos da vida, e é aqui que entra o trabalho do terapeuta. É como tratar uma queimadura. Uma queimadura só sara de dentro para fora. Não é fácil, é difícil e dói. Mas só dói até não doer mais.
Faça longas caminhadas sozinho e dedique tempo ao exercício da contemplação da natureza. Enquanto você caminha sozinho com os seus pensamentos, sozinho com a sua respiração, sozinho com o seu coração, sozinho com a sua autoanálise, sozinho com o seu Poder Superior… você vai se conhecendo, vai meditando em suas atitudes, palavras e vivências interpessoais. Jesus, deu um conselho para o alívio da ansiedade: olhai os lírios do campo.
Faça um bloco de notas onde possa anotar suas reflexões acerca de sua caminhada em busca do autoconhecimento. É importante também que esteja aberta á opinião de alguém em quem confia e sabe que opinará sem julgamentos.
Explore novas vivências, especialmente: a leitura de romances de ficção, a escrita, a pintura, a dança, o canto, a culinária… Se obrigue a praticar uma atividade física: ioga, musculação, natação, corrida… Essas vivências nos conduzem a lugares incríveis em nós mesmos. Essas vivências resolvem um sem número de desordens emocionais.
A permissão da prática do amor próprio é fundamental para o processo de autocura e autoconhecimento. Quando você se ama, se prioriza, se respeita, se valoriza, você indica aos outros a maneira como deve ser tratado. E o contrário também, pois as pessoas nos dão o valor que a gente se dá. Praticar o ‘antes o outro aborrecido do que eu’, não é egoísmo. É amor próprio. Afinal de contas, quem estará com você por todos os dias da sua existência, cuidando de você, lhe amando, lhe respeitando e lhe valorizando, senão você mesmo?
Aceite seus erros e se responsabilize por eles, mas não transforme o sofrimento e a culpa em dor remanescente. O erro é mais útil do que o acerto. Pois é com o erro que buscamos melhorias, evolução, e o preenchimento dos vazios existências. Num mundo onde não há vivências com tédio, com os erros e as frustrações, nada muda. Nada avance. Tudo fenece rapidamente.
Não faça da culpa uma âncora: se perdoe, peça perdão, perdoe. Existe uma diferença entre o perdão religioso e o perdão terapêutico. O perdão religioso sugere que você perdoe quem lhe ofendeu setenta vezes sete; o perdão terapêutico sugere que você se perdoe por ter vivido aquela situação, que você compreenda, aceite e ressignifique o que lhe aconteceu. Reconheça seus erros e peça perdão. Entretanto, respeite a decisão do outro caso ele não queira lhe perdoar. Da mesma maneira, você tem todo o direito de não perdoar quem teve a chance de não lhe ferir, mas feriu. Por outro lado, não faça da culpa ou da falta de perdão, âncoras capazes de mantê-lo afogado em mágoas. Dê tempo ao tempo, meio passo, meio passo. Como disse Guimarães Rosa, é só aos poucos que o escuro fica claro.
Pratique a serenidade e também a raiva produtiva: a serenidade é aquela coisa toda poderosa que abala rígidas estruturas. A prática da serenidade é importante para o equilíbrio e a inteligência de nossas emoções, bem como para o exercício da paz de espírito. E não seria a paz de espírito, felicidade em meio as tormentas da vida? Mas não se deve isentar o espírito das visitas de um furação. Porque não se conquista o direito de ser quem você é, essa ‘violência social’, com resignação silente. Se quiser pertencer a si mesmo, se quiser chegar inteiro do outro lado do rio, precisará correr sobre pedras e jacarés, e não pisar manso.
A coisa mais difícil nesta Terra cheia de estigmas, é ter a ousadia de ser quem realmente se é, e consequentemente, aceitar o outro exatamente como ele é.
Tornar-se quem se é, não é uma busca racional. É um desejo do espirito. O espírito é o inconsciente, e o inconsciente é a cura por intermédio do quanto de verdade sobre si mesmo você é capaz de suportar. Não é nada fácil despertar o inconsciente. Não é nada fácil descobrir, compreender, aceitar e ressignificar as verdades sobre si mesmo. Mas o inconsciente não pode ser silenciado, ele fala por intermédio de sintomas que se apresentam como doenças emocionais, mentais e físicas. Esse encontro consigo mesmo só pode acontecer de modo racional, em análise. Entretanto, uma vez confrontado com as verdades sobre si mesmo, o analisando pode enfrentá-las – consciente – ou fugir delas inconscientemente. Você consegue dizer quem é você, ou só se reconhece como o mundo diz que você deve ser?
Texto de Clara Dawn, escritora, pesquisadora, palestrante, psicanalista, psicopedagoga, presidente do Instituto de Pesquisas Arthur Miranda em prevenção à drogadição, aos transtornos mentais e ao suicídio na infância e na adolescência.
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