Magma é o único livro de poemas de João Guimarães Rosa, publicado postumamente, em 1996, pela Editora Nova Fronteira. Com este livro, valendo-se do pseudônimo “Viator”, Rosa ganhou, em 1936, um concurso literário criado pela Academia Brasileira de Letras. Embora premiada, o autor jamais teve interesse em publicá-la, posto que a tinha como uma obra menor.
No discurso de entrega do prêmio acima mencionado, Rosa ponderou:
“O poeta não cita: canta. Não se traça programas, porque a sua estrada não tem marcos nem destino. Se repete, são idéias e imagens que volvem à tona por poder próprio, pois que entre elas há também uma sobrevivência do mais apto . Não se aliena, como um lunático, das agitações coletivas e contemporâneas, porque arte e vida são planos não superpostos mas interpenetrados, com o ar entranhado nas massas de água, indispensável ao peixe—neste caso ao homem, que vive a vida e que respira arte. Mas tal contribuição para o meio humano será a de um órgão para um organismo: instintiva, sem a consciência de uma intenção, automática, discreta e subterrânea.”
Eis alguns dos poemas constantes no livro:
Encorajamento
Meu desejo corre em ti com velas enfunadas…
Podes dar-lhe um porto, sem nenhum receio:
ele não traz âncora…
– João Guimarães Rosa, em “Magma”.
Elegia
tão calados,
que eu nem sei
se fiquei mesmo só. Não trouxe mensagem
e nem deram senha…Disseram-se que não iria perder nada,
porque não há mais céu.
E agora, que tenho medo,
e estou cansado,
mandam-me embora…Mas não quero ir para mais longe,
desterrado,
porque a minha pátria é a minha memória.
Não, não quero ser desterrado,
que a minha pátria é a memória…