A infertilidade cresce e atinge 1 a cada 6 adultos, diz OMS. No Brasil, cerca de 8 milhões de indivíduos podem ser inférteis. Por que está cada vez mais difícil engravidar? Os especialistas afirmam que o sobrepeso, a poluição ambiental e o estresse são alguns dos fatores que têm promovido um declínio da fertilidade humana.
Conforme o novo relatório sobre infertilidade, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira, cerca de 1 a cada 6 pessoas (17,5%) no mundo enfrentam dificuldades para engravidar. O diagnóstico, definido por não conseguir uma gravidez após ao menos 12 meses de tentativas, afeta o “bem-estar mental e psicossocial das pessoas”, defende o órgão.
“O relatório revela uma verdade importante: a infertilidade não discrimina”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em um comunicado à imprensa. “A grande proporção de pessoas afetadas mostra a necessidade de ampliar o acesso aos cuidados de fertilidade”, acrescentou.
Houve pouca variação entre os níveis econômicos, com os países de renda mais alta apresentando taxas de infertilidade de quase 18% e os países de renda baixa a média registrando taxas de quase 17% (A taxa global foi de 17,5 por cento).
Os pesquisadores passaram por mais de 100 estudos de 1990 a 2021 para gerar estimativas de infertilidade. O relatório, que também foi publicado como um artigo revisado por pares na Human Reproduction Open, definiu a infertilidade como uma doença do sistema reprodutor masculino ou feminino definida pela incapacidade de engravidar apesar de 12 meses, ou mais, de sexo regular e desprotegido.
De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a infertilidade é muito menos comum em mulheres que já tiveram um ou mais partos anteriores. Mas a infertilidade pode ocorrer tanto em homens quanto em mulheres. Distúrbios hormonais masculinos, interrupções nas funções testiculares ou ejaculatórias e distúrbios genéticos podem resultar em infertilidade, de acordo com o CDC .
O custo do tratamento de infertilidade – que é pago principalmente do próprio bolso na maioria dos países, de acordo com a OMS – pode sobrecarregar as famílias, independentemente de seus países de residência serem desenvolvidos ou não.
Entre os motivos para esse impacto, o principal apontado pelos médicos é a busca pela gravidez cada vez mais tarde. Homens com 40 anos ou mais têm maior probabilidade de relatar infertilidade, enquanto mulheres com mais de 30 tendem a relatar taxas mais altas de infertilidade do que mulheres abaixo dessa idade. No caso das mulheres, a idade é crucial pois ela já nasce com com a quantidade de células que vão desenvolver os óvulos, pré-estabelecida, a chamada reserva ovariana. A partir dos 35 anos, a reserva ovariana passa a cair num ritmo gradativo. Para algumas isso ocorre de forma mais rápida, de outras mais lentas, mas acontece para todas.
Mas a idade não é algo apenas ligado à mulher, também marca uma queda na qualidade seminal entre a população masculina — diz a especialista em reprodução humana assistida Mychelle Garcia, ginecologista e obstetra da Maternidade Escola Januário Cicco, vinculada à rede Ebserh, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (MEJC/UFRN).
O sobrepeso, a poluição ambiental, o estresse recorrente, o tabagismo e o uso excessivo de álcool ou drogas podem prejudicar a capacidade masculina e feminina de conceber, diz o CDC.
Estudo têm sugerido que os poluentes ambientais desempenham um papel na infertilidade. Conforme relatado pelo The Guardian, um novo estudo com 18.000 casais na China mostrou uma possível ligação entre os níveis de poluição do ar e a infertilidade (que o estudo e o NHS definem como não engravidar dentro de um ano após a tentativa). Aqueles que vivem em áreas com níveis ligeiramente mais altos de poluição por partículas pequenas tiveram seu risco de problemas de fertilidade aumentado em até 20%.
Metade de todos os problemas de fertilidade estão ligados à qualidade do esperma. Poluentes ambientais liberam Espécies Reativas de Oxigênio (ROS). Isso pode causar estresse oxidativo ao esperma, resultando na fragmentação do DNA (DNA quebrado na cabeça do esperma). Vários estudos indicaram que o alto dano ao DNA do esperma pode estar associado a problemas de infertilidade.
Um outro estudo nos EUA também identificou uma ligação entre a poluição do ar e um menor número de óvulos em maturação nos ovários. Embora nenhum desses estudos possa identificar o poluente exato que causa o problema, eles oferecem uma possível explicação para pelo menos alguns dos 30% dos casais inférteis que sofrem de infertilidade inexplicada no Reino Unido. Antonio La Marca, professor de obstetrícia e ginecologia da Universidade de Modena e Reggio Emilia, disse:
“A poluição do ar pode aumentar o risco de infertilidade, agindo em vários níveis: nas mulheres, pode afetar a qualidade dos óvulos e reduzir a reserva ovariana (um termo amplamente adotado para refletir o número de óvulos em repouso nos folículos do ovário e, portanto, um marcador de potencial fertilidade feminina) . ) e a qualidade dos óvulos, nos homens pode reduzir a contagem e a qualidade dos espermatozoides, pode prejudicar a qualidade do embrião e a receptividade endometrial”.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a infertilidade afeta de 50 a 80 milhões de pessoas em todo o mundo e, no Brasil, cerca de 8 milhões de indivíduos podem ser inférteis.
Embora seja improvável que o estresse por si só possa causar infertilidade, o estresse interfere na capacidade da mulher de engravidar. A pesquisa mostrou que as mulheres com histórico de depressão são duas vezes mais propensas a sofrer de infertilidade. A ansiedade também pode prolongar o tempo necessário para alcançar a gravidez. Estudos em mulheres submetidas à fertilização in vitro comprovaram que o estresse diminui a taxa de gravidez.
Em resumo, controlar o estresse pode melhorar a fertilidade. No entanto, o efeito do gerenciamento do estresse na taxa de fertilidade não foi bem estudado. A maioria das pesquisas disponíveis sugere que há um efeito positivo. Os programas de infertilidade mente-corpo demonstraram melhorar as taxas de gravidez em mulheres com infertilidade.
Um estudo mostrou que 55% das mulheres envolvidas em um programa mente-corpo podem engravidar, em comparação com 20% das mulheres que não participaram de tal programa. Esses programas ensinam técnicas de relaxamento, gerenciamento de estresse, habilidades de enfrentamento e suporte em grupo. Os programas variam de cinco a 10 sessões, e a maioria inclui parceiros masculinos nas sessões.
Neste 20 de novembro de 2024 é a primeira vez em que esta dada é…
Qual é o lugar que a população negra ocupa no Brasil de hoje depois de…
Geneticamente falando, a cor da pele difere entre clara, escura, muito clara, muito escura. Enfim,…
A fibromialgia é uma síndrome crônica caracterizada por dor musculoesquelética generalizada, fadiga, sono não reparador…
Julia Roberts, atriz, ganhadora de um Oscar e três Globos de Ouro, em uma entrevista…
A luta das mulheres por equidade de direitos é uma constante na história mundial, refletindo…