Alguém já se preocupou com a alienação racial? Como todas as ideologias, o racismo se mantém porque as próprias vítimas aceitam. Elas o aceitam por meio da educação. É por isso que em todas as sociedades humanas a educação é monopólio do Estado. Falo da educação em sentido amplo, ou seja, aquela que começa no lar. A socialização começa na família. É assim que, enquanto ideologia, o racismo se mantém e reproduz. A educação colabora para a perpetuação do racismo.

Ninguém nasce racista, definitivamente. Torna-se, ao longo da vida, em grande parte pela educação e formação distorcida que recebe de seus pais, sua escola, sua comunidade… vivencia-no em seu meio e sente confortável em colocá-lo em prática desde a tenra idade.

Apesar de a maioria dos brasileiros ter a cor “parda” ou “preta” (termos segundo classificação do IBGE), essa proporção não aparece em comerciais, filmes, telenovelas e capas de revista. Um estrangeiro desavisado que ligar a TV na novela das nove e ver a Bahia vai pensar que, no Brasil, a esmagadora maioria é branca.

Em sua nova campanha de Dia dos Pais, a marca O Boticário colocou uma família negra estrelando o vídeo bem humorado, onde um pai não é tão engraçado quanto ele acha que é. O fato de a família ser negra, na verdade, não é o assunto do comercial. Se é uma família brasileira, nada mais natural que seja negra. A criação foi da agência Almap.

No YouTube, a versão de 30 segundos da campanha acabou virando alvo de um ataque aparentemente coordenado de racistas, que conseguiram dar 17 mil “não gostei” ao vídeo. Nos comentários, muitos tentavam se passar por bem-intencionados e perguntavam “cadê a representatividade?”, com ironia.

Para eles, o comercial era racista… porque só tinha negros. No mundo ideal deles, era para ter brancos também. Eles se esqueceram dos outros milhares de comerciais feitos só com brancos. Claro, boa intenção disfarçada de racismo. Eles acham que branco também sofre racismo.

Assista o comercial aqui e depois clique para assistir no Youtube e leia comentários.






As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.