Para que uma sociedade não desapareça, as pessoas que a integram devem fazer pelo menos duas coisas: produzir bens e serviços básicos e reproduzir a espécie humana. Este último significa fecundar, parir filhos e cuidar até que cheguem à idade adulta para que possam, por sua vez, produzir bens e serviços e seguir reproduzido, tradicionalmente, os homens tem trabalho fora de casa, mas que as mulheres, e estas, que também trabalham nas empresas, ainda que menos que os homens, lhes é destinado o trabalho doméstico que é o mais pesado.
Para a espécie humana se reproduza, não basta haja novos nascimentos. Também é necessário que as pessoas que nasçam sobrevivam e que cheguem à idade adulta, para que se incorporarem na produção e procriem novos filhos. E isso só é possível por meio do trabalho do lar, que inclui o cuidado com as crianças e a preparação de alimentos, entre tantas outras coisas.
Se não se fizesse o trabalho da casa, não haveria gente para cuidar das crianças, para que não morressem, desenvolvessem-se e se incorporassem na vida social, produtiva e reprodutiva. Uma criança recém-nascida ou de pouca idade não sobrevive sozinha. Deve ser atendida e cuidada, para que coma, durma etc. E a pessoa que faz esse trabalho, trabalha tanto quanto a que faz sapato em uma fábrica, como a que dirige um veículo de transporte de produtos ou como a que realiza qualquer trabalho em uma empresa ou em um escritório do governo.
Ao longo da história, os homens vêm se dedicando mais ás atividades produtivas fora de casa, e as mulheres, que também passaram a trabalhar fora de casa, continuaram exercendo, geralmente sozinhas, o trabalho doméstico. Isso implica em sobrecarga às mulheres que não só cuidam, lavam, passam, mas também fazem a comida para o consumo familiar. O trabalho de casa é tão ou mais pesado que o que se faz fora dela. Em geral, absorve mais tempo, mas de forma absurda, geralmente não é contemplado como vital para a manutenção e a reprodução dos seres humanos.
Um estudo recente comprovou o que muitas mulheres já suspeitavam: maridos dão muito trabalho. A pesquisa realizada pela Universidade de Michigan mostrou que ter um marido cria uma carga extra de sete horas de trabalho doméstico por semana para as mulheres. Para os homens, ter uma esposa o isenta de uma hora de tarefas de casa a cada semana.
As descobertas da pesquisa são baseadas na análise de dados coletados, desde 1968 até os dias atuais, pelo instituto, sobre a dinâmica da renda familiar. Os pesquisadores avaliaram as atividades diárias dos participantes e questionaram homens e mulheres sobre quanto tempo eles gastavam cozinhando, limpando, cuidando dos filhos, ou fazendo outras tarefas domésticas.
Eles descobriram que as mulheres jovens e solteiras dedicam cerca de 12 horas semanais em tarefas da casa. Já as mulheres casadas gastavam quase o dobro deste montante. As mulheres com mais de três filhos revelaram passar mais de 28 horas por semana cozinhando e limpando.
A conclusão dos pesquisadores é de que a culpa está na continuação de uma sociedade capitalista, patriarcal e machista onde a mulher é forçada a assumir sozinha a responsabilidade pelo lar, além de ganharem salários inferiores aos homens. E a situação fica ainda pior para as mulheres quando têm filhos.
Por mais impressionantes que sejam estes dados, o estudo aponta que no passado a diferença era ainda mais gritante. Em 1976, as mulheres faziam uma média de 26 horas de trabalho doméstico por semana, enquanto os homens faziam apenas seis. Neste prisma há de se levar em consideração a luta das mulheres por direitos entre os gêneros. Mulheres que lutam não querem desobedecerem as leis; querem ser membros participativas na construção delas.
Fontes pesquisadas: Study Shows Women Work Harder Than Men; Michigan News; A representação social do trabalho feminino; A mulher sob o capitalismo: opressão e exploração. Org: Clara Dawn
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