Por favor, não deixe que a sua esperança no amor sincero seja nocauteada por aqueles que vivem a proclamar, aos berros, que o amor não passa de uma ilusão.
Não permita, em hipótese alguma, que as mentiras recém-descobertas apaguem a sua fé na existência de gente sincera e disposta a lutar, com unhas e dentes, para que a verdade – a palavra sem máscaras e interesses egoístas – caminhe livre por aí.
Não autorize, nem sob a mira de um revólver, que a sua capacidade de crer no carinho gratuito seja fraturada pelos pontapés dos que têm o peito oco e assassinada pela leitura das barbáries que, infelizmente, batem ponto no jornal de cada dia.
E mesmo que todos ao seu redor se tornem seres desonestos e capazes de pisotear, sem culpa, a cabeça alheia, não se sinta menor por ser o único – ou um dos poucos – a começar pelo final da fila e a não enriquecer ‘corruptamente’, do dia para a noite.
Não se sinta covarde quando optar por engolir sapos, aprisionar xingamentos e, sabiamente, correr para bem longe de uma briga. Na corrida de cada manhã, junto com o suor que expele dos seus poros, para o bem da sua saúde, expulse também os mais perigosos venenos que alguém pode conter: o desejo de vingança e a inveja dos que têm mais.
Pare, de uma vez por todas, de pagar na mesma moeda, pois agindo assim, muitas vezes, ao invés de uma atitude nobre, você acabará copiando uma atitude ruim. Se o seu amigo não procurar você, em vez de fazer o mesmo e contribuir para o esfriamento de uma amizade, seja o responsável pelo reencontro: ligue, convide e vá até ele. E daí que você fará o esforço maior? Lembre-se, sempre, o valor inestimável das amizades. Quando a sua namorada for grossa com você, diferente dos gritos que deu em ocasiões anteriores e de atitudes que só levaram a lugares ruins, experimente cuspir paciência, desferir gentileza e bombardeá-la com sorrisos que evaporam o ódio.
Não se deixe enganar pelos comprimidos vendidos como se fossem verdadeiras passagens a paraísos. Quando, por ventura, mesmo sem um tostão no bolso, você precisar viajar: leia uma poesia do Leminski ou um conto do Cortázar.
Não tenha tanto medo da morte, mas, por favor, dê mais valor à vida e não confie tanto na suposta existência do dia de amanhã.
Uma vez por ano, se puder, por uma semana, esconda o relógio, a agenda e o celular. E diferente do que faz em sua rotina normal, dê voz de comando aos seus instintos: esqueça o horário de almoço e coma só quando estiver com fome; não se obrigue a dormir depois da novela e feche os olhos somente quando você estiver com sono; permita-se o luxo de fazer apenas aquilo que você sente vontade e de se negar a realizar qualquer tarefa que você comumente faz por dinheiro, carreira ou currículo.
Toda manhã, depois do despertador e antes do pão na chapa, releia este texto em voz alta e, se não for pedir muito, vez ou outra, finja que não ouviu a sua nutricionista e mantenha o miolo todo no pão.
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