Jonathan Haidt, renomado psicólogo social, em seu livro: “Geração Ansiosa – Como a Infância Hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais” explora os
desafios enfrentados por crianças e adolescentes em um mundo hiperconectado. Ele
destaca como essa nova realidade tem contribuído para uma epidemia de
transtornos mentais. A obra se concentra nas profundas mudanças culturais e
tecnológicas que impactam diretamente a saúde mental dos jovens, desde a
educação até o uso das redes sociais, oferecendo ao final estratégias e soluções
práticas para reverter esse cenário.
O conceito de diagnósticos de ansiedade, depressão e outros transtornos
mentais está relacionado às mudanças sociais e culturais ocorridas nas últimas
décadas. O autor analisa como o crescimento da hiperconectividade e a diminuição
das interações presenciais têm prejudicado o desenvolvimento emocional e social
das crianças.
A transição da infância “baseada no brincar” para uma infância “baseada no celular”
transformou as relações sociais e impactou o desenvolvimento neurológico dos
jovens. Dados preocupantes revelam o aumento de casos de ansiedade e depressão
entre adolescentes a partir do início dos anos 2010, quando o uso de smartphones e
redes sociais se tornou predominante.
O impacto da superproteção na criação de crianças é amplamente discutido. Pais e
educadores, ao tentar proteger os jovens de qualquer desconforto, acabam criando
um ambiente que dificulta o desenvolvimento da resiliência.
Haidt explica que, ao evitar que os jovens enfrentem pequenos desafios ou fracassos,
como resolver conflitos com amigos ou lidar com tarefas difíceis, os pais limitam a
capacidade de seus filhos de desenvolver habilidades essenciais para a vida adulta.
A obra questiona a tendência de supervisionar cada detalhe da vida das crianças, o
que pode resultar em uma geração incapaz de lidar com frustrações e dificuldades.
Permitir que crianças resolvam pequenos desentendimentos com colegas sem a
intervenção imediata dos pais ajuda a desenvolver habilidades de negociação e
autocontrole. Outra prática importante é deixá-las concluir tarefas, como montar
um brinquedo ou um quebra-cabeça, sem ajuda direta, o que ensina a lidar com a
frustração e perseverar diante de desafios.
Para adolescentes, isso pode ser feito ao permitir que eles gerenciem
responsabilidades maiores, como planejar seus horários de estudo ou decidir como
gastar a mesada. Além disso, incentivá-los a organizar atividades com amigos ou
participar de decisões familiares, como uma viagem ou projeto em casa, estimula a
tomada de decisões e o enfrentamento de dificuldades. Essas experiências os
ajudam a desenvolver resiliência e a aprender a lidar com as consequências de
suas escolhas.
As redes sociais têm um papel fundamental no agravamento dos problemas de
saúde mental entre os jovens. O livro destaca que as plataformas digitais, ao
promoverem uma cultura de comparação e busca por validação, estão afetando
diretamente a autoestima dos adolescentes.
A constante exposição às redes, aliada ao fenômeno do cyberbullying, intensifica
sentimentos de inadequação e isolamento. Além disso, o uso excessivo de
dispositivos resulta em fragmentação da atenção, privação de sono e vício, fatores
que prejudicam ainda mais o equilíbrio emocional de crianças e adolescentes.
Caminhos para resiliência e soluções
A obra oferece esperança ao apresentar estratégias práticas para fortalecer a
resiliência e a autonomia dos jovens. Pais e educadores são incentivados a criar
oportunidades para que as crianças enfrentem desafios controlados e
experimentem frustrações em ambientes seguros. Atividades como esportes,
projetos que envolvem resolução de problemas e o brincar livre são essenciais para
um desenvolvimento saudável.
Além disso, o autor defende a necessidade de limites no uso da tecnologia e sugere
que a sociedade, incluindo escolas, empresas de tecnologia e governos, deve
promover mudanças para criar um ambiente mais equilibrado para o crescimento
dos jovens.
Geração Ansiosa é uma leitura indispensável para quem deseja compreender o
impacto da hiperconectividade e da superproteção na saúde mental de crianças e
adolescentes. A obra não só identifica os fatores que contribuíram para a crise de
saúde mental das novas gerações, mas também oferece soluções práticas que
podem ser aplicadas tanto em casa quanto nas escolas.
O livro encoraja pais, educadores e a sociedade a repensarem suas práticas,
promovendo um equilíbrio entre o mundo digital e as necessidades emocionais dos
jovens. Mais do que uma crítica à tecnologia e à cultura moderna, Geração Ansiosa
propõe um caminho otimista e prático para que possamos construir um futuro mais
saudável para as próximas gerações.
Como neuropsicopedagoga, tenho observado em minha prática clínica que a
realidade apresentada por Jonathan Haidt reflete diretamente os desafios
enfrentados por muitas das crianças e adolescentes que atendo. A combinação de
hiperconectividade e superproteção frequentemente resulta em pacientes com
dificuldades de concentração, baixa resiliência e dificuldade em lidar com
frustrações. Essas crianças muitas vezes apresentam sintomas de ansiedade e até
depressão, frequentemente agravados pelo uso excessivo de redes sociais e pela
falta de oportunidades para desenvolverem autonomia e enfrentarem desafios
naturais da vida.
Em meu trabalho, é evidente que a intervenção precoce, com um olhar cuidadoso
para os aspectos emocionais e cognitivos, pode ajudar a reverter parte desse
quadro. Promover atividades que desafiem de forma saudável, encorajar a
resolução de problemas de maneira independente e limitar o uso de telas são
ações fundamentais que ajudam no desenvolvimento de habilidades
socioemocionais e no fortalecimento da autoestima. Acredito que as estratégias
práticas propostas por Haidt são alinhadas com as intervenções que realizo,
oferecendo às famílias e escolas um caminho claro para fomentar o crescimento
emocional saudável de seus filhos.
Texto de Cristiane Silva, mãe, neuropsicopedagoga, consultora e palestrante
apaixonada por transformar o futuro de crianças e adolescentes por meio do
desenvolvimento cognitivo e da educação inclusiva. Com uma sólida formação
em Pedagogia e Direito, é especialista em Neurociência, com ênfase em
Avaliação e Intervenção Neuropsicopedagógica, Alfabetização, e
Psicopedagogia Clínica e Institucional. Instagram: @cristianesilva.psicopedagoga E-mail: cristianesilva.psicopedagoga@gmail.com WhatsApp: (61) 984883034
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