A forma mais eficaz de lutar contra aquilo que enxergamos de ruim no mundo é fazendo escolhas conscientes que promovam o bem. O bem e o mal são formas que a consciência pode escolher assumir em um determinado momento. Diferentes níveis de consciência resultam em diferentes definições de bem e de mal.
Assim, podemos interpretar que o mal depende do nível de consciência de cada pessoa. O que define quem vai agir de forma boa ou má são justamente as escolhas que esse indivíduo faz. Mas é importante saber e aceitar que, ainda que você tenha crescido sob forças externas que moldaram suas escolhas na direção do bem, o potencial para o mal também vive em você, em algum lugar.
Ainda que como uma sombra, algo que você finge que não existe, reprime ou varre para debaixo do tapete. Existem algumas condições que facilitam a liberação das energias da nossa sombra: a remoção do senso de responsabilidade, o anonimato (alô, internet!), um ambiente desumanizador, exemplos de mau comportamento dos colegas, níveis rígidos de poder, preponderância do caos e da desordem, impunidade, isolamento e a mentalidade de “nós” versus “eles”. Na presença dessas condições ou das circunstâncias adequadas (na verdade, inadequadas), a sombra de qualquer um, inclusive a nossa, se exterioriza.
O desafio para quem trilha um caminho de espiritualidade – e para qualquer pessoa – é aplicar compaixão e amor nas situações difíceis, de violência. Normalmente, elas fazem o amor se contrair, se transformando em medo e ódio. Diante do mal, nos sentimos impotentes, porque não podemos resolver esse problema em grande escala. Essa sensação de impotência gera em muitos o sentimento de que o bem não vai vencer. Mas, para lutar contra o mal, precisamos olhar para ele com interesse, e não horror.
Quando o mal começa a acontecer em massa (como temos visto em tantos conflitos no mundo), pessoas cujas escolhas costumavam em geral pender para o bem agora começam a participar dos elementos do mal. Quando a sociedade começa a acreditar que todos os problemas estão sendo causados por “eles” (versus “nós”), os “intrusos”, aí, sim, o mal começa a se propagar ainda mais depressa. Porque, mesmo na ponta em que deveriam estar as pessoas mais “conscientes” e, portanto, mais inclinadas a tomar decisões na direção do bem, começam a se multiplicar as forças e circunstâncias que moldam as decisões que pendem para o mal.
O resultado é que nossa capacidade de escolher com mais consciência fica prejudicada. Enquanto acreditarmos nos elementos do mal, manteremos ativa a nossa participação nele. Você também está fazendo escolhas que pendem para o mal ao não se sentir responsável, ao se aproveitar do anonimato na internet, ao seguir a onda dos outros sem muita reflexão, e ao ver a situação como uma guerra de “nós” versus “eles”. Se você acredita na raiva “inofensiva” (aquele comentário odioso no Facebook, sabe?) e no julgamento dos “outros”, você está, sim, participando nos elementos do mal. E, agora que você está consciente disso, repense a sua escolha.