O fantástico cérebro da mulher de 40 anos, segundo neuropsiquiatra

Chega uma idade em que nosso relógio biológico nos alerta para que cuidemos de nós mesmas quando nos complicamos e levamos ao extremo esse crescimento que estamos propondo. Sylvia é uma mulher de 40 anos que se levantou uma manhã e, muito decidida, disse a si mesma: “Acabou. Até agora chegamos aqui. Quero o divórcio”. Estava convencida de que seu marido pensava demais em si mesmo e que a relação não chegava a lugar nenhum.

Ela se deu conta de que havia passado grande parte da sua vida cuidando dos outros e rodeando-se de pessoas que somente se preocupavam com si mesmas. Foi quando na mente de Sylvia se desfez aquela neblina que lhe impedia ver e pode compreender aquilo que antes não compreendia. De alguma maneira havia algo trocado, algumas cordas do seu coração se romperam e, paradoxalmente, Sylvia se convenceu de que tinha cuidar de si mesma uma vez por todas. Ela queria ficar fora da vida, queria se livrar daquilo que não mais funcionava, fazer uma limpeza em seu dia a dia.

O cérebro da mulher depois dos 40 anos

O cérebro da mulher depois dos 40 é uma bomba que está empreendendo sua última volta hormonal. Cada ano da vida passa por muitas águas que apagam algumas de suas conexões neurais; como consequência disto, surgem novos e melhores pensamentos, emoções e interesses.

Como sabemos, no cérebro da mulher se sucedem alterações de maneira constante durante toda sua vida. Sua realidade não é tão estável como a de um homem. De fato, se diz que a realidade neurológica de um homem é como uma montanha, pois as mudanças que acontecem em sua estrutura são quase imperceptíveis.

Sem embargo, a realidade feminina é como o ‘clima’, sempre mudando e difícil de prever. Assim que, se o clima pode mudar semanalmente, é possível supor uma vida repleta de montanhas russas hormonais?

O maravilhoso dom de ser mulher depois dos 40

Tal e como acontece a Sylvia, milhares de mulheres começam a questionar sua vida em determinado período da sua evolução. Elas percebem que são conduzidas por um fio tênue ao lugar onde estão, que anseiam, e que desejam mudar.

Isto acontece porque, de alguma forma, querem suas responsabilidades sem seguir penalizando a si mesmas, aos seus desejos e suas inquietudes. Por isso começam a assumir riscos que as permitem redescobrir aquele caminho que um dia se dividiu.

Por isso é provável que a mulher com esta idade comece a tirar a sujeita de suas lentes, se sinta muito mais desperta, ativa e queira limpar sua vida de situações e exigências a que se submete emocionalmente. Em definitivo, o que ocorre é que a certa idade nossa realidade começa a mudar e tudo parece muito mais nítido e muito mais fácil de seguir até o fim. O poder que uma mulher se impõe com o passar dos anos é algo que reflete muito bem Oprah Winfrey com estas palavras:

“Fico maravilhada de que esta idade ainda está se desenvolvendo em mim, buscando coisas e saindo das fronteiras pessoais para adquirir mais conhecimento. Quando tinha vinte anos pensava que havia alguma idade adulta mágica que faria, talvez aos trinta e cinco anos, que minha “situação de adulta”, seria completa. É engraçado que esta fase foi mudando com o curso dos anos e mesmo com quarenta, agora qualificada pela vida, sinto que não era adulta mas tinha certeza de que seria. Agora a minha expectativa vital ultrapassou qualquer sonho e esperança que nunca imaginara e tenho a certeza de que temos de continuar nos transformando para nos transformar em tudo que queremos ser”.

O que acontece no cérebro feminino?

Nossos hormônios constituem uma parte importante na construção de nossa realidade, pois influem na percepção de nossas experiências, nossos valores e nossos desejos. A partir de certa idade o comando destes sobre o cérebro feminino é muito mais estável, já que contribui para que a mulher possa realçar as interferências de suas prioridades.

A variável concentração de estrogênio em nosso cérebro ao longo de nossa vida nos faz pensarmos no vasto campo das emoções, da comunicação e da empatia. Por isso geralmente tomamos decisões que nos levam a compreender e a sentir mais e melhor.

O certo é que os estrogênios estimulam tanto nosso humor  assim como nossos pensamentos, nossos impulsos, nossa sexualidade, nossos desempenhos e nosso bem estar. Assim se conformam, segundo a neuropsiquiatra Louann Brizendine:

“Muitas atitudes únicas: evidente agilidade mental, habilidade para se envolver profundamente na amizade, capacidade quase mágica para ler nos rostos e no tom de voz, enquanto aperfeiçoa as emoções e estados da alma e adquire uma grande agilidade para desfazer conflitos”.

Os hormônios femininos

Digamos que, a partir da metade da década dos 40, a mulher começa a entrar no final de sua montanha emocional. Graças a estas mudanças cerebrais uma mulher sent6e a necessidade de fazer justiça a si mesma. É dizer que o relógio biológico dispara o alarme cerebral necessário para que a mulher cuide de si mesma e se autorealize. Assim, está quase obrigada ao conhecimento e ao crescimento pessoal que, por uma mistura de questões sociais e biológicas, a mulher já está se superando.

No cérebro de mulheres como Sylvia veríamos que a máquina criadora de impulsos hormonais deixaria de ser assim variável ao enviar estrogênios e progesterona. Como consequência começa a cessar o ciclo menstrual.

Assim, a máquina se torna muito mais precisa e estável. A raiz disto, a amígdala (nossa sentinela emocional), deixará de criar aquela névoa que nos impedia de ver a realidade de maneira objetiva e que nos fazia ameaçadora aquela que não era.

Do mesmo modo, aqueles círculos que unem as áreas de processamento emocional (amígdala e sistema límbico) e as áreas cuja função é analisar e julgar nossa tomada de decisão (corteza prefrontal) estarão muito mais sincronizados. Portanto, atuarão de maneira coerente e, juntos, diagnostica para si mesma.

Dado que haja ou não uma atividade desproporcional destas regiões da mulher, se torna muito mais equilibrada, faz com que pense com maior clareza e não transborda com tanta facilidade. Por outro lado, a cachoeira de dopamina e oxitocina se autorregula da mesma forma, assim é que a fêmea começa a priorizar o contato consigo mesma.

Em palavras finais, a mulher começa a se maravilhar com o seu potencial e conecta com sua realidade de outra maneira. É neste momento que se entoa o canto da liberdade emocional, de um novo equilíbrio e de uma redefinição vital que fará que se sinta muito mais plena.

Fontes bibliográficas consultadas: “El cerebro femenino” de Louann Brizendinne y “Fisiología de la conducta” de Neil Carlson

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