Muito se diz, ultimamente, sobre a necessidade de nos colocarmos no lugar do outro, exercitando a empatia, para que possamos nos conscientizar de que cada um de nós sente o mundo à sua própria maneira, pois as pessoas vieram de lugares diferentes e passaram por onde nunca estivemos. Da mesma forma, há necessidade de que tentemos entender a forma como os outros nos veem, visualizando o que e qual parte de nós eles enxergam e estão obtendo no dia-a-dia.
Será que as pessoas recebem de nós o melhor que podemos oferecer? Ouvimos o nosso parceiro quando ele fala conosco? Percebemos as súplicas nos olhares de nossos filhos? Somos gentis em nosso trabalho, em casa, com familiares e amigos? Quais as respostas que obtêm quando procuram por nós? As pessoas passam por nós ou ficam conosco?
Costumamos achar que somos incompreendidos, que as pessoas não nos entendem, que vivemos sendo mal interpretados. Não conseguimos compreender o porquê de certas cobranças do marido, da esposa, dos amigos, dos companheiros de trabalho, uma vez que sempre estamos seguros de que fazemos o nosso melhor e agimos como deveríamos.
No entanto, caso estejamos dispostos a encarar o nosso comportamento e nossas atitudes de frente, como espectadores de nossas próprias vidas, enxergando-nos do lado de fora, muito provavelmente ficaremos surpresos. Conseguiremos, assim, ver o quanto deixamos de dar as mãos ao amor de nossas vidas, o quanto não nos dispomos a compreender o vazio nos olhos do amigo que nos procura em vão, o quanto ignoramos o amargor das palavras lançadas ao filho, ao colega de trabalho, a quem quer que seja, nos momentos de raiva, percebendo o tanto de vazio que muitas vezes retornamos a quem caminha ao nosso lado.
Não adianta querer fugir ao espelho da vida, pois ele estará sempre ali à nossa frente, lembrando-nos de que a colheita é inevitável e pode doer – e como dói, na maioria das vezes. Teimar em não mudar, em não abrir mão de nada, em não refletir frente aos passos intranquilos de nosso caminhar poderá até ser mais cômodo, mas acabará nos afastando mais e mais das pessoas que nos ajudam a encontrar o caminho da felicidade e da realização pessoal.
Ninguém está a salvo de se enganar em relação a si próprio, ou seja, é preciso que adotemos uma postura mais analítica a respeito do que estamos fazendo de nossas vidas e do que retornamos a quem nos procura com amor, afeto sincero e admiração. Trata-se de um exercício constante e que requer persistência e vontade de mudar. Porque mais fácil do que assumir os próprios erros sempre será delegar ao outro a responsabilidade pelo que nos acontece; porém, essa então será uma das maiores covardias que carregaremos pela vida afora.
Texto do professor Marcel Camargo.
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