A campanha Janeiro Branco busca enfatizar a importância da saúde mental. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país nas Américas com maior número de pessoas depressivas, cerca de 5,8% da população. O percentual fica atrás apenas dos Estados Unidos, com 5,9%.
O Brasil também é o país com maior prevalência de ansiedade, no mundo todo. Cerca de 9,3% da população diagnosticada com o transtorno. Em 2021, o Janeiro Branco realiza sua oitava edição. A ideia da campanha surgiu em 2014, através de um grupo de psicólogos da cidade de Uberlândia, em Minas Gerais. O mês e a cor foram escolhidos como uma alusão ao começo do ano, que representa uma ‘página em branco’ a ser preenchida durante o novo ano que se inicia. Banalizando assim o sofrimento de quem verdadeiramente está vivenciando dor psíquica.
Levamos por toda a vida as angústias da infância, somadas aos problemas que vão surgindo. Como se isso não bastasse, ainda existem os fatores psicofísicos + socioculturais. Assim, estágios constantes de alegria e de resiliência não são coisas que dependem de uma tomada de decisão do tipo: ‘a partir de hoje serei mais resiliente e alegre’. Da mesma maneira, estágios recorrentes de tristeza e das dores de existir, não são opcionais, como se a pessoa acordasse e decidisse que naquele dia ficará triste. Isto explica, por exemplo, porque mesmo tendo razões para estar feliz, a pessoa se sente vazia. Ou mesmo passando por tragédias, a pessoa se comporta corajosa e otimista.
Por estas razões, se faz necessária, a prática do amor próprio na compreensão e aceitação de quem é você biológica, mental, emocional e socialmente. Só depois desse encontro consigo mesmo, é que se pode ressignificar às leituras de seu mundo.
Os sentimentos e as emoções precisam ser verbalizados. O que não é verbalizado, aceito, compreendido e ressignificado, pode vir à tona em forma de sintomas. E os sintomas não são silenciosos. Fazem uma algazarra na mente, no coração, no espírito e depois adoecem o corpo. Todo o corpo. Porque não há saúde física sem saúde mental. Se a saúde mental for tratada como prioridade desde à infância, com certeza, o desejo de viver, e não a angústia, seria uma latência.
As nossas emoções, os nossos sentimentos são a caixa de ressonância da saúde de nosso cérebro e de nosso corpo. O cérebro é um órgão igualzinho o coração, o pulmão, os rins e até mesmo os dentes, e assim como a ida ao dentista é algo rotineiro, também a ida aos especialistas em saúde mental deve ser normatizada.
Texto de Clara Dawn, escritora, psicanalista, pesquisadora, psicopedagoga especialista em prevenção ao suicídio na infância e na adolescência.
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