Ando cansada de monólogos disfarçados de diálogo. Poucos são aqueles que estão atentos ao que é dito e menos ainda, raríssimos, os que enxergam as entrelinhas. Falar tem sido um exercício vazio.

O imediatismo desse nosso tempo tem trazido intemperança às almas. As pessoas se julgam no direito de se fazerem ouvir de pronto,  de serem acatadas de imediato, de que seus egos sejam servidos com precisão. Suas verdades são sempre absolutas  e o outro deve ouvir sem esboçar qualquer divergência. Pouco importa se quem diverge o faz com humildade e de modo embasado e racional, será sempre havido como “o pretencioso arrogante que discorda de tudo”.

Infelizes humanos que nada aprenderam com Manoel de Barros, poeta que investigava a eternidade dos caramujos e que percebeu que as suas verdades (pasmem!) podem não ser verdades.

Essa pressa faz com que se torne dispensável mensurar a grandeza do outro, apreciar seus argumentos, ponderar sobre o tom da sua voz, perquirir o seu intelecto, tentar ver  a sua essência. Afinal, o outro se tornou  um mero espelho para que se possa nele fazer refletir a minha excessiva vaidade. Uma abóboda vazia e fria onde farei ecoar a voz  da minha a minha eterna sabedoria.

Se não reconhecemos a importância do outro, por que alguém haveria de desperdiçar o seu tempo com o diálogo? Afinal, ele (o diálogo) é a face visível da empatia, onde há trocas de perspectivas, de sentimentos, de sonho.

Aqueles que sabem ouvir silenciam-se na esperança do diálogo, mas ele não vem. Não há interesse nas trocas. E os ouvintes, seres às vias da extinção, suspiram na certeza de que muitos falam e nada dizem.

Estou sempre aberta ao verdadeiro diálogo, mas, se é para falar sozinha, os meus silêncios me bastam. E eles são muitos.






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