Lygia Fagundes Telles tornou-se um dos contistas mais expressivos do século vinte no Brasil. Em seus contos leem-se as transformações que afetam a classe média brasileira a partir dos anos cinquenta e, mais especificamente, no período da ditadura militar. Coincidindo com o avanço da Psicanálise nos centros urbanos, sua obra tematiza as angústias, os desencontros, as misérias humanas, com ênfase à violência nas relações sociais mais próximas: amorosas e familiares.
A qualidade literária desses contos, em imagens visuais, sugere que a literatura é também uma forma de incursão nas almas e, catarticamente, um lenitivo para os conflitos individuais. É sobre desajustes e desencontros que Lygia constroi seu universo ficcional. Seus contos, porém, não se restringem a documentar as vidas privadas da burguesia urbana. Trabalhando as emoções com a força da palavra, ela sofisticou a forma para criar um mundo em que os limites entre o vivido e o imaginado se confundem o tocam as dimensões do onírico.
Texto de Léa Masina, doutora em Letras, professora adjunta no Instituto de Letras da UFRGS, bacharel em direito e crítica literária.
Lygia Fagundes Teles e o Nobel em Literatura 2016
Lygia Fagundes é paulistana de São Paulo capital, escritora, autora de obras traduzidas para o alemão, espanhol, francês e inglês; italiano, polonês, sueco e tcheco, além de adaptações de suas obras para o cinema, teatro e televisão. Recebeu prêmios como Camões (2005) e Jabuti (1966 e 1974). É fundadora da UBE e faz parte do Conselho Diretor da instituição. São dela as obras, As Meninas e As Horas Nuas .
A União Brasileira de Escritores (UBE) indicou a escritora Lygia Fagundes Teles para o Prêmio Nobel de Literatura. A indicação, por unanimidade, foi enviada na quarta-feira, 03/02/2016 para a Academia Sueca.
O Nobel de Literatura é o maior prêmio literário concedido desde 1901. É atribuído a um autor de qualquer nacionalidade que tenha uma produção de destaque no campo literário. A produção inclui a obra inteira desse escritor, seus principais livros, sua mentalidade, seu estilo e suas filosofias, não distinguindo uma obra em particular.
A Academia Sueca é quem escolhe o escritor. O anúncio é feito em outubro. Em 2015, a escritora e jornalista bielorrussa Svetlana Alexievich, 67 anos, foi a 14ª mulher escolhida pela Academia Sueca.