O amor é um mistério. É um dos mistérios mais antigos, e um aspecto desse mistério é como você pode passar rapidamente de amar alguém a odiar de forma absoluta e com toda sua força. Quem é a sua pessoa mais abominável? Você já odiou alguém que você costuma amar? De acordo com o neurobiólogo e pesquisador Semir Zek, a fiação no cérebro associada ao ódio é a mesma que a do amor, não são apostos. Fisiologicamente falando, eles estão literalmente relacionados. Entretanto, pela razão, o ódio é melhor juiz do que o amor.
Um estudo recente do Wellcome Laboratory of Neurobiology mapeou os cérebros de voluntários que declaram ter ódio profundo por um indivíduo específico. A maioria dos participantes escolheu um ex afetivo; outros, um rival do trabalho e alguns escolheram uma figura política famosa.
Os pesquisadores então analisaram a atividade neural dos participantes enquanto olhavam para as fotos de sua “Pessoa mais abominável no mundo” (também mostraram fotos de pessoas que os participantes se sentiam neutro como controle do estudo).
Eles descobriram que o circuito do ódio inclui duas partes do cérebro encontradas no subcórtex: o putâmen e a ínsula. O putâmen é uma parte do cérebro que os cientistas já sabem que tem a ver com desprezo e nojo, e também pode estar envolvido no sistema motor (a parte do cérebro que controla o movimento ou a ação). A ínsula demonstrou estar envolvida nas respostas a estímulos angustiantes.
A parte surpreendente? De acordo com o neurobiólogo e pesquisador-chefe Professor Semir Zeki, (capa) “a rede envolve regiões do putâmen e da ínsula que são quase idênticas às ativadas pelo amor apaixonado e o romântico”.
“O ódio é frequentemente considerado uma paixão-do-mal que deveria ser domada, controlada e erradicada. No entanto, para o biólogo, o ódio é uma paixão igual ao amor”, disse o professor Zeki.
Assim, embora o amor e o ódio estejam aparentemente em polos opostos na literatura e em nosso pensamento comum sobre o assunto, fisiologicamente falando, eles estão literalmente, intimamente relacionados.
Apesar de estarem conectados, não são idênticos, mas mesmo a diferença entre eles é motivo de pausa: quando você examina o cérebro de alguém olhando para uma pessoa que odeia, apenas uma pequena parte do córtex cerebral (associada ao raciocínio e ao julgamento) é desativada; quando estão olhando para alguém que amam, grandes partes do córtex cerebral são desativadas.
Em português claro, isso significa que sua habilidade de exercitar a lógica e a razão fica muito distante quando você está apaixonado por alguém, mas se você odeia essa pessoa, você pode exercer um julgamento melhor.
De acordo com o professor Zeki, “Isso pode parecer surpreendente, já que o ódio também pode ser uma paixão que consome como o amor. Mas, enquanto no amor romântico, o amante costuma ser menos crítico em relação à pessoa amada, é mais provável que no contexto de ódio, aquele que odeia pode querer exercer julgamento ao calcular movimentos para prejudicar, ferir ou de outra forma exigir vingança”.
A lição aqui não é, obviamente, sentir-se livre para odiar as pessoas que você amava. É simplesmente ser gentil consigo mesmo se você notar esse tipo de sentimento surgindo. Sentir uma fúria assassina em relação ao seu ex não faz de você uma pessoa má – na verdade, este estudo demonstra que não há muito o que fazer a respeito.
Existem muitas maneiras de transformar os sentimentos angustiantes em ações angustiantes: fazer atividades físicas que exijam movimento, tais como uma luta, uma dança, correr ou nadar; jogar videogame, escrever, desenhar, fazer trilha, fazer yoga, aprender uma receita de bolo, maratonar uma série, jogar cartas e até mesmo mergulhar no trabalho. É isso que muitos psicólogos dirão que realmente o ajuda a passar por sentimentos conflitantes como o ódio, para que você possa se libertar deles e seguir em frente.
Em suma: Ame. Odeie. Ame. Odeie. Se eles estão ligados no cérebro, então não funciona apenas uma via. Se você pode passar rapidamente do amor ao ódio, também pode ir do ódio ao amor. E não apenas o amor pelo próximo, mas também o amor próprio, amor pela natureza, amor pela humanidade.
Da redação de Portal Raízes. As informações contidas neste artigo são apenas para fins reflexivos e não têm como objetivo aconselhamento médico ou de saúde. Se você gostou do texto, curta, compartilhe com os amigos, e não se esqueça de comentar. Pois isto contribui para que continuemos trazendo conteúdos incríveis para você. Siga o Portal Raízes também no Facebook, Youtube e Instagram.
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