Pais e Filhos

Pai solo quis colocar o filho de 2 anos para adoção por se sentir ‘insatisfeito’ e ‘sozinho’ na paternidade

Um pai solo arrependido da paternidade, pensou numa forma de colocar seu filho para adoção, alegando estar se sentindo exausto, solitário e isolado. Ele fez uma postagem na rede social Reddit, em busca de conselhos de outras pessoas, onde perguntou se colocar o filho para adoção seria o caminho apropriado a seguir:

“Eu me sinto insatisfeito e sozinho e isso começou a tomar forma e um pouco de animosidade contra meu filho e eu. Eu queria ser um ótimo pai que ama seu filho, mas acho que eu não posso ser. Eu tentei por dois anos. Você sempre ouve sobre esse amor eterno que terá por seu filho, mas eu nunca senti isso”.

O jovem pergunta a outros seguidores da página, se ele estaria errado em colocar seu filho para adoção. Garantindo que ele seria colocado em uma boa família e não iria para um orfanato e começa a narrar um pouco de sua história, dizendo que ele e sua namorada descobriram inesperadamente que estavam “grávidos” enquanto ainda cursavam a faculdade, ambos com 21 anos. Ela quis fazer um aborto e ele foi contra. Então, ambos concordaram que ela teria a criança, mas ele seria pai solo. E foi o que aconteceu. Quando a criança nasceu, a mulher voltou para sua cidade natal e ele passou a ser pai solo.

“Eu estava me formando naquele ano e já tinha um emprego bem remunerado, então senti que poderia sustentar meu filho. Naquele outono, o bebê nasceu e, depois disso, ela voltou para seu estado natal (ela saiu do estado para fazer faculdade) e eu ganhei meu filho. Dois anos após a paternidade, não estou tão confiante quanto originalmente estava com a minha escolha. Eu me sinto tão cansado e isolado do mundo. Minha única companhia é o meu filho, entre o trabalho e ele não tenho tempo livre. Mas também, quem quer um cara de 23 anos com um filho?.

O que me faz pensar que sou um idiota é que meu filho começou a se apegar a mim e que seria injusto para ele deixá-lo ir. E seria injusto para sua avó, que também tem uma boa conexão com ele. Mas o que me faz pensar que não sou um idiota, é que acho que a infância dele só pioraria a cada vez que eu me sentisse mais solitário e insatisfeito. Então, eu penso que ele estaria melhor com uma família mais estável”.

O jovem, como era de se esperar, recebeu muitas mensagens ofensivas e no dia seguinte reeditou a sua postagem dizendo que não colocaria o seu filho para a adoção. Ele reconsiderou sua decisão depois de ler os comentários de outras pessoas e confidenciou que que estava no momento em que escreveu sua postagem estava muito angustiado. “Vou ver um terapeuta porque algo está errado com minha cabeça e preciso descobrir. Também tentarei ingressar em grupos de pais solteiros, como alguns de vocês sugeriram, o que realmente acho que ajudará. Só quero dizer que amo meu filho e que realmente pensei que seria melhor para ele ser adotado por uma família estável”, escreveu o jovem, acrescentando que luta contra a depressão e que suas emoções o dominam.

Abaixo você pode ver a postagem original com os comentários dos seguidores do Reddit. Ela foi feita há 4 anos. Nossa equipe buscou por informações atuais sobre o jovem e seu filho, mas não encontramos. Esperamos, no entanto, que ambos estejam bem.

Que tal aproveitar o assunto para refletir sobre a saúde mental dos homens e a paternidade, seja solo ou de partilha? Por que, ainda hoje, os meninos não são educados para cuidarem de seus filhos? Por que, ainda hoje, é comum um homem abandonar os filhos, um homem não dividir os afazeres com os filhos e com a casa?

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As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.

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