O maior estudo de imagem cerebral de crianças já realizado nos Estados Unidos revelou diferenças estruturais no cérebro daqueles cujos pais têm depressão. A depressão é uma condição de saúde mental comum, debilitante e incapacitante e só no Brasil atinge mais de 11 milhões de diagnosticados. Embora as causas da depressão sejam complexas, ter um pai ou mãe com depressão é um dos maiores fatores de risco conhecidos. Estudos têm mostrado consistentemente que filhos de pais com depressão têm duas a três vezes mais chances de desenvolver depressão do que aqueles sem histórico de depressão nos pais.
Um novo estudo, liderado por David Pagliaccio, PhD, professor de neurobiologia clínica no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Médicos e Cirurgiões da Universidade de Columbia, encontrou diferenças estruturais no cérebro de crianças com alto risco de depressão devido à história depressiva dos pais.
O estudo foi publicado no Jornal da Academia Americana de Psiquiatria da Criança e do Adolescente. Os pesquisadores analisaram imagens do cérebro de mais de 7.000 crianças participantes do estudo de desenvolvimento cognitivo do cérebro adolescente (ABCD), liderado pelo NIH. Cerca de um terço das crianças estavam no grupo de alto risco porque tinham um pai com depressão.
Nas crianças de alto risco, o putâmen certo – uma estrutura cerebral ligada à recompensa, motivação e experiência de prazer – era menor do que nas crianças sem histórico parental de depressão. Randy P. Auerbach, PhD, professor associado de psicologia médica na Faculdade de Médicos e Cirurgiões da Universidade de Columbia, observa:
“Compreender as diferenças no cérebro de crianças com fatores de risco familiares para depressão pode ajudar a melhorar a identificação precoce das pessoas com maior risco de desenvolver depressão e levar a um diagnóstico e tratamento melhore. Essas descobertas destacam um fator de risco potencial que pode levar ao desenvolvimento de distúrbios depressivos durante um pico. Entretanto, em nossa pesquisa anterior, volumes menores de putâmen também foram associados à anedonia – uma capacidade reduzida de experimentar prazer – que está implicada em depressão, uso de substâncias, psicose e comportamentos suicidas. Esse menor volume de putâmen é um fator de risco transdiagnóstico que pode conferir vulnerabilidade a transtornos mentais de base ampla”.
A importância de se começar a terapia com os filhos de pais depressivos desde o ventre materno
A percepção inconsciente de uma criança inicia-se desde o momento da concepção. E esta percepção não é menor que nas idades posteriores. Desde o momento inicial no útero materno, a criança – ainda que não se reconheça com uma identidade corpórea única e distinta de sua mãe – ela vivencia experiências de alegria, tristeza, rejeição, amor, raiva, desamor dos seus pais para com ela e dela para com eles. Se os sentimentos negativos são mais vivenciados do que os positivos, se a criança – no ventre – percebe que sua vinda ao mundo é indesejada, se os seus pais – por causa dela – brigam e ficam tristes, ou apenas são tristes sem que o motivo seja ela, é provável, segundo estudos, que ela possa desencadear a depressão na infância, ou na adolescência, ou na vida adulta, concomitante com uso de álcool ou outras drogas, ou depois de trauma ou luto, ou depois de uma, das diversas, crises existenciais que passamos pela vida em nossas fases de podas-neurais do cérebro.
Em síntese, se você que deseja ser mãe, foi diagnosticada com depressão ou outros transtornos mentais graves do tipo Síndrome do Pânico, Transtorno Bipolar, Ansiedade Patológica ou Esquizofrenia, aposte na escuta terapêutica, nas meditações, na Yoga, nas caminhadas ao ar livre: sempre com pensamentos amorosos, positivos, altruístas, alegres, dançantes… em relação à criança. Leia para ela, cante para ela, dance para ela, medite com e para ela.
Texto organizado por Clara Dawn, psicopedagoga, psicanalista, escritora, pesquisadora e palestrante.
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