Quando somos traídos não é só as nossas emoções que adoecem. Por causa das emoções adoecidas, o corpo também adoece: a boca fica o tempo todo amarga; parece que temos um nó na garganta; a saliva fica grossa; não temos apetite nem mesmo para aquilo que mais gostamos de comer; o coração parece uma massa pesada e ardente dentro do peito; o cérebro entra em estado de choque e por isso o sono é instável – dormimos e acordamos – pensamos que dormimos por horas, mas quando olhamos no relógio foram só 15 minutos.

E aquele pensamento traumático vai tomando conta de nossos dias, horas e minutos e se não reagirmos com determinação à autocura, entramos em risco iminente de um adoecimento mental que poderá desencadear crises de dores preexistentes tais como inflações na coluna, fibromialgia, infecções no fígado, no estômago, nos rins e até mesmo depressão grave.

É assim que nos sentimos quando somos traídos por alguém que respeitávamos, admirávamos, confiávamos, amávamos.  E só nos sentimos traídos, exatamente, porque sentíamos tudo isso pela pessoa.
Quando se encontra alguém afim e vocês descobrem que juntos são melhores que sozinhos, é um dever ser leal. Em alguns casos, grato.

Não é virtude seguir as regras, é obrigação. Exaspera-me muitíssimo o falso moralista: o que se diz fiel e exige fidelidade enquanto elabora meios de flertar com outras pessoas sem ser descoberto.

Imagino que deve ser muito difícil ser alguém assim. Pois é preciso deslocar muita energia, que poderia ser usada num proposito digno à existência, para usá-la na costura de mentiras. E pior que isso, uma vez pego em flagrante, ter a a desfaçatez de colocar no outro, com grande sucesso, a culpa pelo seu erro.

Gente assim, entra na vida da gente e a gente aplaude, admira, segue, defende, luta com e por, dedica tempo, ama e até adora. Sim, porque a gente, mesmo que, às vezes, atine que a pessoa é falsa, é claro, ela consegue lograr. Os falsos são ótimos nisso.

Outrossim, a mentira sempre revela toda a verdade sobre alguém. Não é bom para a saúde mental caminhar ao lado de gente mentirosa. E como disse Bukowski, se alguém lhe engana não é porque você é tolo, mas porque você confia nas pessoas mais do que elas merecem.

Então: priorize a sua paz de espírito. Priorizar a paz de espírito é praticar o amor próprio. E amor próprio é saúde mental, emocional e física.

Texto de Clara Dawn, escritora, psicopedagoga, psicanalista, pesquisadora e palestrante.






Clara Dawn é romancista, psicopedagoga, psicanalista, pesquisadora e palestrante com o tema: "A mente na infância e adolescência numa perspectiva preventiva aos transtornos mentais e ao suicídio na adolescência". É autora de 7 livros publicados, dentre eles, o romance "O Cortador de Hóstias", obra que tem como tema principal a pedofilia. Clara Dawn inclina sua narrativa à temas de relevância social. O racismo, a discriminação, a pedofilia, os conflitos existenciais e os emocionais estão sempre enlaçados em sua peculiar verve poética. Você encontra textos de Clara Dawn em claradawn.com; portalraizes.com Seus livros não são vendidos em livrarias. Pedidos pelo email: [email protected]