“Quem anda no trilho é trem de ferro. Sou água que corre entre pedras – liberdade caça jeito” – disse Manoel de Barros. A última frase, “liberdade caça jeito”, é emblemática da natureza adaptativa da água, indicativa, por sua vez, da qualidade primária de ser livre. Ela não precisa saber por entre quais pedras vai correr, só precisa correr. A liberdade caça jeito porque não se conquista percorrendo trilhos, mas sim obedecendo à natureza do que é incerto e não sente falta do “certo”.
A liberdade, assim como a água, sempre peregrina, se transforma e “caça”. É dessa água que bebeu Manoel Barros. É dessa água que todos nós bebemos ou sonhamos em beber.