“Quase 5 milhões de crianças nasceram na Síria desde 2011. Elas não conheceram nada além de guerra e conflito. Em muitas partes da Síria, elas continuam a viver com medo de violência, minas terrestres e resíduos explosivos de guerra. E a situação das crianças com deficiência é ainda mais avassaladora”, disse o representante do UNICEF na Síria, Bo Viktor Nylund.

A guerra na Síria tem deixado a vida e o futuro de uma geração de crianças por um fio, alertou o UNICEF, quando o conflito alcança a marca de 11 anos. A situação de muitas crianças e famílias continua precária, com quase 90% das crianças necessitando de assistência humanitária. Somente ontem, três crianças teriam sido mortas por munições não detonadas na cidade de Aleppo. Onze anos depois do início da crise na Síria, a violência, o deslocamento e a falta de acesso a serviços essenciais continuam obstruindo a vida das crianças.

Em 2021 quase 900 crianças na Síria perderam a vida ou ficaram feridas. Isso traz o número total de crianças mortas e feridas, desde o início da crise, para aproximadamente 13 mil. Minas terrestres, resíduos explosivos de guerra e munições não detonadas foram as principais causas dessas mortes de crianças em 2021, respondendo por quase um terço de todos os ferimentos e mortes registrados, deixando muitas crianças com deficiências permanentes.

“Este não pode ser apenas mais um marco sombrio, passando pela visão periférica do mundo enquanto as crianças e famílias na Síria continuam sofrendo”, disse a diretora executiva do UNICEF, Henrietta Fore (capa): “As necessidades humanitárias não podem esperar. A comunidade internacional deve fazer todos os esforços para levar paz à Síria e galvanizar o apoio para suas crianças”.

Mais de uma década de conflito teve um impacto impressionante sobre crianças e famílias na Síria:

  • No último ano, o preço da cesta básica aumentou mais de 230%;
  • Mais de meio milhão de crianças menores de 5 anos na Síria sofrem de atraso no crescimento como resultado de desnutrição crônica;
  • Quase 2,45 milhões de crianças na Síria e um adicional de 750 mil crianças sírias nos países vizinhos estão fora da escola; 40% delas são meninas;
  • De acordo com dados verificados, entre 2011 e 2020:
  • Quase 12 mil crianças foram mortas ou feridas;
  • Mais de 5.700 crianças – algumas com apenas 7 anos de idade – foram recrutadas para a luta;
  • Mais de 1.300 instituições educacionais e de saúde e seus funcionários foram atacados

A crise continua deixando as crianças sírias com cicatrizes psicológicas. No ano passado, um terço das crianças na Síria mostrou sinais de sofrimento psicológico, incluindo ansiedade, tristeza, fadiga ou problemas para dormir.

Embora o UNICEF não tenha números precisos sobre crianças com deficiência, é evidente que as crianças com deficiência carregam um fardo duplo quando se trata de violência, ameaças à sua saúde e segurança, fome, risco de abuso e perda de educação. A falta de mobilidade e a dificuldade em fugir do perigo agravam ainda mais os obstáculos que encontram. Para suas famílias – como é o caso da maioria das famílias –, oportunidades limitadas de emprego, preços em alta, níveis de pobreza sem precedentes, grave escassez de bens e serviços básicos dificultam a obtenção dos cuidados de que precisam para as crianças com deficiência.

“Como todas as crianças, as crianças com deficiência têm o direito de ser cuidadas e alimentadas. O UNICEF continua empenhado em apoiar essas crianças, sem estigma e onde quer que estejam no país”, disse Bo Viktor Nylund.

Em toda a Síria e nos países vizinhos que abrigam cerca de 5,8 milhões de crianças que precisam de assistência, o UNICEF e seus parceiros continuam trabalhando para proteger as crianças e ajudá-las a lidar com o impacto do conflito. Isso inclui melhorar o apoio psicossocial para ajudar crianças e cuidadores a que se recuperem de traumas, bem como fornecer apoio e serviços para salvar vidas de crianças com dificuldades físicas e psicológicas. (Leia a matéria completa no site da UNICEF).

Foto de capa: Amostra UNICEF, expõe a escala devastadora de mortes de crianças em zonas de conflito em 2018. A exibição assustadora apresenta 3.758 mochilas em fileiras que lembram um cemitério, cada uma representando uma perda sem sentido de uma vida jovem para o conflito. “As mochilas da UNICEF sempre foram um símbolo de esperança e possibilidade de infância. A amostra serve para lembrar os líderes mundiais do que está em jogo”, disse a diretora executiva do UNICEF, Henrietta Fore.






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