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Neofilia: estar sempre buscando novidades, mas logo perde o interesse – Por Winifred Gallagher

Embora traduzida por amizade, a ‘philia’ pode ser entendida como todas as afeições. E mesmo que pareça uma doença terrível, dizer que alguém é um “neofílico”, isso significa, simplesmente, que a pessoa anseia muitíssimo e constante por novidades. Algumas formas de buscar novidades podem, pelo lado positivo, estar relacionadas à criatividade. De acordo com Marvin Zuckerman , as pessoas que buscam prazer em novas experiências também tendem a ser mais criativas. A capacidade de ter grandes ideias parece exigir um certo grau de prazer em expandir seus horizontes mentais para um novo território.

A escritora Winifred Gallagher (capa) reviveu recentemente o conceito de neofilia em seu livro “Novo: Entendendo nossa necessidade de novidade e mudança” – (sem edição em português), a autora conta que a neofilia se baseia nas “emoções do conhecimento”: a surpresa, a curiosidade e o interesse pelas coisas do mundo.

Ela classifica nossa atração por novidades em três graus:

“Nada revela sua personalidade de forma mais sucinta do que sua reação emocional característica à novidade e às mudanças ao longo do tempo e em muitas situações. É também a diferença comportamental mais importante entre os indivíduos”, diz Gallagher. Com base no trabalho do Dr. Cloninger e de outros pesquisadores da personalidade, ela classifica as pessoas como:

  • Neofóbicos: avessos às novidades e mudanças; fazem tudo da forma que já conhecem;
  • Neófilos: gostam de novidades, mas não são aficionados por elas;
  • Neofílicos: viciados em novidades, mas perdem rapidamente o interesse pelas coisas.

Neofílicos indisciplinados geralmente são pessoas inquietas, pulando entre projetos, saindo de empregos e mudando-se com frequência, além de serem obcecados por ter sempre os mais recentes dispositivos eletrônicos, por viver novas experiências ou por conhecer todas as informações possíveis sobre um assunto. Alguns de seus comportamentos mais característicos são: a capacidade de adaptação, a rejeição pela rotina e a tradição, a tendência ao tédio e o inconformismo.

“Embora sejamos uma espécie neofílica”, diz Gallagher, “como indivíduos, diferimos em nossas reações à novidade, porque a sobrevivência de uma população é aprimorada por alguns aventureiros que exploram novos recursos e preocupados que estão atentos aos riscos envolvidos”.

Os neofílicos aventureiros têm maior probabilidade de possuir um “gene de migração”, uma mutação de DNA que ocorreu há cerca de 50.000 anos, quando os humanos se dispersaram da África ao redor do mundo, de acordo com Robert Moyzis, bioquímico da Universidade da Califórnia, Irvine. As mutações são mais prevalentes nas populações mais distantes, como tribos indígenas na América do Sul descendentes de neofílicos que cruzaram o Estreito de Bering.

Buscar novidades não é ruim, mas o excesso é danoso

Segundo a escritora e neuropesquisadora Clara Dawn, a neofilia não é uma coisa negativa para a evolução humana. Se nós fôssemos seres conformados com aquilo que possuímos e com quem somos, como as flores, por exemplo, que não têm ciência que são flores, que têm beleza, perfume e espinhos, e sua evolução se dá apenas para a adaptação do habitat onde se encontra, nós com certeza não estaríamos aqui hoje, ou ainda estaríamos vivendo nas cavernas. De acordo com a escritora, é toda essa inquietação e necessidade de preenchimento do vazio existencial que faz com a gente saia da improdutiva zona de conforto para melhores condições de vida, saúde, alimentação e relações psicossociais.

Entretanto, afirma Clara: “mas se você combinar todo esse afã pela novidade com a persistência e a certeza de que você não é o centro da Terra, poderá beneficiar o universo inteiro com criatividade e inovações necessárias e superlativas”.

E quando a busca por novidade se torna um vício?

Na busca constante por novidades, a dopamina, neurotransmissor do prazer, parece estar envolvida. De acordo com a pesquisa conduzida por Zalid et al (2009) , a alta atividade de dopamina em uma parte específica do mesencéfalo é maior em indivíduos que buscam novidades, mesmo após o controle por idade e sexo. Uma orientação para a recompensa pode ajudar a explicar a relação entre o desejo de buscar novas experiências e a tendência de desenvolver comportamentos de dependência.

A busca pela novidade, portanto, é uma mistura de coisas em termos de capacidade de levá-lo ao longo da vida. Para obter o máximo benefício da busca por novidades, é importante manter o equilíbrio entre a mesmice e a mudança. Novo pode ser melhor do que velho, mas não à custa de sua saúde mental.

Da redação de Portal Raízes. Editado a partir dos estudos da escritora Winifred Gallagher. As informações contidas neste artigo são apenas para fins reflexivos. Se você gostou, curta, compartilhe com os amigos, e não se esqueça de comentar. Siga o Portal Raízes também no FacebookYoutube e Instagram.

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As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.

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