O ‘não’ conserva as relações entre pais e filhos, amigos e casais. Define a nossa identidade e reforça a autoestima. Dizer sim a tudo é sempre a pior estratégia”. As ideias são do psicólogo
Joaquim Quintino Aires que, já habituado a presenças assíduas na televisão, continua a escrever livros. O mais recente, A Arte de Dizer Não! (Lua de Papel).
No seu habitual apontamento na TVI, Quintino Aires reforça a sua teoria: “Os pais não são amigos dos filhos”. Na posição deste conceituado psicólogo, “Os amigos são aquelas pessoas que passam pela nossa vida e que, com as naturais mudanças ao longo dos tempos, podem ir e voltar ou mesmo perder-se no percurso, o que não pode acontecer numa relação entre pais e filhos, pelo que se pode afirmar que pais e filhos partilham uma relação de afeto para a vida”.
O especialista realça que não podemos encarar os nossos filhos como aqueles que vão ocupar um lugar de amigos deles. Mesmo porque amigos não têm a obrigação de educar integralmente. Amigos não passam a noite verificando a temperatura, não levanta no meio da noite só para saber se a pessoa está respirando direito; amigo não limpa vômito, não leva e busca na escola; não ajuda na lição de casa; não tem conversa chata sobre boas maneiras e tudo mais. Mas os pais precisam fazer tudo isso. Os pais precisam assumir que são adultos e aceitarem sim, os títulos de caretas e educadores.
Existe uma tendência para condicionar as crianças em prol dessa suposta amizade entre pais e filhos que não é correta: “ser pai ou mãe é ser capaz de gerar um ser, de lhe dar afeto, compreensão, educação e de o preparar para a vida, sabendo que, quanto melhor correr esse processo, melhor será a relação no futuro entre pais e filhos”, diz Quintino.
“É comum que me cheguem à consulta pais que se dizem amigos dos filhos e que na hora de os ajudar não sabem qual é a melhor posição a assumir, já que tudo se confundiu ao longo dos tempos. Os pais têm uma relação afetiva que sabe respeitar as escolhas dos filhos e os apoia quando eles mais precisam, não podemos descartar os nossos filhos quando eles não fazem aquilo que não queríamos para eles, ou nos desiludem com as suas amizades e namoricos, por isso é fundamental assumir os limites dos pais na relação com os filhos”, afirma.
Quintino Aires acredita que, “é fundamental não encarar os filhos como amigos, mas sim como uma relação afetiva que requer respeito, autoridade e liberdade para que os mais jovens possam fazer o seu natural processo de desenvolvimento de forma saudável e equilibrada. As crianças desenvolvem-se de forma emocionalmente mais segura quando os pais mostram de forma muito clara o seu afeto e quando são capazes de reforçar positivamente os sucessos dos filhos”.
O especialista conclui falando da importância de colocar limites aos comportamentos das crianças, pelo que, “um estilo parental permissivo tende a gerar crianças vulgarmente apelidadas de mimadas e com fraca resistência à frustração”.
Os pais têm de ter coragem para intervir e contrariar a vontade dos filhos
Para que não haja margem para dúvidas, “as crianças precisam de afeto e também precisam de se divertir com os pais. Mas isso não deve implicar uma postura de ‘deixa pra lá’, pura e simplesmente. Não é ajustado permitir que cada criança viva de acordo com as suas próprias regras, ignorando a necessidade de impor barreiras, dizer não e até de implementar disciplinas”. É o que afirma a psicóloga
Cláudia Morais (capa)e continua:
“A verdade é que a inexistência de retorno negativo, de imposição de regras, geraria problemas sérios para o desenvolvimento emocional da criança que, estou segura, teria muito maior probabilidade de enveredar por comportamentos problemáticos mais cedo ou mais tarde”.
A Psicóloga adianta: “os pais têm de ter coragem para intervir e contrariar a vontade dos filhos, impondo-se enquanto figuras de autoridade (que os amigos não são) que os poderão ajudar a transformar-se em adolescentes e adultos emocionalmente seguros e inteligentes. Para isso, é preciso firmeza e capacidade para reagir sempre que os filhos façam algo que não seja aceitável”.
“Estes limites devem fazer parte de regras bem definidas, em que as consequências para cada escolha futura estejam claras. Claro que as regras também devem traduzir o exemplo prático do comportamento dos pais – a ideia do ‘Faz o que eu digo, não faças o que eu faço’ é absolutamente antipedagógica”.
“Os pais devem ser capazes de mostrar o amor que sentem pelos filhos de forma clara, inequívoca. E isso também passa por serem capazes de se divertir com as crianças/ os adolescentes, desde que nunca deixe de ficar claro quem é o progenitor e quem é o filho, isto é, quem é que tem o dever de fomentar a segurança de quem, quem é que educa quem”. Adverte Cláudia Morais.
Da redação de Portal Raízes. Editado a partir dos saberes dos profissionais: Cláudia Morais e Joaquim Quintino Aires. As informações contidas neste artigo são apenas para fins informativos. Se você gostou do texto, curta, compartilhe com os amigos, e não se esqueça de comentar. Pois isto contribui para que continuemos trazendo conteúdos incríveis para você. Siga o Portal Raízes também no
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