“O “não” não é a negativa de algo, e sim um direcionamento para um caminho. Se eu pensar que minha liberdade está sendo restringida ao colocar um cinto de segurança, eu vejo isso como sacrifício, como algo ruim ou uma perda, então eu não o coloco. Mas se penso que se trata de um sacro ofício, ou seja, de uma ação sagrada para preservar a vida, eu entendo essa restrição como um cuidado.
Quando um pai diz “não” para um filho, ele está edificando sua educação. Edificar vem da palavra “edifício”, ou seja, é uma ação que vai se construindo, então o passo da libertação é o pai entender que não está maltratando o filho ao lhe dizer “não”, mas, sim, cuidando dele.
Se antigamente os filhos queriam ser como os pais, hoje os pais querem ser como os filhos, e essa é a inversão que está destruindo tudo. Segundo uma pesquisa, 83% dos pais atualmente se consideram os melhores amigos dos filhos. O pai “brother” e “legal” e a mãe “bacana” se colocam em uma posição de igual para igual em relação ao filho, deixando este órfão de pais vivos e fazendo-o entrar em desespero.
Quando o filho é frustrado, se transforma em uma espécie de tirano: grita, xinga e fala palavrões para os seus pais que as gerações anteriores nem sequer imaginariam pronunciar aos seus genitores. Isso acontece porque o filho foi viciado em ser atendido, então cada vez mais ele se contenta com pouco, se frustra cada vez menos, espera do mundo cada vez mais e enlouquece quando alguém lhe diz um “não”.
É uma ilusão a ideia de que uma educação pautada na permissividade, no “sim”, ajuda a vida do filho. Isso só o fará infeliz, dependente, revoltado, entristecido, sem pai, sem projetos, sem ambições e sem interesses.
Excertos da fala do mestre em psicologia educacional, Leo Fraiman, no programa Todo Seu. Assista na integra: