“Nomadland” foi o grande vencedor do Oscar 2021 neste domingo (25),com três prêmios: melhor filme, melhor diretora e melhor atriz. A análise a seguir, é de ‘Tenho Mais Discos do que Amigos‘.
Apesar de não ser o filme com mais indicações ao Oscar 2021 (seis, contra dez de Mank), Nomadland foi o grande favorito para conquistar os principais prêmios de 2021: Bafta (Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Atriz), PGA Awards (Melhor Filme), Critics’ Choice Award (Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Fotografia), Globo de Ouro (Melhor Filme Dramático, Melhor Diretora), Satellite Awards (Melhor Filme Dramático, Melhor Diretora), Leão de Ouro no Festival de Veneza (Melhor Filme), entre outros.
A trama acompanha Fern (Frances McDormand), uma mulher viúva que perdeu tudo na crise econômica de 2008 e adotou um estilo de vida nômade, morando em um veículo adaptado e mudando de cidade e emprego de acordo com as suas necessidades.
Um dos objetivos do filme é simples: apresentar o mundo do nomadismo para boa parte dos espectadores. Levando a sério a adaptação do livro homônimo (lançado em 2017, pela escritora Jessica Bruder), Nomadland retrata de forma quase documental esse estilo de vida, incluindo personagens da obra original no elenco.
A direção de Chloé Zhao é impecável e, por causa dela, fica difícil diferenciar quem é ator de quem não é – para os desavisados, esta distinção sequer é percebida. Com isso, o filme ganha em naturalidade, transmitindo uma credibilidade a qual apenas quem vive naquelas condições poderia compreender. Colocando uma atriz do calibre de Frances McDormand no meio desse pessoal, a fórmula do sucesso se completou.
Outro pilar fundamental de Nomadland é o contexto econômico que leva pessoas a escolherem um estilo de vida nômade. A precarização das condições de trabalho promovida por gigantes do mercado faz com que cada vez mais cidadãos norte-americanos sejam obrigados a viver com o mínimo possível.
A produção foi corajosa ao incluir os pátios da Amazon como um elemento importante na construção desse perfil, mostrando como a estrutura capitalista não faz a menor questão de proporcionar condições de ascensão social à classe trabalhadora. Além disso, é fácil entender como tais empresas se beneficiam dos subempregos por meio da exploração dessa mão de obra desesperada.
Apesar de muitos nômades o serem por opção, o sistema no qual eles estão inseridos os expõe a condições precárias, com salários baixos, instabilidade, pouco ou nenhum acesso a segurança, saúde e outros serviços básicos.
Além do prêmio principal, “Nomadland” também levou dois outros prêmios: Direção, para Chloé Zhao, e Atriz, para Frances McDormand. Com a vitória, Zhao se tornou a segunda mulher a vencer na história da categoria. Antes dela, apenas Kathryn Bigelow havia ganhado, em 2010, com “Guerra ao terror”. Esta edição do Oscar também foi a que mais premiou mulheres, com 17 vitórias. Seis filmes levaram duas estatuetas cada: “Meu pai”, “Mank”, “Soul”, “Judas e o Messias Negro”, “A voz suprema do blues” e “O som do silêncio”.
Desde 15 de abril, Nomadland já estava nos cinemas do Brasil. Mas não está no catálogo da Netflix, nem em nenhuma outra plataforma. Não há previsão de estreia nos serviços de streaming disponíveis no Brasil.
Confira o trailer de Nomadland:
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