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Escher (‘relativamente louco’) e o seu universo impossível

Maurits C. Escher (1898-1972), artista gráfico, ilustrador e matemático holandês. Era um artista de enigmas. Arquitetura, repetição de padrões, jogos espelhados, simetrias, metamorfoses, combinações de formas côncavas e convexas, situações impossíveis, perspectivas infinitas e gravidade são algumas das ideias que compõem o repertório do artista.Escher ficou mundialmente famoso por representar construções impossíveis, preenchimento regular do plano, explorações do infinito e as metamorfoses – padrões geométricos entrecruzados que se transformam gradualmente para formas completamente diferentes. Sua capacidade de gerar imagens com impressionantes efeitos de ilusões de óptica, com notável qualidade técnica e estética, respeitando as regras geométricas do desenho e da perspectiva, é uma de suas principais contribuições para as artes.
Seu talento matemático e artístico, baseado em seus estudos gestálticos fenomenais, trouxe a investigação quase evolucionista, por assim dizer, do mundo… E por que não social? Com seus homens e mulheres, dentro de castelos, com olhares distantes? Com seus pássaros que viram peixes e vice-versa, seus cubos que viram pássaros no seu método de ladrilhamento e ilusão de ótica. O que é realidade? O que não é? O que é impossível ou não?

Matemático recria ‘Relatividade’ usando peças de lego

Com peças de lego, o matemático britânico Andrew Lipson, usou dezenas de peças para reproduzir fielmente a obra Relatividade. Ele não usou cola ou qualquer outro adesivo para fixar as peças, segundo a agência Barcroft Media.

Relatividade é uma gravura em preto e branco. Repare na gravura: perceba que existem três “mundos” distintos. Um que pode ser observado tomando como ponto de partida o sujeito mais abaixo, no centro da gravura, que sobe a escadaria. Fazem parte desse plano o sujeito ao lado da sacada, no parapeito, olhando para baixo, assim como o paredão mais à direita, em cujo topo encontra-se a sacada.

Relatividade

Agora, se você girar a ilustração da direita para a esquerda, no sentido anti-horário, vai observar outro plano: aquele em que está o cara que desce a escada e carrega a bandeja com garrafa, assim como os dois comensais acima, à mesa. Mais abaixo, à esquerda, também integra esse mundo o sujeito que lê, assim como o que sobe a escada pouco acima e mais atrás do leitor. Duas novas “viradas” no sentido anti-horário na gravura e você pode observar o terceiro plano, do qual fazem parte tanto o sujeito ao centro que vem do porão carregando um saco às costas quanto o que desce a escada a sua frente, mais no alto. Também faz parte desse mundo o que desce a escada carregando o balde.

Perspectivas

Em Escher a perspectiva pode iludir. O que para um é porta para outro é buraco no chão. Uma escada pode ser usada pelos seus dois “lados”. O chão de um é o teto do outro. Por isso é que no filme quando um “cai” acaba reaparecendo “por cima”, caindo novamente sobre quem há pouco estava acima. Muito doido, mas muito convincente e legal. Repare que ele não cria um mundo de sonhos, como o surrealista Salvador Dali. Escher mostra mundos “reais”, concretos. A atenção se volta para os sentidos, que podem ser ‘enganados’.

Ar e água

O extraordinário Escher não parou de inventar. Repare em suas obras “Dia e noite”, “Ar e água” e “Queda d´água”, reproduzidas nesta página. Em “Ar e água”, de 1938, se você correr os olhos do peixe, abaixo e no centro, para o entorno sombrio, vai reparar que a água escura torna-se o pássaro voando; e se olhar de cima, a partir do pássaro, vai notar que o ar em volta transforma-se nos peixes abaixo.Técnica semelhante foi empregada em “Dia e noite”, de 1939. Os pássaros pretos voam da direita (da noite escura) para a esquerda (o dia claro). Os pretos voam sobre o rio claro e os brancos sobre o rio escuro. Note como do chão brotam os contornos que formam os dois grupos de pássaros.

Mais água

Em 1961 ele criou a gravura “Queda d´água”. Olhe a água a cair. Repare como ela cai sobre a roda e  corre para a direita, para o mesmo plano de onde voltará a cair. O que está embaixo aparece ao mesmo tempo no mesmo plano do que parecia acima.

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