Líder na psicologia da sexualidade humana e especialista nos fundamentos culturais e biológicos do amor, Helen Fisher compartilha informações apoiadas pela ciência sobre atração, seleção de parceiros, infidelidade, a neurociência do amor. Em seu livro “Anatomia do Amor”, ela aborda o que a ciência pode nos ensinar a respeito da maior fonte de prazer e de sofrimento dos seres humanos: os relacionamentos amorosos.
Os sistemas em nosso cérebro que controlam o desejo de um romance duradouro podem ser ativados por quase tudo: uma resposta espirituosa, uma roupa perfeita, um elogio de terceiros. Mas como nossos sistemas de romance são desligados? Estatisticamente falando, há quase tantos casos de desamor como de amor. Parece quase inevitável que a pessoa amada, num repente, deixe de nos amar ou vice-versa. Mas por que isso acontece? O que pode matar o amor que parecia ser imorredouro?
Vale lembrar que todo relacionamento é feito de duas pessoas e as duas contribuem para o sucesso ou para o fracasso do ideal romântico. Todos os relacionamentos duradouros e felizes são iguais, mas os infelizes, são infelizes por razões bastante peculiares. Numa síntese simplista, existem três grandes motivos pelos quais alguém deixa de amar: é você; é a própria pessoa ou é uma terceira pessoa.
Helen Fisher diz que o tipo de coisas que as pessoas reclamam ao dizerem as razões de terem deixar de amar, são desde as mais prosaicas como: roncar, deixar de compartilhar o interesse em fazer coisas juntas, até a mania da outra pessoa em contar piadas inapropriadas. Para entender melhor o que está além dessas justificativas simplórias, a especialista propõe que pensemos no sistema cerebral que controla o amor romântico como um circuito eletrônico:
“Ele pode ser ligado e desligado como um interruptor. Você pode ganhá-lo em um minuto ou perdê-lo em um minuto. E as causas da morte do romance são tão imprevisíveis quanto as do seu nascimento. Às vezes, até fazer as coisas realmente certas pode fazer alguém perder o interesse”.
Helen explica que as pessoas deixam de amar umas às outras por milhões de razões diferentes, e não há muita esperança de prever qual será em qualquer caso: “Pode ser qualquer coisa ou muitas coisas somadas. E, num repente, você perde aquele brilho, você perde aquele foco, você perder a motivação inicial. Simplesmente a chama apaga”.
Parte do desafio de lutar para manter o interesse romântico de alguém você é que o cérebro dela pode ser seu inimigo. Os seres humanos têm uma tendência inerente para o negativo. Tendemos a lembrar e ruminar sobre experiências negativas, mesmo as menores, muito mais do que experiências positivas. Fisher atribui isso à nossa história evolutiva. Embora possa ser muito agradável refletir sobre os aspectos positivos das pessoas, lembrar os aspectos negativos sempre foi mais útil, para que possamos evitá-las no futuro.
Isso significa que é muito mais provável que seu parceiro/a esqueça o quanto você é cativante enquanto defende suas ideias, do que o fato de você roncar enquanto assiste TV. O cérebro dele/a está programado para ampliar suas falhas e ele/a está alimentando isso pelo simples fato de que está com preguiça de se comprometer efetivamente com a relação.
Das infinitas razões pelas quais as pessoas perdem o interesse umas pelas outras, muitas delas não têm nada a ver com aquela pessoa em particular. É preciso compreender que a chama ardente não é eterna. É claro, acontecem tantas coisas negativas entre o casal ao longo do caminho, muitas conexões fracassam simplesmente por causa das circunstâncias e prioridades que ambos estabelecem, que pode ser que a pessoa, ao colocar na balança de prós e contras, tem notado que estar sozinha é menos danoso do que acompanhada.
É preciso ser empática com a pessoa, observar se ela não está vivenciando grandes conflitos existências, problemas com familiares tóxicos ou a saúde física e mental estão em desarranjos. Muitas vezes a pessoa se vê tão envolvida em seus próprios dilemas que esquece de prestar atenção às promessas da aliança afetiva e se perde dentro da relação, não se sente pertencer, não se sente conectada e entra em colapso emocional. Pode até acreditar que deixou de amar e que tudo está acabado. Ou que é melhor acabar para que a outra pessoa siga sua vida por outro caminho. Em casos assim, é aconselhável dar um tempo sozinha. Fazer uma longa viagem sem contato com a outra pessoa. Se reencontrar até sentir falta da outra pessoa ou perceber que estar longe dela é um alívio.
É dramático chegar a conclusão de que a pessoa amada está envolvida emocionalmente por outra pessoa. E quando isso acontece, não dá para seguir em frente com o relacionamento. E a melhor maneira de terminar é terminar de uma vez por todas. Pois lidar com uma traição é muito prejudicial à saúde física, mental e emocional, ainda mais se a pessoa diz que está apaixonada por outra pessoa, a sua autoestima pode despencar e nesse caso precisará de ajuda profissional.
Mas a terceira pessoa também pode ser um parente: pai, mãe, irmã, irmão… bem como pode ser um amigo/a, colega de trabalho ou até mesmo um vizinho/a. Quando um casal abre suas portas para que terceiras pessoas deem palpites, é bem provável que um dos dois, perderá o respeito, a admiração e até o desejo que sente pela pessoa que dá ouvidos a terceiros.
Casamento é feito de duas pessoas, já dissemos isso, então os dois devem resolver os seus problemas e se não conseguirem sozinhos, não há nada de errado em buscar ajuda profissional. O relacionamento é uma prioridade em suas vidas, então nada impede que vocês sejam estudantes dedicados a ele. Busquem por leituras de profissionais em relacionamentos e não hesitem em procurar um terapeuta de casal.
É na experiência clínica ao atender casais que os especialistas em relacionamento encontram base científica capaz de elencar dicas para que a chama da afeição, do respeito, da cumplicidade, da sintonia e da paixão permaneça acessa ao longo dos anos. Confira:
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