Cultura

Museu decide comprar apenas obras de mulheres por um ano por reparação histórica

Fonte: Hypeness

Para se transformar a velha normalidade repleta de preconceitos, violências e desigualdades embutidas é preciso atitudes efetivas e concretamente transformadoras. Da mesma forma que a dívida histórica racial deve ser reparada não somente no discurso, mas principalmente com eficácia e oportunidades, o Baltimore Museum of Art (BMA), museu nos EUA especializado em arte moderna e contemporânea, decidiu combater diretamente a desigualdade de gênero e a pouca representatividade feminina em seu acervo – e determinou que por um ano só irá adquirir e exibir novas obras de artistas mulheres.

A decisão se justificaria em qualquer instituição do mundo, mas os próprios número do BMA corroboram a necessidade do gesto: das mais de 95 mil obras expostas no museu, somente 4% são creditadas a artistas do sexo feminino – algo em torno de 3800 obras. A guinada englobará 13 exposições individuais, 7 apresentações temáticas e ainda outros eventos a serem agendados, desdobrados em parcerias com outras instituições e escolas para fomentar o debate a respeito da contribuição feminina na história da arte e o desenvolvimento dessa mesma frente na atualidade.

Autorretrato de Sarah Miriam Peale, a primeira artista mulher a ter um quadro no acervo do museu

A iniciativa, intitulada Vision 2020, é parte de um esforço realizado nos últimos anos pelo BMA para não só ampliar a representatividade feminina no museu, como também diminuir a desigualdade racial e de identidades sexuais e de gênero em seu acervo, a fim de representar de forma mais justa e profunda o largo espectro de indivíduos que de fato moldaram a história da arte.

Quadro de Amélie Beaury Saurel, também do acervo do museu

“A iniciativa serve para reconhecer as vozes, narrativas e inovações criativas de tantas mulheres extraordinárias e talentosas”, diz Christopher Bedford, diretor da instituição. “O objetivo é balancear essas proporções e reconhecer as formas com que as contribuições femininas ainda não recebem a atenção pública, acadêmica e crítica que merecem”, diz.

Interior do museu de Baltimore

Texto de Vitor Paiva, via Hypeness

__

Se você gostou do texto, curta, compartilhe com os amigos e não se esqueça de comentar, isso nos ajuda a continuar trazendo conteúdos incríveis para você.

Portal Raízes

As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.

Recent Posts

A cada 10 mortes no Brasil, 1 pode ser atribuída ao consumo de produtos ultraprocessados

"A alma da fome é política", dizia Herbert José de Sousa, o Betinho (capa), ao…

3 horas ago

Redes sociais não são laços sociais: rede é desconectável, mas os laços são eternos – Zygmunt Bauman

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925/2017), autor de mais de trinta obras publicadas no Brasil,…

13 horas ago

Negro ou Preto? É preto – Por Nabby Clifford

Neste 20 de novembro de 2024 é a primeira vez em que esta dada é…

2 dias ago

O dia 20 de novembro e o mito da democracia racial no Brasil

Qual é o lugar que a população negra ocupa no Brasil de hoje depois de…

2 dias ago

“Não é a raça que produz o racismo, é o racismo que separa os seres em raças” – Mia Couto

Geneticamente falando, a cor da pele difere entre clara, escura, muito clara, muito escura. Enfim,…

3 dias ago

A remissão da fibromialgia pode estar relacionada ao que você come

A fibromialgia é uma síndrome crônica caracterizada por dor musculoesquelética generalizada, fadiga, sono não reparador…

4 dias ago