Empatia é uma qualidade essencialmente voltada para o exterior. É se colocar no lugar do outro para entender seus pontos de vista e vivenciar suas emoções. A auto-empatia, ao contrário, está voltada para dentro. Isso nos permite nos dar aquele abraço reconfortante tão necessário quando as coisas dão errado.
A auto-empatia é uma habilidade psicológica que nos permite perceber e reconhecer o que está acontecendo dentro de nós. Isso nos dá um lugar na primeira fila para captar e compreender nossos pensamentos, emoções e impulsos.
Portanto, a auto-empatia implica uma exploração profunda e pessoal do que acontece em nosso mundo interior. É o “eu” que se observa com empatia. Isso significa que nos abrimos para nossas experiências interiores sem julgamento, como faríamos com um amigo.
Um dos motivos pelos quais resistimos a praticar a auto-empatia é porque a confundimos com autopiedade e a percebemos mais como um eufemismo para complacência. Isso gera uma certa rejeição a nós e faz com que nos tratemos com muita severidade.
No entanto, enquanto a autopiedade envolve tratar a nós mesmos com a mesma gentileza, preocupação e apoio que daríamos a um bom amigo, a empatia por si mesmo vai um passo além ao suprimir o julgamento. Ao contrário da complacência, que pode se tornar uma força destrutiva, a auto-empatia geralmente gera um nível mais alto de autoconhecimento, sensibilidade ao próprio sofrimento e um maior compromisso pessoal em encontrar soluções úteis para os problemas que nos preocupam.
Auto-empatia, portanto, implica reconhecer que, como outras pessoas, merecemos compreensão e compaixão. Isso não nos impedirá de exigir o máximo de nós mesmos, mas nos impedirá de nos recriminar e punir injustamente quando não conseguirmos. De certa forma, a auto-empatia equilibra os parâmetros que usamos conosco e com os outros.
Quando somos auto-empáticos, entendemos que, sejam quais forem os erros que tenhamos cometido, merecemos uma segunda chance. Concentramos a compreensão que normalmente damos aos outros em relação a nós mesmos, para não ficarmos presos no atoleiro de nossos julgamentos e recriminações.
Isso não significa que acreditamos ser superiores, que achamos que merecemos mais do que os outros ou que desculpamos nossos erros, mas apenas que nos tratamos com mais bondade enquanto tentamos melhorar e crescer.
A auto-empatia não nos exime de nossas responsabilidades ou da necessidade de nos desculparmos quando erramos, apenas significa que, como todo mundo, merecemos tratar uns aos outros com amor, compaixão, compreensão e empatia. Essa capacidade nos ajuda a nos sentir bem em nossa pele e a fazer as pazes com nós mesmos enquanto nos esforçamos para nos tornar a pessoa que queremos ser.
Trecho extraído de Rincón de La Psicología, traduzido e adaptado por Portal Raízes.