Você sabe em que consiste o trabalho de um psicólogo? Você acredita que ter uma consulta psicológica é o mesmo que desabafar seus problemas com um amigo ou com aquela tia mais velha? Quem procura um psicólogo é quem está ficando louco?
Quem é o psicólogo?
O psicólogo é um profissional da saúde habilitado e com inscrição na Ordem dos Psicólogos, possuindo conhecimento e domínio de competências específicas para trabalhar determinadas queixas ou necessidades apresentadas por indivíduos, grupos e organizações, tendo por objetivo a melhoria da qualidade de vida e do bem estar biopsicofísico, social, relacional e espiritual do paciente ou cliente.
Seu trabalho abrange todas as esferas da vida: individual, familiar, profissional e social, bem como em todos os contextos e fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, adultez e velhice. Abrange também situações especificas de prevenção e de crise já deflagrada.
A intervenção profissional do psicólogo e o seu campo de atuação específico englobam também condições de reabilitação, prevenção, diagnóstico e suporte psicológico em diferentes situações e contextos, sejam estes individuais ou comunitários, utilizando instrumentos específicos de avaliação, tais como os testes e técnicas psicológicas que somente os profissionais da Psicologia podem utilizar.
O psicólogo e o processo de autoconhecimento
Não há nada mais valioso do que descobrirmos quem de fato somos, mas muitas vezes não estamos dispostos a isto, pois temos medo do que precisamos afrontar e modificar. Aprendemos a estar em uma zona de conforto, onde já consolidamos as idéias que nutrimos sobre nós mesmos, da nossa autoimagem e do nosso autoconceito, através das nossas vivências e idealizações que também são reforçadas por nosso meio ambiente.
A banalização da Psicologia
O trabalho do psicólogo tem sido banalizado, confundido e, inclusive, até realizado de forma “ilegal e imoral” por pessoas que não são capacitadas para este exercício, visto que não apresentam arcabouço teórico, tampouco prático, além de disseminar “teorias” de senso comum onde o único prejudicado será a população desavisada.
Chegamos ao ponto onde pessoas que não possuem nenhuma formação em Psicologia ou Psiquiatria oferecerem tratamento e cura para os processos de luto, traumas e até transtornos psiquiátricos, especialmente o Transtorno Maior, (depressão) e Ansiedade Generalizada, através de práticas totalmente infundadas. Isto pode redundar na piora da doença e em casos mais graves, como depressão, pode conduzir a pessoa à praticas autodestrutivas.
Sendo assim, é preciso que a população esteja muito atenta a estas práticas sem nenhum critério. Quando a pessoa traumatizada ou depressiva se suicida, quem responde por isto? As pessoas que passaram as meditações guiadas com “voz mansa” dizendo que seu problema se resolverá como num “toque de mágica” ou o blogueiro que falou sobre bipolaridade e de como resolver seus problemas existenciais? E enquanto isto, sua doença vai se cronificando.
Quando procurar um psicólogo?
Infelizmente a Psicologia tem sido banalizada. Não se trata somente do respeito aos profissionais de saúde mental, mas principalmente e sobretudo do respeito e das conseqüências que o senso comum propaga como verdades absolutas e que não são questionadas por quem delas se utiliza.
Culturalmente, existem algumas crenças que permeiam a figura do psicólogo, tais como: “quem procura um psicólogo é porque não é normal” ou “a pessoa não tem a capacidade de resolver os seus próprios conflitos”, sendo portanto, classificada como pessoa “incompetente”, conflituosa, problemática, frágil ou com poucos recursos internos.
Outra questão que dificulta a “cultura do psicólogo” é que a acessibilidade deste profissional é restrita a alguns grupos sociais com determinadas condições socioeconômicas, enveredando-os por outros procedimentos sem nenhuma credibilidade.
Infelizmente boa parte da população não tem condições econômicas de ser acompanhada por um profissional da Psicologia, mas com certeza, todos precisam, visto que o interessante seria mesmo um trabalho preventivo, além do autoconhecimento para uma vida mais satisfatória e feliz e não apenas quando o problema já foi deflagrado. Infelizmente não temos ainda uma cultura preventiva no tocante às questões psicológicas.
Texto de Soraya Aragão, psicoterapeuta, expert em Medicina Psicossomática, autora do livro: “Fechamento de Ciclo e Renascimento”