No Brasil, as aulas estão suspensas em todos os estados para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. A medida não é exclusiva do país. No mundo, de acordo com os últimos dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que monitora os impactos da pandemia na educação, 188 países determinaram o fechamento de escolas e universidades, afetando cerca de 1,6 bilhão de crianças e jovens, o que corresponde a 91,3% de todos os estudantes no mundo.
Segundo dados do Censo Escolar, em 2019 havia 47,9 milhões de alunos matriculados na educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) em todo o país, nas redes pública e particular. Com tantos estudantes em casa, algumas instituições de ensino tentam manter as aulas e as lições a distância. O que tem representado um desafio hercúleo para os pais (especialmente para as mães), que já estão sobrecarregados com todas as mudanças que a situação impôs; com as preocupações com o financeiro, com o estresse, com a desesperança, com as incertezas quanto ao futuro e, especialmente, com a não preparação para ‘ocupar’ o lugar de educadores dos filhos.
Disse Garcia, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) A entidade é favorável ao uso de tecnologias da informação, mas avalia que é importante respeitar as formas do estudante aprender.
Sem aprofundarmos muito nas questões políticas, na falta de investimento na educação; na realidade de que milhões de crianças e jovens não têm acesso á internet (muitos sequer acesso á escola); de que o desemprego cresceu exponencialmente com o isolamento social e, por isso, muitos nem voltarão ás aulas… vamos nos agarrar, por hora, nas experiências enviadas por nossos leitores.
Temos recebidos várias mensagens de mães e pais nos contando como têm lidado com o aprendizado dos filhos. A maioria diz que as maiores dificuldades são: estabelecer uma rotina; conseguir o respeito dos filhos quando ao que está sendo ensinado; lidar com a tecnologia (seja celular ou computador); lidar com o conteúdo enviado pelos professores; ter paciência com ‘a preguiça’, o desinteresse, e erros apresentados… Muitos afirmam que estão esgotados físicos, mental e emocionalmente, e não são poucos que, ás vezes, perdem a paciência ao estremo de chorar, xingar, gritar e até agredir os filhos.
Tivemos lados positivos também, é claro. Alguns bons exemplos são:
Descobrimos por meio da prática trazida pela pandemia de Covid-19, que nem o computador com acesso á internet, nem a boa vontade dos pais em conjunto com a escola, puderam sequer nos fazer refletir, na possibilidade de que os professores poderiam, ou poderão, um dia, ser substituídos pelo ensino – unicamente – á distância.
Os professores são as criaturas mais necessárias e úteis da Terra. Deviam ser tratados com muito respeito e deferência. O professor sabe que sua missão é ensinar, compartilhar conhecimento, propagar informação, fazer o outro crescer, mostrar caminhos, dar as mãos, conduzir ao desejo e ao encantamento pelo saber, pelo pensar, criar vínculos, se aproximar e compreender o outro. Para que isto funcione bem, faz-se necessário estabelecer, além da didática, uma pedagogia do amor, muito mais complexa, que não exige apenas seu desenvolvimento cognitivo, mas também suas habilidades socioemocionais, oriundas de boa saúde mental.
Precisamos nos preocupar com a saúde mental dos professores e lutarmos por políticas públicas que priorizam a educação: conquanto, 1 em cada 3 professores no Brasil está com depressão. No ano de 2017, até setembro, houve 27.082 afastamentos de docentes. O receio quanto ao futuro como docente é dos gatilhos ao desencadeamento de transtornos mentais graves do tipo depressão, transtorno bipolar, crises de ansiedade e síndrome do pânico. Dentre estes, o mais grave é a depressão, pois mais de 90% das pessoas que optaram pelo suicídio apresentaram quadros agudos de depressão.
O governo federal determinou que as instituições de ensino estão isentas de cumprirem o mínimo de 200 dias letivos, mas manteve a carga horária, de 800 horas, necessária para completar o ano de estudo. Entretanto, para o presidente da Undime, é preciso flexibilizar essa regra na educação infantil, que inclui creches e pré-escolas, e discutir a medida com os conselhos de educação, já que não se sabe quanto tempo vai durar a suspensão das aulas. Essa etapa também precisa ficar de fora da regulamentação de educação à distância, segundo Garcia.
“A educação infantil é o cartão de entrada dessa criança na vida escolarizada. Se não formos eficazes agora, nós estamos condenando uma criança a uma vida inteira de uma impressão ruim da escola. A escola é interação, troca de experiência, é aprendizagem constante uns com os outros. Vamos assumir esse papel, essa pandemia é um momento de aprendizagem, não vamos atropelar e colocar a frieza da lei acima do bom senso”, ressaltou o professor
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional o ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais. Para o ensino médio, poderá acontecer por meio de convênios com instituições de educação à distância. E para a educação infantil, não há essa previsão, mas há a expectativa, em meio às ações de enfrentamento da pandemia, de que o ensino a distância seja estendido também a essa etapa para validação da carga horária obrigatória.
Artigo organizado pela psicopedagoga, escritora e psicanalista Clara Dawn. Especial para o Portal Raízes. As informações técnicas são da Agência Brasil
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