Em qual das duas imagens o nosso querido padre Fábio de Melo parece que está em depressão? Se você respondeu: “nas duas”, você acertou e é provável que ao abrir este artigo, você já tenha percebido que o assunto é Depressão Sorridente. Vamos falar sobre isso? É importante.
A reflexão de padre Fábio de Melo, em sua conta no Instagram, nos inspirou a produzir este texto exatamente porque ele, sendo um homem dedicado ao sacerdócio cristão, com sua doçura e sorriso benevolente, não demonstrou as dores psíquicas que estava enfrentando, mas ele teve coragem de compartilhar a sua experiência com a depressão e a Síndrome do Pânico:
“Há um ano eu enfrentei crise de pânico e quadro depressivo. Foi o pior momento da minha vida. […] Aprendi muito com o que vivi. Tristeza não é doença, mas, quando se estende no tempo, pode ser. É preciso estar atento à duração dela em nós. Há muita ignorância no trato com pessoas depressivas. É comum escutar que é frescura, exagero, falta do que fazer. Quando de fato se trata de um quadro depressivo, não, não é. Só quem sofre sabe!”.
A “depressão sorridente” se refere a alguém que parecer feliz para os outros enquanto sofre internamente de sintomas depressivos. Embora o termo Depressão Sorridente não seja usado por psicólogos, mas todos eles afirmam que é possível ficar deprimido e conseguir mascarar os sintomas. O termo técnico mais próximo para essa condição é “Depressão Atípica”.
Na verdade, uma proporção significativa de pessoas que vivenciam o mau humor e a perda de prazer nas atividades conseguem camuflar seu sofrimento psíquico dessa maneira. Isso é bastante preocupante, pois essas pessoas podem ser particularmente vulneráveis ao suicídio. Porque se elas não dão sinais de que estão em sofrimento psíquico, nem a si mesmas e nem à pessoa alguma, no instante do ato extremo se sentirão mais encorajadas a não desistirem, pelo simples fato não terem refletivo e/ou conversado sobre o pensamento suicida.
Pode ser muito difícil identificar pessoas que sofrem de depressão sorridente. Elas podem parecer que não têm um motivo para estarem tristes – elas podem ter um emprego, um apartamento, ou talvez, filhos, um parceiro, boa saúde física, podem não ter passado por traumas ou lutos… Ou podem ter passado por grandes sofrimentos, mas não lidaram bem isso, ou simplesmente acreditam que já tenham superado tudo. Então elas sorriem quando você cumprimenta e podem ter conversas agradáveis. Em suma, elas colocam uma máscara (consciente ou inconscientemente) para o mundo, como se suas vidas fossem aparentemente normais, positivas e bem sucedidas.
Cerca de 1 em cada 10 pessoas está deprimida. De 15% a 40% dessas pessoas sofrem da forma atípica, chamada aqui de depressão sorridente. Essa depressão geralmente começa cedo na vida e pode durar muito tempo.
Se você sofre de depressão sorridente, é muito importante buscar ajuda. Infelizmente, porém, as pessoas que sofrem dessa condição, no geral, não o fazem. Porque elas podem pensar que não têm um problema de saúde mental, pois estão realizando suas tarefas e rotinas diárias como sempre, mas estão erradas, porque mesmo que decidam enfrentar as durezas da vida sorrindo, há de se considerar severamente as transformações neuropsicobiológicas que cérebro passa por toda a nossa vida, conduzindo-nos a experienciar as angustias psicossociemocionais de forma mais intensa dos 12 aos 27 anos e depois entre 45 e 70 anos.
As pessoas com depressão sorridente, também podem se sentir culpadas e pensarem que elas não têm ficar tristes, uma vez que há pessoas com sofrimentos terríveis na Terra. Assim, elas não contam a ninguém sobre seus problemas e acabam se sentindo até mesmo vergonha de seus sentimentos.
Um ponto de partida é saber que essa condição realmente existe e que é grave. Somente quando paramos de racionalizar nossos problemas porque pensamos que não são sérios o suficiente, podemos começar a fazer uma diferença real. Para alguns, esse insight pode ser suficiente para mudar as coisas, porque os coloca no caminho para buscar ajuda e se libertar dos grilhões da depressão que os têm impedido.
A meditação e a atividade física também demonstraram grandes benefícios para a saúde mental. Na verdade, um estudo feito pela Rutgers University nos Estados Unidos mostrou que pessoas que fizeram meditação e atividade física duas vezes por semana tiveram uma queda de quase 40% em seus níveis de depressão apenas oito semanas após o início do estudo. A terapia cognitivo-comportamental, aprendendo a mudar seus padrões de pensamento e comportamento, é outra opção para aqueles afetados por esta condição.
E encontrar sentido na vida é de extrema importância. O neurologista austríaco Viktor Frankl escreveu que a pedra angular de uma boa saúde mental é ter um propósito na vida . Ele disse que não devemos ter como objetivo estar em um “estado sem tensão”, livre de responsabilidades e desafios, mas sim devemos lutar por algo na vida. Podemos encontrar um propósito tirando a atenção de nós mesmos e colocando-a em outra coisa. Portanto, encontre uma meta que valha a pena e tente fazer progressos regulares nela, mesmo que seja por uma pequena quantia a cada dia, porque isso pode realmente ter um impacto positivo.
Também podemos encontrar um propósito cuidando de outra pessoa. Quando tiramos os holofotes de nós e começamos a pensar nas necessidades e desejos de outra pessoa, começamos a sentir que nossas vidas são importantes. Isso pode ser conseguido como voluntário, cuidando de um membro da família ou até mesmo de um animal.
Sentir que nossas vidas são importantes é, em última análise, o que nos dá propósito e significado – e isso pode fazer uma diferença significativa para nossa saúde mental e bem-estar.
Da redação de Portal Raízes. Tradução e livre adaptação do artigo:‘Smiling Depression’: It is possible to be depressed while looking happy – that’s why this is particularly dangerous. As informações contidas neste artigo são apenas para fins reflexivos. Se você gostou, curta, compartilhe com os amigos, e não se esqueça de comentar. Siga o Portal Raízes também no Facebook, Youtube e Instagram.
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