“É necessário maior atenção por parte do Ministério da Educação (MEC) na carga horário dos graduandos em Pedagogia e Licenciatura, no que tange aos temas da contemporaneidade, com o avanço no diagnóstico e tratamento de transtornos de comportamento e de aprendizagem, plano educacional individualizado e educação”.
Historicamente, professores não eram formados na graduação e ainda sofremos esse impacto. A primeira infância deve ser mais valorizada, parafraseando Cora Coralina, “a infância é o chão que a gente pisa” e de acordo com James Heckman, ganhador do Nobel de economia “investir em educa
ção para a primeira infância (0-5 ano) é uma estratégia eficaz para o desenvolvimento econômico.
Na etapa entre o nascimento e os 5 anos de idade, o cérebro se desenvolve rapidamente e é mais maleável. Assim, é mais fácil incentivar habilidades cognitivas e de personalidade – atenção, motivação, autocontrole e sociabilidade – necessárias para o sucesso na escola, na saúde, carreira e na vida.
No Brasil, mesmo em escolas privadas, professores recém lançados nas salas de aula… sem contar com a desvalorização salarial e falta de reconhecimento profissional. Para se atualizarem e se qualificarem para acompanhar as demandas da profissão e a lacuna na formação acadêmica, precisam ser melhor remunerados, livros, curso de pós graduação, mestrado e um segundo idioma!
Além disso, respeito, reconhecimento e valorização por parte da sociedade também é muito importante. Afinal, são os formadores dos trabalhadores, líderes e gestores do futuro do Brasil. Essas crianças cuidarão de nós. Mais amor, por favor!
E, assim como nossa crianças precisam estar motivadas para o sucesso escolar. Professores têm de estar motivados para ensinar. MOTIVAÇÃO é a engrenagem no processo de aprendizagem.
Teorias cognitivas da motivação dão prioridade ao estudo de crenças, valores e, sobretudo das emoções do indivíduo, por considerarem que essas são mediadoras do COMPORTAMENTO. Exatamente, do comportamento e, exercem forte influência no processo motivacional. Ora, se as emoções do indivíduo mediam o comportamento, não será um comportamento apresentado em sala de aula, por exemplo, RAIVA ou desmotivação , que dará um diagnóstico a um aluno.
Daí a chuva de diagnósticos de Transtorno Opositor Desafiador (TOD), feitos em sala de aula. A motivação além de recíproca é um processo psicológico – um processo e não um produto. E, mais a motivação deve ser sustentada. E mais, a motivação deve ser sustentada. E, não é para ser fácil, porque é preciso manter o foco. E, tratando-se de pré escolares e escolares.
O aluno intrinsecamente motivado concretiza a tarefa pelo prazer, porque se interessa por ela e se satisfaz. E, isso vai motivá-lo a concluir outra e outras mais. E, em se tratando de alunos com Transtorno de Comportamento, como o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), por exemplo, aí que pode ser melhor exemplificado.
Tais alunos, em geral, “rotulados” como “problemas”, também costumam receber repreensões e castigos (reforços negativos). Contudo, por terem um cérebro ávido por dopamina, “neurotransmissor do prazer”, o ideal é que recebam cada vez mais reforços positivos para que a dopamina seja liberada na fenda sináptica e, se sintam cada vez mais felizes e motivados com o processo de aprendizagem.
Por isso o uso do feedback do desempenho focalizado internamente (ex. “saiu muito bem nesta atividade de matemática) e do feedback do desempenho focalizado atribucional (competência e esforço para sucesso e de ausência do esforço para o fracasso, associado a relatos de capacidade e de utilização de estratégias ajustadas), são extremamente importantes para o desempenho dos alunos em tarefas programadas.
É notória a melhoria nos alunos que atribuíram para o sucesso o próprio esforço e a capacidade e para o fracasso a falta de esforço. E não podemos comparar crianças e que dirá alunos! Porque além de cada aluno ser único (de acordo com a genética e experiências em família), existe algo que se chama a “teoria da autodeterminação”.
Daí caros pais e educadores, não adianta comparar Joãozinho com Pedrinho!, porque de acordo com essa teoria, os objetivos subjacentes à motivação são diferentes de indivíduo para indivíduo, sendo um continuum entre intrínseca (de dentro) e motivação extrínseca (de fora) e, isso vai depender do nível de interiorização que o sujeito faz de suas experiências.
Pelo exposto, é papel do professor,transformar a sala de aula em um ambiente afável, para que o aluno tenha sensação de pertencimento à esse espaço, físico e social, construindo um ambiente onde o aluno se sinta integrado e, veja legitimadas as suas dúvidas e seus pedidos de ajuda.
A aprendizagem é influenciada pela inteligência, incentivo, motivação e, na perspectiva de alguns autores, pela hereditariedade – elementos fundamentais para manter as novas informações adquiridas e processadas. E, como previamente mencionado, um indivíduo motivado é ativo e empenhado na sua aprendizagem.
Não é função da escola promover ajustamento afetivo, saúde mental ou mesmo felicidade. Cabe à escola esforçar-se a propiciar um ambiente saudável e seguro, onde os alunos sintam-se bem, pois nestas condições as atividades aplicadas são facilitadas. E, para isso, é preciso investir na formação do professor.
Dessa forma, é urgente a reformulação do curso de pedagogia e a capacitação e educação continuada dos professores de educação. A sociedade como um todo, bem como gestores, entidades públicas e os profissionais de saúde que conduzem essas crianças precisam refletir sobre a função e formação do educador, tanto no que tange crianças com crescimento e desenvolvimento dentro do esperado, quanto para crianças com desvios para mais ou menos dentro de desenvolvimento.
Afinal, de nada adianta a ciência avançar, diagnósticos serem feitos, drogas serem desenvolvidas, coexistir uma equipe multidisciplinar acompanhando essas crianças, se isso não for replicado nas escolas por falta de conhecimento por parte das equipes, onde nossas crianças passam a maior parte de suas vidas. Isso é educar para a cidadania.