De acordo com OMS (Organização Mundial de Saúde), até 2020 a depressão será a principal doença mais incapacitante em todo o mundo. Isso significa que a saúde mental não está entre as prioridades dos governos. Uma pessoa sem qualidade na saúde mental deixa de produzir e tem a sua vida pessoal bastante prejudicada. Já passou da hora de compreendermos que a nossa saúde mental deve ser tratada como prioridade desde a infância.
A sociedade, bem como as famílias, não são preparadas e amparadas para acolher o portador de sofrimento psíquico. Isto faz com que exista uma lacuna entre o cuidado que se tem e o cuidado que se almeja ter em saúde mental. Entretanto, muitos são os esforços de profissionais da saúde na busca por atenção à saúde mental que acabe com os estigmas de exclusão e o preconceito, arraigados à cultura psicossocial que prevalecem até os dias de hoje. Uma vez que a literatura atual sobre o tema coloca a família tanto como a grande causadora do adoecimento psíquico quanto como potente meio de cuidado e melhora. Entretanto o maior problema está neste sistema que, em detrimento de políticas públicas que possam garantir saúde pública física e mental de qualidade, somente fomenta a concentração de riquezas à uma pequena parcela da população.
“A falta de investimento em saúde mental como uma questão de urgência terá custos de saúde, sociais e econômicos em uma escala que raramente vimos antes. Um compromisso de alto nível em saúde mental é necessário, não apenas no setor da saúde pública, mas também no âmbito da educação, trabalho, bem-estar social e departamentos judiciais. Sabemos o que funciona. Agora é a hora de agir”, disse Shekhar Saxena, diretor do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS.
Atualmente, mais de 120 milhões de pessoas sofrem com a depressão no mundo – estima-se que no Brasil, são 11 milhões, 6% da população foram diagnosticados com depressão. E cerca de 850 mil pessoas morrem, por ano, em decorrência da doença.
De acordo com uma recente revisão de 31 artigos científicos sobre suicídio, mais de 90% das pessoas que se mataram tinham algum transtorno mental como depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar e dependência de álcool ou outras drogas. No Brasil, porém, persiste a falta de políticas públicas para prevenção do suicídio, com o agravo do congelamento dos gastos com saúde e do aumento populacional.
Envenenamento, enforcamento e armas de fogo estão entre os métodos mais comuns de suicídio global. Evidências da Austrália, Canadá, Japão, Nova Zelândia, Estados Unidos e vários países europeus revela que limitar o acesso a estes meios podem ajudar a evitar o suicídio. Outra chave para a redução de mortes por suicídio é um compromisso dos governos nacionais para a criação e implementação de um plano de ação coordenado. Atualmente, apenas 28 países são conhecidos por ter estratégias nacionais de prevenção do suicídio.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o suicídio é a segunda causa de mortes entre jovens entre 15 e 29 e já é considerado uma epidemia. Entre os anos de 2003 e 2013, o país registrou aumento de 10% nos casos de suicídio entre crianças de 9 e 12 anos. Ao longo das décadas de 1980 até 2018, o acumulado é ainda mais expressivo, chegando a 62,5% de suicídios. As meninas são as que mais tentam. Os meninos são os que mais conseguem. Por isso o índice de suicídio é maior entre os homens.
Psiquiatra da infância e da adolescência e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Carlos Estelita estuda a interface entre o suicídio e outros fenômenos violentos – desde famílias que vivem em comunidades urbanas tomadas por tiroteios e vivem o estresse diário dos confrontos até jovens indígenas que se sentem rejeitados tanto por suas tribos como por grupos brancos.
O bullying no ambiente escolar é citado por ele como um dos principais elementos associados ao suicídio. “Pessoas que seguem qualquer padrão considerado pela maioria da sociedade como desviante, seja o tênis diferente, a cor da pele, o peso, o cabelo ou a orientação de gênero, são hostilizadas continuamente e entram em sofrimento psíquico”, afirma Estelita, professor do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, ligado à Fiocruz.
“Temos de alertar também para a transformação do modelo tradicional de família e para o fato de que a escola nem sempre consegue incluir esse jovem. É o que faz com que mais de 50% dos adolescentes trans tentam o suicídio”.
Criador do Mapa da Violência, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz destaca que o suicídio também cresce no conjunto da população brasileira. A taxa aumentou 60% desde 1980. O Brasil registrou 11.433 mortes por suicídio em 2017 – em média, um caso a cada 46 minutos. Nos últimos 5 anos, 48.204 pessoas tentaram suicídio, segundo registros de entradas em hospitais, mas isto é um ‘subdiagnóstico’, estima-se que esse número é muito maior. Dados oferecidos pela diretora da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Fátima Marinho. Em números absolutos, porém, o Brasil de dimensões continentais ganha visibilidade nos relatórios: é o oitavo país com maior número de suicídios no mundo, segundo ranking divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2014. (Fonte – BBC).
No Brasil, cerca de 11 milhões de pessoas foram diagnósticas com depressão, quase 6% da população. É o número 1 com maior prevalência da doença na América Latina, o 2 nas Américas, ficando atrás apenas dos estados unidos. A saúde mental precisa urgentemente ser reconhecida como umas das prioridades nas políticas públicas. Em muitos países, programas de prevenção do suicídio passaram a fazer parte das políticas de saúde pública. Na Inglaterra, o número de mortes por suicídio está caindo em consequência um amplo programa de tratamento de depressão. Reduzir o suicídio é um desafio coletivo que precisa ser colocado em debate. A indiferença, a omissão, o silêncio, não podem ser nossas respostas. Fazer nada é a pior decisão que podemos tomar sobre qualquer assunto.
A saúde mental é uma das condições prioritárias cobertas pelo Mental Health Gap Action Programme (mhGAP) da Organização Mundial da Saúde (OMS). O programa visa ajudar os países a aumentar os serviços prestados às pessoas com transtornos mentais, neurológicos e de uso de substâncias, por meio de cuidados providos por profissionais de saúde que não são especialistas em saúde mental. A iniciativa defende que, com cuidados adequados, assistência psicossocial e medicação, dezenas de milhões de pessoas com transtornos mentais, incluindo depressão, poderiam começar a levar uma vida normal – mesmo quando os recursos são escassos. Pesquisas recentre mostram que países que priorizam a saúde mental têm diminuído significativamente os índices de depressão e suicídio.
Ainda sobre este assunto:
(Excerto de “Jovem, não morra na Golden Gate”, artigo (prelo) de pesquisas teóricas e de campo, da romancista e psicopedagoga Clara Dawn, que tem se dedicado ao assunto desde 2014). Todas as informações deste artigo foram conferidas pelo Portal Raízes. Dentre as várias fontes pesquisadas, estão: World Health Organization Relatório Mundial de Saúde – Saúde Mental, nova concepção, nova esperança Organização Pan-Americana de Saúde
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