A cena foi horrível. Luisa Mell foi contatada pela polícia para ajudar no resgate de cachorros da raça pitbull confinados em uma chácara de Mairiporã, perto de São Paulo, onde participavam de uma rinha clandestina. No ato, a polícia prendeu 41 pessoas, entre eles cinco estrangeiros e um policial.
“O caso choca pela crueldade. Fomos chamadas pela polícia em uma missão complexa, mas fundamental: ali, todos os cachorros guerreiam até matar um ao outro. Foram treinados para isso, aliás. Ao todo, resgatamos onze animais muito machucados que, se não fosse a ação policial, seriam todos mortos. Levamos ao Instituto, onde ficarão separados até porque foram treinados a lutar. Não podem dividir o mesmo espaço. Um deles morreu pelo estágio avançado de feridas e há um segundo com a saúde bastante debilitada. A nossa missão é complexa: tratar de animais criados e estimulados para serem agressivos com outro bicho e, então, encontrar uma família para adotá-los. Com humanos, mesmo, esses pitbulls são carinhosos”, conta Lusia Mell.
A apresentadora revelou ainda que havia carcaças de pitbull presentes que eram “Para estimular os bichos ainda vivos a lutarem mais, seja pelo cheiro ou pelo sangue. Eles também têm medo de acabarem daquela forma, então lutam mais e mais”.
A competição também contava com o apoio de um médico e um veterinário, que medicavam os animais feridos para reabilitá-los para uma próxima luta. No local, também foram apreendidos troféus e camisetas com a listagem das competições.
Porém, a justiça determinou a soltura de 40 dos 41 presos em flagrante por participação na rinha, A audiência de custódia determinou que apenas o organizador do evento deveria continuar na prisão. Os demais participantes foram soltos e terão até dez dias para pagar fiança com valor que varia entre dois e 60 salários mínimos.
Animais resgatados indicam uso de anabolizantes
Exames médicos realizados nos animais resgatados apontam uso de anabolizantes nos cães. De acordo com a veterinária do Instituto Luisa Mell, Marina Passadore, “os resultados estão péssimos, eles apresentam aumento de enzimas hepáticas, o que indica que as alterações foram causadas pelo uso indiscriminado de anabolizantes e testosterona”.
A veterinária revelou que os cães estão estáveis e apresentam escoriações. Marina ressaltou que a testosterona que aplicavam nos machos servia para estimular e aumentar a agressividade dos pit bulls. Mas com humanos, “eles são muito bonzinhos, não morderam ninguém, todo mundo pegou no colo, mas não dá para colocar um perto do outro que eles se pegam como se fosse a rinha “, contou a médica da ONG.
Os pit bulls resgatados no sítio onde ocorria uma rinha internacional de cães estão feridos e recebem cuidados em três ONGs: “Instituto Luisa Mell”, “Encontrei um Amigo” e “Pits Ales”.
Depois de receber os cuidados médicos, os pit bulls vão ter ainda de passar por exames, castração e só então será possível analisar se eles estão prontos para a reinserção e convívio com o ser humano.