A neurociência diz que o sistema neurológico de uma criança está programado geneticamente para se “conectar” com os outros e que isso é uma coisa mágica e intensa. Mesmo as atividades mais rotineiras, como alimentá-los, dar banho ou vesti-los, se transformam em informações cerebrais que configuram de um jeito ou de outro a resposta emocional que essa criança terá no futuro.
O desenho dos nossos cérebros, por assim dizer, nos faz sentir implacavelmente atraídos por outros cérebros, pelas interações de todos aqueles que estão ao nosso redor. Portanto, uma criança que é tratada com respeito e que desde cedo se acostumou a ouvir a palavra “obrigado” rapidamente entenderá que está diante de um estímulo positivo poderoso e que, sem dúvida, irá desvendando pouco a pouco.
É muito provável que uma criança de 3 anos a quem seu pai e sua mãe ensinaram a dizer obrigado, por favor ou bom dia, não compreenda muito bem ainda o valor da reciprocidade e do respeito que essas palavras impregnam. Mas tudo isso cria uma base apropriada e maravilhosa para que depois as raízes cresçam fortes e profundas.
No fim das contas, a idade mágica compreendida entre os 2 e 7 anos é a que Piaget denominava como “estádio de inteligência intuitiva”. É aqui onde os pequenos, apesar de estarem sujeitos ao mundo dos adultos, irão despertando progressivamente o sentido do respeito, intuindo esse universo que vai mais além das próprias necessidades para descobrir a empatia, o sentido de justiça e, obviamente, a reciprocidade.
Quando uma criança descobre finalmente o que acontece nos seus contextos mais próximos quando pede coisas com um ‘por favor‘ e as conclui com um ‘obrigado’, nada mais será igual. Até o momento, ela o realizava como uma norma social preestabelecida pelos adultos, uma coisa que lhe trazia incentivos positivos pelo seu bom comportamento.
Contudo, cedo ou tarde ela experimentará o autêntico efeito de tratar com respeito a um par, e como essa ação se reverte, por sua vez, nela mesma. É uma coisa excepcional, uma conduta que a acompanhará para sempre, porque tratar com respeito aos outros é, além disso, respeitar a si mesmo, é agir de acordo com certos valores e um sentido de convivência baseado em um pilar social e emocional de peso: a reciprocidade.
Será por volta dos 7 anos de idade que nossos filhos descobrirão plenamente todos estes valores que perfazem a sua inteligência social. É nesse instante que começam a dar mais importância à amizade, a saber o que implica essa responsabilidade afetiva, a entender e desfrutar da colaboração, atendendo necessidades alheias e interesses diferentes dos próprios.
É, sem dúvida, uma idade maravilhosa onde todo adulto precisa ter em mente um aspecto fundamental: precisamos continuar sendo o melhor exemplo para nossos filhos. Agora, a pergunta mágica é a seguinte… De que forma vamos envolvendo nossos filhos desde cedo nessas normas de convivência, de respeito e de cortesia?
Sugerimos algumas simples estratégias para que você tenha em mente, algumas orientações básicas para apontar às crianças em cada situação:
Estas são regras simples que, sem sombra de dúvida, serão de grande ajuda no dia a dia de qualquer família.
Foto de capa: Homenagem à escritora Elizabeth Verdick, autora de “Tempo de Boas Maneiras” e de outra dezena de livros de não ficção que ajudam crianças a enfrentarem os desafios do crescimento. Uma de suas máximas mais divulgadas é “Palavras não foram feitas para machucar, mas para gentilezas”. Se você estiver procurando livros em português que podem lhe ajudar a ensinar sobre boas maneiras às crianças, acesse aqui
Texto de Valeria Sabater, graduada em Psicologia pela Universidade de Valência. Possui ampla formação e experiência em áreas como bem-estar psicológico, transtornos emocionais, inteligência emocional e psicologia social.
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